Milhares de presos perigosos saíram em liberdade temporária sem monitoramento eletrônico.
Ofício protocolado pelo SIFUSPESP e divulgado para a imprensa foi a base da matéria do programa Brasil Urgente nesta quarta-feira , dia 13/09.
No ofício o SIFUSPESP questiona se é verídica a informação de que nenhum detento seria monitorado na saída temporária de 12/09.um email assinado pelo Diretor do Centro de Segurança do Departamento de Inteligência e Segurança Penitenciária da SAP, Sr. Luiz Gonzaga de Oliveira Junior informando :” Por determinação do Sr Secretário informo aos senhores que, na saída temporária do dia 12 de setembro, os reeducandos não deverão ser monitorados por tornozeleiras eletrônicas.”.
Na reportagem o Jornalismo da Band mostra Segundo a reportagem esse email foi enviado a todos os diretores de unidades prisionais do estado de São Paulo.
Número de monitorados caiu
Se formos comparar com o início do monitoramento eletrônico, em 2010 na saída temporária de natal, que inaugurou o monitoramento, foram monitorados 4635 presos.
Hoje o atual contrato com a SAP prevê o monitoramento de até 1700 da saída temporária, houve portanto uma redução importante nestes 13 anos de implantação da medida.
Além dos 1700 em saída provisória o contrato prevê:
5600 em trabalho externo segunda a sexta
1000 em trabalho externo aos sábados
E um total de 8000 monitorados simultaneamente.
Sem monitoramento
Procurados, nem a empresa SPACECOMM MONITORAMENTO S/A. nem a SAP responderam de forma assertiva.
A Spacecomm alega adaptação ao contrato e a SAP alega modificações no mesmo.
O que fica destacado na reportagem é a determinação do Secretário de que não seja feito o monitoramento.
Posição do SIFUSPESP
O presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional (SIFUSPESP), Fábio Jabá, critica a medida. “Geralmente presos considerados mais perigosos, faccionados, com histórico de crimes sexuais e outros crimes violentos, são monitorados por tornozeleira a cada saída da prisão. A decisão de colocar essas pessoas na rua sem monitoramento, além de não ter precedentes no estado, é uma ameaça à segurança pública”, alerta.
O SIFUSPESP encaminhou ofício solicitando informações do Estado sobre a medida, mas ainda não obteve resposta. A entidade apurou que, além dos presos que usam tornozeleira permanentemente, por trabalhar fora da unidade prisional, nenhum outro será obrigado a usar o aparelho enquanto estiver na rua.
Segundo informações do edital de licitação que contratou o serviço de monitoramento, cerca de 1.700 detentos deveriam ser vigiados a cada saída temporária, que acontece trimestralmente. “A custódia de presos é papel da SAP, inclusive quando estão em medidas cautelares diversas à prisão, portanto, o monitoramento por tornozeleira eletrônica é nosso trabalho também. Mas percebemos que, aos poucos, essa atribuição tem sido abandonada pelo governo e agora chegou ao ponto máximo. Desde a adoção das tornozeleiras eletrônicas pelo Estado, há uma década, nunca houve uma decisão dessas, que libera todo mundo sem vigilância”, relata Fábio Jabá.
Convênio SSP TJSP oculta a SAP
Em reportagem do Site Metrópoles durante a assinatura do termo de cooperação entre a SSP e o TJSP, na segunda-feira (4/9), o secretário Guilherme Derrite afirmou que "mais oito mil [tornozeleiras] estão à disposição" da Justiça .
O secretário com certeza se refere a Resolução Conjunta SSP/SAP Nº 01, de 25 de abril de 2023
“Art. 4º - Para cumprimento dos fins previstos nesta resolução, a Secretaria de Administração Penitenciária definirá a quantidade de equipamentos a serem utilizados, de modo que não sejam prejudicadas as atribuições regulares da Pasta, e, disponibilizará os meios de acesso e a capacitação dos integrantes da Secretaria da Segurança Pública, que serão responsáveis pela implementação, execução e monitoramento das referidas medidas.”(grifo nosso)
Juntando as Declarações do secretário Derrite com a Resolução SSP/SAP Nº 01, de 25 de abril de 2023 e o edital vencido pela SPACECOMM onde está declarado textualmente: ”8000 monitorados simultaneamente” chega-se à conclusão que ao falar de 8 mil tornozeleiras o secretário esteja citando o número total de tornozeleiras disponíveis através do “convênio” com a SAP visto que este é o número máximo de monitoramentos que o contrato da secretaria prevê.
