Serão nomeados mediante decreto neste sábado, 20/01, 291 novos servidores da Secretaria de Administração Penitenciária(SAP).
De acordo com informações repassadas pela assessoria de imprensa da SAP ao SIFUSPESP, o total de funcionários inclui 227 agentes de segurança penitenciária(ASPs) do sexo masculino, 25 do sexo feminino e 39 agentes de escolta e vigilância penitenciária(AEVPs).
Todos os novos servidores foram aprovados em concursos públicos nos anos de 2013 e 2014
O Sifuspesp abraça a campanha que busca esclarecer sobre doenças mentais, seus tratamentos e prevenção
O mês de janeiro é o mês da conscientização da saúde mental. Segundo o site <http://janeirobranco.com.br/> do projeto Janeiro Branco trata-se de uma campanha que convida as pessoas a refletirem sobre suas emoções e comportamentos, como conhecimento da Saúde Mental para sua prevenção. O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (SIFUSPESP) abraçou a campanha como associação responsável por propagar a conscientização a respeito das doenças mentais, já que a categoria é acometida por transtornos diversos, pela própria característica stressante da profissão. Alterações do ciclo do sono, estado de alerta constante durante o longo turno de trabalho e ansiedade, são alguns fatores de risco para doenças como Depressão, Síndrome do Pânico, Síndrome de Burnout, Alcoolismo, entre outras. As péssimas condições de trabalho, a superlotação, a necessidade de assumir funções, carga e tempo de trabalho mais do que a capacidade de um trabalhador, os desvios de função, o déficit de efetivo, a exposição à violência e os salários baixos também contribuem. As doenças mentais possuem causas multifatoriais, entretanto, trabalhadores prisionais vivem em um ambiente que aumenta as probabilidades de serem acometidos por estas doenças. Nesse sentido, a conscientização de que a saúde mental é tão importante quanto a saúde do corpo, que são um conjunto, e que algo pode ser feito para amenizar o sofrimento de quem passa por algum tipo de transtorno. Embora uma doença mental não seja considerada por alguns especialistas causa do suicídio, em muitos casos este fato trágico veio acompanhado principalmente da Depressão. A Psicóloga Cintia Cristiane dos Santos Monteiro, que realiza trabalho voluntário de atendimento clínico para funcionários do sistema prisional na regional SIFUSPESP da cidade de Taubaté, apresenta sua visão sobre a campanha “Janeiro Branco”, e traz uma reflexão sobre o que é possível por meio da observação de nossas emoções e comportamentos. Veja o seu comentário a seguir: Janeiro Branco: o princípio para refletir sobre nossas condições mentais: Quanto mais falarmos sobre os cuidados com a mente, as emoções, os sentimentos e os comportamentos humanos, mais as pessoas vão se acostumando a valorizar essa dimensão da humanidade que é a subjetividade. E isso é UTILIDADE PÚBLICA em um mundo cada vez mais alienado "sem subjetividade", onde pessoas são tratadas como “coisas”, por assim dizer. A Campanha Janeiro Branco vem timidamente chamando a atenção do Brasil e do mundo com a proposta de termos um mês inteiro dedicado à conscientização das pessoas em relação às suas condições mentais, emocionais, sentimentais, relacionais, individuais e sociais! Campanhas servem para isso. Para chamar a atenção da humanidade para as questões que interessam às pessoas. Campanhas não são apenas exercícios profissionais. São ESTRATÉGIAS para dialogar com quem precisa ser orientado quanto a algum assunto de fundamental importância. Os cinco objetivos da Campanha Janeiro Branco são: 1 – Fazer do mês de Janeiro o marco temporal estratégico para que todas as pessoas e instituições sociais do mundo reflitam, debatam, conheçam, planejem e efetivem ações em prol da Saúde Mental e do combate ao adoecimento emocional dos indivíduos e das próprias instituições; 2 – Chamar a atenção de todo o mundo para os temas da Saúde Mental e da Saúde Emocional nas vidas das pessoas; 3 – Aproveitar a simbologia do início de todo ano para incentivar as pessoas a pensarem a respeito das suas vidas, dos seus relacionamentos e do que andam fazendo para investirem e garantirem Saúde Mental e Saúde Emocional em suas vidas e nas vidas de todos ao seu redor; 4 – Chamar a atenção das mídias e das instituições sociais, públicas e privadas, para a importância da promoção da Saúde Mental e do combate ao adoecimento emocional dos indivíduos; 5 – Contribuir, decisivamente, para a construção, o fortalecimento e a disseminação de uma “cultura da Saúde Mental” que favoreça, estimule e garanta a efetiva elaboração de políticas públicas em benefício da Saúde Mental dos indivíduos e das instituições. E com isso, o que devemos nos perguntar é: você, o que tem feito por sua Saúde mental? Já procurou um profissional da Psicologia para falar de suas “dores na alma”, dos seus reais sintomas, aqueles que nenhum remédio consegue curar? Pense nisso! Sifuspesp O Sifuspesp Lutar para Mudar tem convicção que cada vez mais devemos romper o preconceito e o temor de buscar ajuda para situações de stress, ansiedade, pânico, depressão, dificuldades de resolver problemas, entre outros males que por vezes deixamos passar no dia a dia, e ao acumular-se podem nos causar danos. Por isso cada vez mais buscaremos ampliar e apoiar redes de atendimento como o trabalho desenvolvido em nossa regional de Taubaté.
