Ao lado de outros candidatos das áreas meio da SAP, servidores aguardam por nomeação em meio a riscos da privatização do sistema e falta de transparência por parte do governo estadual. Homologação completa um ano neste sábado (6)
por Giovanni Giocondo
Completa-se neste sábado(06), um ano da homologação do concurso da Secretaria de Administração Penitenciária(SAP) de 2018 para a contratação de oficiais administrativos, psicólogos, assistentes sociais, auxiliares de enfermagem e outros funcionários da chamada “área meio” das unidades prisionais paulistas.
Para os aprovados que aguardam pela nomeação, angústia, ansiedade e desespero são apenas alguns dos sentimentos gerados a partir do momento em que houve mudança no comando do governo do Estado e da própria SAP, no início de 2019, e não foi emitido absolutamente nenhum sinal de que as chamadas seriam feitas.
Em contato com o SIFUSPESP, dois desses candidatos, que não terão seus nomes revelados por temor de represálias, pediram ao sindicato que intercedesse com a produção de um conteúdo que pudesse destacar esse hiato desde a homologação e, em consequência disso, chamasse a atenção do governo para suas demandas.
Ambos foram aprovados para o cargo de oficial administrativo, que executa tarefas importantíssimas dentro das unidades prisionais no que se refere à elaboração de documentos e outros serviços institucionais essenciais ao bom funcionamento do sistema.
Assim é também com os demais profissionais das áreas de saúde e assistência social. Cada um exerce uma função insubstituível. Juntos, fazem com que a máquina seja harmônica e sinônimo de segurança para funcionários, atendimento digno aos presos e familiares e cumprimento da lei de execuções penais.
Déficit de funcionários por si só já justifica contratações
De acordo com dados da própria SAP divulgados em abril deste ano, o déficit de servidores nas carreiras das áreas meio era de 1.648 vagas. Na opinião de um dos aprovados, “é notório, pelas informações oficiais, que faltam funcionários suficientes para atender de maneira eficiente todas as exigências do trabalho diário, e está claro que faltam servidores, mesmo antes das novas inaugurações de unidades. E enquanto nós não somos nomeados, os agentes são desviados de função e deixam a unidade insegura”, afirma.
Outro dos candidatos do concurso, que já foi agente de escolta e vigilância penitenciária(AEVP) durante 12 anos e pediu exoneração para assumir outro trabalho melhor remunerado, passou em uma das primeiras posições do concurso para oficial administrativo no ano passado.
Ele está desempregado atualmente, depois de ter de se afastar do trabalho anterior por questões de segurança, quando enquanto funcionário não compactuou com um esquema de corrupção dentro de uma prefeitura de um município do interior do Estado de São Paulo, que terminou inclusive com a prisão do prefeito.
“Estudei muito para passar e quando saiu o resultado, achei que era o fim de um drama. Mas o que se viu poucos dias após a homologação foi revoltante e frustrante. Nenhuma informação, total falta de transparência e pior, as declarações do governo de que vai privatizar o sistema só fazem diminuir as esperanças”, afirma.
Privatização pode colocar em xeque as nomeações
Os riscos de privatização das unidades prisionais paulistas reforçam o discurso dos candidatos. O modelo de cogestão pretendido pelo governador João Doria(PSDB) no edital que foi discutido em audiência pública no início de maio, prevê que todos os serviços atualmente executados pelas áreas meio e também a custódia e a segurança das unidades seriam terceirizados, permanecendo com a SAP somente o trabalho dos AEVPs.
Desde o início de 2019, o SIFUSPESP tem denunciado o projeto de privatização do sistema prisional como um ataque não somente aos atuais trabalhadores penitenciários, mas a todos aqueles que, tal como os responsáveis por esses relatos, esperam ansiosamente pelas nomeações sem ter um horizonte de quando elas vão acontecer. Com menos funcionários, o prejuízo é para todos que já trabalham.
Nesse sentido, além de ter incluído como reivindicação em sua campanha salarial de 2019 a chamada de todos os aprovados nos concursos tanto das áreas meio quanto para ASPs e AEVPs - estes no aguardo desde 2014 - o SIFUSPESP também tem participado de ações e movimentos organizados por grupos de aprovados nesses concursos, bem como exigido um cronograma oficial de nomeações por parte da SAP e da secretaria de Governo.
O desabafo de cada um dos que esperam pelas chamadas, trazido nesta reportagem, representa o sentimento de muitos dos que gostariam de ter suas vozes ouvidas.
“O que nos causa profundo transtorno é a incerteza de que seremos chamados, o aborrecimento com atitudes do governo e a tristeza de ter que esperar que aflige o coração de todos. A espera é angustiante, o Estado não traz nenhuma notícia positiva, não é transparente em relação aos concursos e isso é desanimador. Queremos o nosso direito que está previsto em lei. Todos necessitamos dessa nomeação. Há pais de família, há desempregados, pessoas infelizes em seu atual emprego que precisam ser chamados. Seguimos com fé e na luta em prol dos nossos direitos. Nomeações já!”, anseia um deles.
Para o outro candidato, o auxílio do SIFUSPESP na luta é muito valoroso e assim também deve ser a disposição de união entre os aprovados. ”A gente conta com vocês desde já para nos auxiliar! Sou pai de família honesto e não desisto dos meus valores! Me coloco à disposição do sindicato para poder ajudar!”, finalizou.
O SIFUSPESP se mantém aberto a receber as queixas dos candidatos aprovados nos concursos da SAP, repercutir e divulgar esses relatos, e continuará com sua batalha - na Assembleia Legislativa, no Palácio dos Bandeirantes, na SAP, nas ruas e dentro das unidade prisionais, ao lado de sua base, para pressionar o governo João Doria, impedir a privatização do sistema e garantir as nomeações.