Se a SAP continuar a fazer o monitoramento de 6600 presos que trabalham, sobram pelo contrato menos de 2 mil tornozeleiras divididas entre SAP e o convênio SSP TJSP.
Pelos números revelados pela reportagem do Metrópolis, em menos de 60 dias se esgotariam todas as tornozeleiras contratadas pela SAP.
Em nenhum momento a SAP é mencionada embora toda a infraestrutura seja da secretaria, e os números digam respeito a um contrato da secretaria e pago com verbas da secretaria.
A grande pergunta que fica é se o Art. 4º da resolução conjunta não está sendo violado quando fala “de modo que não sejam prejudicadas as atribuições regulares da Pasta”
Mais Convênios com TJSP
Este ano o governo do estado já firmou dois convênios com o Tribunal de Justiça de São Paulo para instalar tornozeleiras eletrônicas em pessoas liberadas da prisão em audiências de custódia. O estado destinou 200 tornozeleiras para a ação, número suficiente para atender apenas seis dias de audiência. Outro convênio também assinado com o TJSP determina a adoção de tornozeleiras eletrônicas em pessoa atingidas por medidas protetivas, sobretudo investigados por violência doméstica. “Se estivéssemos avançando no uso de tornozeleiras, São Paulo já poderia monitorar todos os 33 mil sentenciados que saem temporariamente da prisão a cada período. Em vez disso, sempre foram escolhidos apenas aqueles que representam maior risco de cometer crime ou não voltar para a prisão. Agora, a adoção dessas políticas só aumenta a estranheza com a atitude do Estado em retirar o monitoramento durante a saída temporária. Praticamente ao mesmo tempo em que divulga uma política de aumento da vigilância de pessoas implicadas com a Justiça em alguns casos, o governo anuncia, sem nenhum alarde, o afrouxamento do cuidado com presos na saída temporária. Como policiais e como servidores, percebemos que, em vez de avançar, São Paulo está retrocedendo nesse quesito”, encerra Fábio Jabá.
Servidores com medo
Os policiais penais são o principal alvo de vingança do crime organizado, e temem a decisão do governo. “Muitos companheiros foram assassinados fora dos presídios, em razão do trabalho que faziam dentro deles. O convívio diário numa estrutura precária como é o sistema prisional funciona como uma máquina de produzir conflitos. E esses conflitos muitas vezes terminam em vingança contra nossos colegas. Libertar presos faccionados sem monitoramento coloca em risco a segurança não só da sociedade, mas dos servidores também”, avalia.
ABAIXO, A REPORTAGEM
Hoje, 7 de setembro, comemora-se a independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822 , em terras paulistas, às margens do rio Ipiranga, Dom Pedro Primeiro proclamou a ruptura do jugo da metrópole Portuguesa.
Deixávamos oficialmente de ser uma colônia.
Embora depois de todos esses anos nosso país ainda lute para ser verdadeiramente independente das potências que salivam por nossas riquezas, embora possamos divergir entre nós quanto aos rumos da nação, não temos estrangeiros ocupando os cargos de direção de nosso país, não estamos submetidos às ordens de uma metrópole distante e mantemos nossa unidade territorial intocada sem enclaves estrangeiros dentro de nossa pátria, falamos uma única língua e somos regidos por uma única lei.
Em nossa secretaria infelizmente não temos tal situação, hoje temos pessoas alheias a nossas realidades decidindo nossos destinos, ainda temos enclaves em que profissionais alheios a nossa pasta atuam.
Sabemos da luta árdua empreendida para controlarmos as escoltas no interior, que mesmo de forma penosa, cumprimos com galhardia. Porém ainda ainda nos falta o controle de todas as muralhas do estado.
Pior ainda não temos um dos nossos decidindo os destinos de nossa pasta, não é uma questão de preconceito, é uma questão de pertencimento. Nosso ofício é tão distante da realidade de quem não vive nosso dia a dia, nossa realidade é tão apartada e com uma dinâmica tão peculiar, que uma pessoa que nunca contou um raio, nunca entrou desarmado em um pátio, nunca nem pensou em ter uma faca colada em sua garganta em uma situação de crise acaba nos parecendo um estrangeiro.