Dissertação de mestrado de Fernando Apolinário, que atua há nove anos no CPP de Valparaíso, se tornou referência internacional e aborda relação e conflitos entre profissionais de saúde, presos e agentes de 19 unidades da região oeste do Estado
Apresentar evidências científicas dos conflitos que os enfermeiros enfrentam ao realizar os cuidados da saúde de pessoas presas, comparando o trabalho dentro e fora dos muros é a base da pesquisa realizada pelo servidor Fernando Apolinário. O trabalho aborda dificuldades do exercício de algumas funções de serviço público que se exige legalmente que o Estado forneça para, com isso, poder manter as pessoas sob o regime prisional.
Foi a partir dessa premissa que o servidor de 38 anos, que se dedica desde 2009 ao setor de enfermagem do Centro de Progressão Penitenciária(CPP) de Valparaíso, desenvolveu sua dissertação de mestrado na Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista(UNESP) de Botucatu. A dissertação se tornou um livro, já publicado em inglês e lançado em dezembro de 2017.
“Percebi que havia muita diferença na forma de lidar com um paciente em uma unidade básica de saúde ou unidade de terapia intensiva e a realidade da unidade prisional, onde além de ter de cuidar da saúde do detento você precisa estar atento às regras de segurança e disciplina da unidade, dialogando de forma nem sempre harmônica com os responsáveis por esse setor”, relata o enfermeiro e escritor.
Para o trabalho, o servidor fez entrevistas com 35 colegas de profissão de 19 unidades prisionais distintas, todas elas pertencentes à Coordenadoria Penitenciária da Região Oeste do Estado de São Paulo.
A tese obteve enorme repercussão junto à comunidade científica internacional, que publicou o trabalho do enfermeiro na revista Imedical Society com o título Challenge And Perception Of The Meaning Of The Nurse’s Job In The Brazilian Prison System. Em português, a dissertação intitulada SIGNIFICADOS ATRIBUIDOS POR ENFERMEIROS À ASSISTÊNCIA QUE PRESTAM A INDIVIDUOS EM SITUAÇÃO PRISIONAL está disponível gratuitamente para leitura no link: https://repositorio.unesp.br/…/…/11449/108572/000755489.pdf…
Finalmente, em 26 de dezembro último, o servidor conseguiu transformar a tese em um livro, lançado pela editora LAP Lambert, da Alemanha. O conteúdo impresso foi lançado apenas em inglês e está disponível para compra neste link
Ainda em busca de reconhecimento de seu trabalho no Brasil, Fernando Apolinário - agora cursando doutorado pela mesma UNESP - concedeu entrevista exclusiva ao SIFUSPESP, onde relata os desafios de lidar com a população privada de liberdade e o relacionamento com os agentes de segurança penitenciária dentro da ética e das responsabilidades que envolvem a profissão.
Imprensa SIFUSPESP: Como surgiu a ideia inicial de fazer esse livro?
Fernando Apolinário: Esse livro é fruto da minha dissertação de mestrado e surgiu do início do meu trabalho como enfermeiro no sistema prisional, quando me deparei com os contrastes que existem nesse sistema.
Tendo a experiência de prestar assistência a pessoas fora da prisão, comecei a questionar o que significava a assistência de enfermagem para os privados de liberdade e para os enfermeiros que os atendiam.
A minha pesquisa de mestrado buscou evidências científicas dos conflitos éticos e bioéticos que os Enfermeiros enfrentam para realizar os cuidados em saúde da pessoa privada de liberdade
Imprensa SIFUSPESP: Você trabalhava anteriormente em outro tipo de atendimento à saúde?
Fernando Apolinário: Eu trabalhei muito tempo na Unidade de Terapia Intensiva(UTI) de um hospital da Santa Casa de Adamantina, além de trabalhar no Pronto Socorro Municipal e no Centro de Saúde de Andradina, ambas no interior de São Paulo.
Imprensa SIFUSPESP: De que maneira o seu olhar para esse trabalho mudou antes e depois de vivenciar essas experiências?
