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Novos servidores assumem no próximo sábado (3) em plano de ação para contornar crise gerada por dezenas de mortes em Altamira. Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária já desembarcou no Estado

 

por Giovanni Giocondo

O governo do Pará decidiu antecipar em uma semana a posse dos agentes penitenciários aprovados em concurso público para atuar no sistema prisional do Estado. Os novos trabalhadores penitenciários assumem a função no próximo sábado (3). No total, 485 agentes começarão a trabalhar nas unidades prisionais paraenses, que não possuem funcionários efetivos.

A ausência de servidores estáveis é uma das razões apontadas pela FENASPEN para o aumento da insegurança nas penitenciárias e, consequentemente, da reprodução de confrontos violentos entre os sentenciados, a exemplo do ocorrido na última segunda-feira (29), quando 57 presos foram mortos por outros detentos no Centro de Recuperação Regional de Altamira.

Outros quatro detentos identificados como autores da chacina morreram durante a transferência para outras unidades nesta terça-feira (30).

As nomeações são parte da estratégia da Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe) e da gestão Helder Barbalho (MDB) para contornar a crise que assola o Estado após o massacre.

O governador também solicitou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública o envio de homens da Força-Tarefa e Intervenção Penitenciária (FTIP), do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) para atuar no Estado em caráter emergencial. Ao menos dez membros do grupo já desembarcaram no Pará na terça-feira.

A FTIP, que tem entre seus integrantes membros do Grupo de Intervenção Rápida (GIR) da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) de São Paulo, já atuou em casos semelhantes de retomada do controle de unidades rebeladas e alvo de massacres no Amazonas e em Roraima, entre outros Estados.




Disputa e sobreposição para controle do narcotráfico aumentam a violência na região de Altamira, agravada desde o início das obras de Belo Monte

 

Por: Redação - SIFUSPESP

Reportagem publicada no Uol nesta quarta-feira (31) trata do “nó de facções locais e nacionais” no Centro de Recuperação Regional de Altamira, onde um massacre causado pela disputa das organizações criminosas resultou no assassinato de 58 detentos no dia 29 de julho, dos quais 16 decapitados. 

Além destes, como divulga outra matéria, da Folha de S.Paulo, mais quatro presos foram mortos entre a noite de ontem (30) e a madrugada desta quarta, assassinados enquanto eram transferidos para Marabá, a 600 km de Altamira. 

Eles faziam parte de um grupo de 30 de detentos em transferência, e até o momento as circunstâncias dos assassinatos não foram esclarecidas pelo governo do Pará. Os presos estavam algemados e viajavam em quatro celas separadas. 

Segundo autoridades e especialistas que estudam a criminalidade no Estado, o massacre da última segunda-feira ocorreu devido à tentativa do Comando Classe A (CCA) de frear o avanço do Comando Vermelho (CV) sobre o narcotráfico da região.  As duas organizações ainda disputam o controle do tráfico e se sobrepõem em outras atividades criminosas com o Primeiro Comando da Capital (PCC) de São Paulo e a Família do Norte (FDN). 

De um lado, existe uma preocupação do CCA com a influência do CV no Pará, enquanto a FDN controla o narcotráfico na Amazônia e o PCC tenta transportar pela região as drogas que vêm do Centro-Oeste. 

O crescimento desordenado de Altamira e o impacto da construção da usina de Belo Monte também compõem o cenário de atuação das facções criminosas e colocou o município no ranking dos mais perigosos do país: e a taxa de  homicídios chega a 91,9 a cada 100 mil habitantes segundo o Mapa da Violência 2018, e numa cidade onde a população é de 109.938 pessoas. 

> FENASPEN reforça que ausência de agentes efetivos reduz segurança em presídio alvo de massacre no Pará

"A FDN nem é aliada, nem é inimiga do CCA. E para o CCA também não é interessante estabelecer uma aliança com PCC, porque ele está muito distante", explica o professor e pesquisador da Universidade do Pará, Aiala Colares. Ele afirma que, antes de Belo Monte, havia gangues atuando de modo dividido em Altamira, mas agora há um comando que articula as ações. 

O fato da cidade estar na rota do tráfico, com a utilização de rios e da Transamazônica, permitiram que o CCA organizasse tanto o mercado quando o transporte das drogas para além do município, completa Colares. 

De acordo com Assis Oliveira, professor de Direitos Humanos do campus Altamira da Universidade Federal do Pará, houve uma “desestabilização de territórios” a partir de 2013 e uma disputa pela nova configuração da atuação das facções. A mudança que ocorreu ao mesmo tempo que a chegada da FDN e levou a união de grupo locais e regionais, tornando o domínio mais forte e, consequentemente, aumentado a violência. A atuação de milícias, unidas ou não às facções, é outra questão que agrava o problema e tem provocado execuções sumárias de forma sistemática no município. 

Em Altamira, até o ano 2000, a taxa era de 9,1 homicídios por 100 mil habitantes. Uma década depois saltou para 60,9 e em 2013, ano de início das obras de Belo Monte, chegou a 99,9 mortes. 

Arte: Reprodução/Uol

Revista feita por agentes de segurança penitenciária(ASPs) impediu que duas mulheres entrassem com ácido lisérgico(LSD) e a droga sintética conhecida como K4 nas dependências da Penitenciária III de Lavínia, no último sábado(27).

Ao verificar os pertences do jumbo trazido pelas familiares dos presos, foram identificados com uma delas mais de 100 selos de LSD dentro de embalagens de cotonetes,  e com a outra quatro partes do K4 disfarçadas dentro de absorventes femininos. Ambos os entorpecentes foram apreendidos.

As duas mulheres foram suspensas do rol de visitas e a direção da unidade adotou os demais procedimentos administrativos de praxe.





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