Somente quem no dia a dia convive com ameaças, tem que respirar fundo e apesar dos seus sentimentos, garantir a integridade física e os direitos de alguém que matou, estuprou ou sequestrou sabe quem somos nós.
Somente alguém que convive às 12 horas dentro dos muros, ou rasga o estado de ponta a ponta conduzindo criminosos de alta periculosidade sob ameaça de uma das organizações criminosas mais temidas do planeta pode entender quem somos nós.
Quem nunca sentiu o “cheiro de cadeia” , esse ar opressivo que impregna nossa farda assim que as portas se fecham atrás de nós, sempre será um forasteiro.
Nunca entenderá que apesar de brigarmos entre nós, divergimos e debatermos; sabemos ser como um só nos momentos de crise. Sabemos superar, até o que se diz impossível, muitas vezes à custa de nossa própria saúde e bem estar.
Hoje, na expectativa de uma Lei Orgânica, vemos um desejo de nos dividirem, de usurpar funções nossas por lei e direito, de separar um sistema que é uno ao não abarcar todos os que trabalham no sistema.
Como última afronta, mesmo sendo para constituição do Estado e da República uma Polícia, parte do sistema de segurança pública nos deixam de fora até do desfile de 7 de setembro.
Nosso tempo de espera está acabando, a paciência com promessas não cumpridas se esgotando, a tolerância com as humilhações e as esperanças de uma vitória sem luta se esvaindo.
Está chegando a hora guerreiros de proclamar “Independência ou Morte! “ e mostrar que como no hino :“Verás que um filho teu não foge à luta”.
A SAP divulgou um “esclarecimento”em que apesar de reconhecer que considera “imprescindíveis” os profissionais da chamada Área Meio claramente os exclui da Lei orgânica da Polícia Penal por serem “carreiras distintas”.
Tal posição demonstra o total desconhecimento da atual gestão das especificidades e da complexidade das carreiras do sistema penitenciário.
Secretaria falta com a verdade
O primeiro ponto que deve ser levado em consideração é que a secretaria falta com a verdade ao considerar impossível a inclusão dos profissionais na Lei Orgânica, embora haja divergências de interpretação quanto a transformação desses profissionais em Policiais Penais NADA IMPEDE que os mesmos sejam incorporados na lei que organiza a Polícia Penal, vários estados incorporaram esses profissionais em suas Leis Orgânicas sem que a legalidade de tal feito tenha sido questionada.
Na primeira reunião dos sindicatos com o novo Secretário, ele concordou com a inclusão dos oficiais operacionais na Polícia Penal, visto que se encaixam como cargos equivalentes conforme a emenda 51 da Constituição do Estado.
Portanto trata-se claramente de um OPÇÃO da atual administração da secretaria a não inclusão.
Trabalho do GT foi descartado
No GT com a participação dos sindicatos e de profissionais da SAP foi discutida a inclusão de todos os profissionais na Lei Orgânica, apenas na apresentação na sede da SAP é que foi revelada a exclusão das demais carreiras.
Fica a pergunta: Será que as reuniões do GT nesta gestão foram um mero teatro?
Exemplos não faltam
Pode-se considerar por exemplo a Lei Orgânica da Polícia Penal do Maranhão, ou até mesmo a Lei Orgânica da Polícia Civil de São Paulo em que vários profissionais não enquadrados diretamente na função policial fazem parte da Lei Orgânica, a questão de enquadramento de outras carreiras na lei trata-se portanto de uma decisão POLÍTICA.
Jogando a história no lixo
O sistema prisional do Estado de São Paulo é o maior e mais organizado do Brasil, São Paulo foi efetivamente o primeiro estado da federação a contar com uma administração penitenciária profissionalizada e a Penitenciária de São Paulo inaugurada em 1920 foi em sua época considerada um modelo para o mundo.
O atual modelo proposto pela secretaria joga no lixo da história todo o acúmulo de experiências, competências e saberes construído pela administração prisional em nosso estado.