Fernando Apolinário: O resultado da pesquisa mostrou que dentro do sistema o enfermeiro necessita ter outros conhecimentos que vão além dos problemas de saúde.
Em Unidade Básica de Saúde o enfermeiro cria um vínculo com o seu paciente, pois este faz parte da ação da assistência do enfermeiro, que busca nesta relação promover seus cuidados, tais como a educação em saúde, a adesão ao controle de tratamento principalmente das doenças crônicas.
Já na Unidade Prisional não existe esse vínculo, essa aproximação com seu paciente, não existe toque, aperto de mão, isso tudo contrasta muito com a realidade de saúde pública externa.
Imprensa SIFUSPESP: Que tipo de desafios diferentes dos encontrados fora dos muros o enfermeiro precisa enfrentar quando lida com a população presa?
Fernando Apolinário: Os desafios que minha pesquisa evidenciou se deram principalmente na relação não muito harmoniosa com a Segurança e a Disciplina das unidades. Os dados colhidos nos lugares que visitei mostraram que há um contraste entre esses dois setores.
Estamos falando de unidades de sistema fechado, e assim o objetivo é que o preso não fuja ou não cometa um ato de indisciplina ou uma rebelião. Mas o que evidenciamos é que nem sempre os conflitos que existem entre as pessoas envolvidas tem a ver com a segurança.
Acredito que ela acontece porque existe uma visão própria dos funcionários da segurança com relação à pessoa privada da sua liberdade, por exemplo, quanto ao excesso de atenção destinada por nós da saúde aos presos, ou quando eles estão circulando muito pela unidade. Os agentes não concordam porque eles têm uma visão diferente.
Assim, os enfermeiros relatam que há dificuldade em prestar a assistência por verem que existe uma diferença cultural no olhar dos agentes penitenciários, muito mais do que uma questão de segurança.
Outro aspecto que evidenciamos que acho de extrema importância para a profissão dos enfermeiros é “o que” significa cuidar de uma pessoa presa. Na minha opinião, o trabalho foi incrível, porque os enfermeiros têm um olhar de cuidador, uma visão de prestar o cuidado indiferente da condição de detento.
Contudo, o trabalho também evidenciou que para realizar a prática do cuidado os enfermeiros muitas vezes praticam ações que vão além de suas atribuições técnicas nas unidades onde o profissional médico está ausente, evidenciando mais uma vez como o enfermeiro preocupa-se com o cuidado da pessoa humana.
Imprensa SIFUSPESP: Quais melhorias você acha que precisam acontecer no sistema prisional para que os enfermeiros e outros profissionais de saúde possam ter melhores condições de trabalho? Mais treinamento, aumento do número de funcionários, redução da superlotação? Que outros fatores você considera fundamentais para essas mudanças?
Fernando Apolinário: O sistema tem crescido a cada dia, os problemas são inúmeros, e a sociedade precisa saber o que se passa dentro das unidades prisionais. A população precisa saber não só sobre a questão da violência, das apreensões e das rebeliões.
Existe dentro da unidade uma gama de profissionais realizando um trabalho fenomenal que precisa ser reconhecido. Um exemplo desse trabalho é o controle e o acompanhamento que são realizados para os presos que são doentes crônicos, entre eles hipertensos, diabéticos, e os que fazem tratamento de HIV.
Os enfermeiros realizam testes rápidos onde o diagnóstico da contaminação pelo vírus da AIDS pode ser feito na hora. Existe ainda um trabalho premiado pela Secretaria Estadual de Saúde, que é o controle da tuberculose, doença muito comum entre os presos que pode afetar a todos os que atuam no sistema.
Para mim, as melhorias começam com o reconhecimento desses profissionais, reconhecimento de que os funcionários da saúde são funcionários do Sistema Prisional. Assim, eles são tão importantes quanto os agentes que tratam da segurança e da disciplina.
Esse reconhecimento precisa vir também com o pagamento de salários dignos diante da complexidade que é a prática assistencial de saúde dentro de uma Unidade Prisional.
Digo isso pois esse trabalho vai muito além de entregar um comprimido a um preso. É preciso oferecer aos profissionais da saúde e ao corpo funcional como um todo treinamento e capacitação. Só assim teremos melhores condições de agir.
Imprensa SIFUSPESP: Quais são os próximos passos do livro?
Fernando Apolinário: Agora a ideia é buscar uma editora que se interesse em publicar o livro no Brasil e assim poder atingir um público mais amplo de enfermeiros, técnicos de enfermagem e pesquisadores da área de saúde para que eles tomem contato com a realidade do sistema prisional e possam se interessar cada vez mais pelo que acontece dentro dos muros.
Biografia - Fernando Henrique Apolinário
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