A luta é de todos e ao lado de todos os sindicato está e estará para fazer do sistema prisional um espaço mais humano, seguro e bem estruturado.
Diretoria e imprensa permanecem de plantão mesmo durante feriado
O SIFUSPESP fará, a partir da próxima segunda-feira(08), um recesso de trabalho em consequência do feriado em que é comemorada em todo o Estado de São Paulo a Revolução Constitucionalista de 1932, no dia 9 de julho.
Com isso, as sedes regionais, da capital e os pontos de apoio ficarão sem expediente durante uma semana, com retorno confirmado para o dia 15, segunda-feira da semana seguinte, em horário de atendimento normal.
Ao longo desse período, a presidência, os coordenadores regionais e diretores por departamento e também os de base, além da assessoria de imprensa, estarão de plantão para receber denúncias, pedidos de ajuda ou orientação por parte dos associados.
Caso precise de informações ou auxílio para qualquer demanda urgente, entre em contato pelo nosso whatsapp: (11) 99339-4320, pelo e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou mande uma mensagem privada via messenger em nossa página no facebook: www.facebook.com/sifuspespsindicato
Categoria agora terá de lutar no plenário da Câmara pela inclusão de regras próprias que permitem integralidade e paridade. Relatório final também exclui Estados e municípios da Reforma da Previdência
por Giovanni Giocondo
A Comissão Especial instalada na Câmara Federal para analisar a Proposta de Emenda Constitucional(PEC) 06/2019, que institui a Reforma da Previdência, não aprovou nesta quinta-feira(04), o destaque que garantiria a todos os trabalhadores penitenciários brasileiros e demais forças de segurança pública a aposentadoria com paridade e integralidade salariais.
O destaque que beneficiava a categoria havia sido elaborado pelo deputado Hugo Leal(PSD-RJ) e também determinava que houvesse um “pedágio” na transição do regime previdenciário anterior para o novo com índice de 17%, nos mesmos moldes dos integrantes das Forças Armadas, além de idade mínima de 52 anos para mulheres e 55 para homens.
O documento, no entanto, foi rejeitado por 30 votos, ante 19 favoráveis. A maior parte dos contrários ao destaque faz parte do PSL(base do governo), do partido Novo e de siglas do chamado “centrão”, como o DEM, o MDB e o PSDB, enquanto a oposição votou a favor dos trabalhadores penitenciários.
Elaborado pelo deputado Samuel Moreira(PSDB), o relatório final foi aprovado por 36 votos a favor e 13 contra, e agora segue para análise do plenário, onde os agentes terão nova oportunidade de incluir a sua demanda - mas agora, necessitando da aprovação de ⅗ dos parlamentares para estar no texto final.
Caso a proposta permaneça desta maneira, fica estabelecido portanto que haverá uma idade mínima de 55 anos para a aposentadoria dos trabalhadores penitenciários, tanto homens quanto mulheres, além de elevar o tempo mínimo de contribuição obrigatória de 25 para 30 anos - sendo 20 de efetiva atividade policial.
O documento ratificado ontem pela Comissão Especial também excluiu Estados e municípios das regras da Reforma da Previdência, o que obrigaria cada ente federativo a elaborar sua própria proposta ou então manter as regras de aposentadoria como se encontram caso este trecho não seja incluído novamente em plenário.
Porém, caso isso aconteça, o temor dos sindicatos é que cada governo estadual promova reformas ainda mais duras internamente, aumentando, além do tempo de contribuição, a alíquota paga por cada trabalhador para sustentar o regime próprio de aposentadorias, o que já vem acontecendo com outras categorias, como os professores por exemplo.
Por outro lado, a luta da Federação Nacional Sindical dos Servidores Penitenciários(FENASPEN) é para que seja reincluída a aposentadoria especial dos agentes e demais membros das forças de segurança pública, entre eles policiais militares, civis e federais, por respeito às particularidades e riscos que envolvem essas profissões, o que notadamente enseja um tratamento diferenciado no que tange à aposentadoria.
Nesse sentido, os sindicalistas continuarão vigilantes em Brasília até que seja colocado em votação em plenário o texto-base da reforma, seguindo o pleito em prol da paridade e integralidade das aposentadorias dos trabalhadores penitenciários. Ainda não há data prevista para que seja analisada a proposta por todos os parlamentares.
Confira a seguir os nomes dos deputados que votaram contra o destaque que contempla os trabalhadores penitenciários:
PSL(5): Alexandre Frota, Daniel Freitas, Felipe Barros, Heitor Freire e Joyce Hasselman
DEM(3): Arthur Maia, Bilac Pinto e Pedro Paulo
MDB(3): Celso Mardaner, Tarcício Perondi e Flaviano Melo
PL(3): Fernando Rodolfo,Giovani Chierini e Marcelo Ramos
PP(3): Evair Vieira de Melo, Guilherme Mello, Ronaldo Carletto
PRB(3): Capitão Alberto Neto, Lafayette de Andrada e Silvio Costa Filho
PSD(3): Darci de Matos, Delegado Éder Mauro e Stephanes Junior
PSDB(3): Beto Pereira, Daniel Trzeciak e Samuel Moreira
NOVO(2): Paulo Ganime e Vinicius Poit
Também votaram contra Greyce Elias(AVANTE); Alex Manente(Cidadania); Doutor Frederico(PATRIOTA); Diego Garcia(PODEMOS); Tonninho Wandscheer(PROS); Paulo Marins(PSC); Marcelo Moraes(PTB) e Lucas Vergílio(Solidariedade).
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