Como muito bem relatado no parecer da Procuradoria Geral do Estado (PGE) NDP n° 58/2022 o sistema prisional segundo sua definição estabelecida no Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) tem caráter multidisciplinar, o parecer declara: “repare-se que a id do SUSP fez, menção geral aos órgãos do sistema penitenciário como um todo, não referindo especificamente os agentes penitenciários. Assim, em face à complexidade e transversalidade das ações referentes à execução penal, o legislador sabidamente incluiu todos os órgãos dedicados à execução penal, listados expressamente no artigo 61 da lei de execução penal, como integrantes operacionais do Sistema Único de Segurança Pública.” e contínua: “Ainda, conforme percepção das Prioridades e Objetivos estabelecidas no Plano Nacional de Segurança Nacional, pode-se verificar que a atuação do operador prisional se relaciona com outras áreas de atuação e gestão do sistema penitenciário (..) “
Ou seja, a própria PGE não restringe o sistema prisional às áreas de segurança e disciplina.
Modelos mal formulados tem consequências
Ao se propor o modelo de uma organização nascente como a Polícia Penal deve-se levar em conta além do regramento legal vigente, as tarefas dessa organização, o meio em que a mesma irá atuar e os riscos e desafios da atuação.
Uma das primeiras questões que temos que levar em conta é que os profissionais que trabalham no sistema penitenciário são profissionais com alta especialização em suas áreas de atuação. Os profissionais das áreas de saúde e assistência que atuam em unidades prisionais dispõe de uma bagagem de conhecimento acadêmico e empírico totalmente diferenciada de seus congêneres que atuam em outras secretarias,o mesmo se aplica aos profissionais da área administrativa,a administração de um CIMIC por exemplo demanda conhecimentos que só se desenvolvem dentro da SAP.
Qualquer modificação estrutural que não garanta a preservação desse património intelectual e sua transmissão para os futuros ocupantes dessa função acarretaria uma perda imensurável para o Estado.
Ainda temos o caso particular dos oficiais operacionais que efetivamente já exercem trabalho policial sendo sua retirada dessas funções grave perda em uma secretaria que já padece de déficit crônico de pessoal.
Sem falarmos nas implicações de segurança, visto que por sua convivência e interdependência todos os trabalhadores de uma unidade prisional acabam influindo em sua segurança. Neste contexto, em um estado em que o sistema penitenciário é berço e base de uma das mais poderosas facções criminosas do mundo é de fundamental importância integrar esses trabalhadores em um regramento que tenha bases comuns.
Risco de esvaziamento da secretaria
Aparentemente a direção da SAP também deixou de avaliar o risco de um êxodo de profissionais que hoje garantem o funcionamento do sistema prisional paulista, pois com sua não inclusão dentro da Lei Orgânica da Polícia Penal, muitos servidores tenderão a migrar de secretária causando além da perda de conhecimento um acirramento do déficit funcional que arriscaria a própria segurança do Sistema Prisional.
É hora de estarmos todos juntos
Assim como o sistema prisional não funciona sem a atuação conjunta de todos os seus profissionais, também a luta por uma Lei Orgânica inclusiva necessita da unidade de todos.
O Sifuspesp convoca todos os trabalhadores do sistema Prisional Paulista, independente de suas funções, para cerrarmos fileiras para que a Lei Orgânica atenda nossos anseios, nesse momento a atuação isolada e a divisão em grupos só servirá para enfraquecer a todos.
A posição do SIFUSPESP é de que TODOS os trabalhadores do sistema prisional estejam incluídos na lei orgânica, por isso, todos estão convocados para a luta.
Neste dia 11 às 10h no Plenário Tiradentes na Alesp será realizada uma reunião da Frente Parlamentar em defesa da Polícia Penal. Desde já todos estão convidados, pois essa é uma luta de todos!
Abaixo o texto da nota da secretaria:
ATENÇÃO
A Secretaria da Administração Penitenciária esclarece que as carreiras da chamada área meio, como oficial administrativo, analista administrativo, executivo público, entre outros, são imprescindíveis à Administração Penitenciária e assim continuarão após a aprovação da Lei Orgânica da Polícia Penal. Embora sejam carreiras distintas e por isso não estão integrando o Projeto de Lei que será apresentado à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo para regulamentação da Polícia Penal, os servidores ocupantes desses cargos continuarão atuando nos mesmos moldes em que exercem suas funções atualmente.
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