Um agente de segurança penitenciária (ASP) foi agredido por presos da PI de Franco da Rocha na manhã desta quinta-feira, 20/12. O SIFUSPESP esteve presente na unidade prisional, representado por seu presidente Fábio Jabá, acompanhado da diretora do ponto de apoio de Franco da Rocha, a advogada Silvana Helena e da ASP e psicóloga Rosana Pontes. O objetivo foi obter informações da condição de saúde do funcionário agredido e prestar suporte aos trabalhadores da penitenciária.
Em reunião com diretor da PI, Marco Aurélio Cardoso, foi confirmada a informação de que a agressão ocorreu no raio 3 da unidade. O ASP foi imediatamente encaminhado ao Hospital Municipal de Cajamar, apresentando várias escoriações pelo corpo, além de um grande hematoma no olho esquerdo. Ele passou por diversos exames no hospital e já foi liberado. Apesar das lesões localizadas principalmente na costa e pescoço, o ASP passa bem.
O presidente do sindicato, assim como a diretora do ponto de apoio Silvana estiveram em contato com o servidor, que encontra-se em recuperação. Ele também passou por avaliação psicológica na unidade. O SIFUSPESP oferece total apoio ao funcionário.
“Trata-se de um servidor exemplar, conhecido por sua eficiência e boa postura no ambiente de trabalho e respeitado por isso. Mais um trabalhador que no tratar dos seus deveres foi agredido. Ele esteve envolvido na apreensão do drone da PII de Franco”, afirmou Jabá.
Segundo o presidente do sindicato, a diretoria ofereceu todo o apoio necessário na ocasião e o Grupo de Intervenção Rápida (GIR) agiu na retomada do controle da penitenciária e seguiu executando uma varredura completa nas instalações do presídio. Também deu prosseguimento aos procedimentos administrativos cabíveis.
Ressaltamos que a COREMETRO (Coordenadoria das Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo) ofereceu apoio durante todo o processo de assistência ao guerreiro agredido.
Está disponibilizado um serviço de apoio psicológico para os servidores dentro da unidade. O diretor Cardoso também informou ao sindicato, que entre as medidas a serem tomadas em decorrência da agressão, está a transferência dos sentenciados envolvidos.
Automação da celas
O presidente do sindicato lembra que já ocorreram outras agressões em Franco da Rocha e o SIFUSPESP já realizou pedido de automação das celas há certo tempo. O diretor da P1 informou que a automação já foi autorizada, e o processo iniciará no raio 3 da unidade.
“Agradecemos ao Marco Aurélio Cardoso, diretor da unidade, que nos atendeu prontamente e procedeu da melhor maneira perante a situação. Também agradecemos aos funcionários da P1 de Franco da Rocha, a quem também prestamos apoio. O SIFUSPESP é isso. Estamos ao lado do servidor em todos os momentos”, disse Jabá.
O trabalho do SIFUSPESP Lutar para Mudar tem sido de aproximação com a categoria e presença não apenas nas unidades, mas lado a lado com o trabalhador penitenciário conforme suas necessidades. O espírito de luta e resistência típico de nossa categoria estava órfão de um sindicato que agisse com a mesma prontidão e respeito. Desde as caravanas de Brasília de 2017, nossa categoria percebeu que pode contar com um sindicato combativo.
Guerreiro e herói
Gostaríamos de frisar que para orgulho de toda equipe, após alta hospitalar, o agente agredido fez questão de retornar a unidade e nos ajudar com a intervenção do GIR e identificação dos agressores. Atitude digna de um guerreiro que mesmo ferido jamais abandona seu exército, tanto que ao pisar na radial, foi recebido com aplausos por todos os ASPs. Realizada a intervenção tática do GIR, com grande êxito, vários presos foram transferidos, e deram-se demais providencias de praxe.
Leia também:
http://www.sifuspesp.org.br/noticias/6253-asp-agredido-na-p1-de-franco-da-rocha
Morre jovem, deixa filhos, familiares e amigos e uma nota de pesar, lembrado por poucos, enquanto a culpa da desestruturação de um Sistema Penitenciário falido cai nas costas dele. Sua história não vira notícia.
No fim das contas a culpa é do servidor. Mas, como dizem, “a conta não bate”. Necessário revê-las. Não é absurdo falar que a mass media, ou mídia de massa,”denominação sugere que os meios de comunicação são agentes de massificação social (ou seja, reduz a opinião de todos a uma informação de pouca profundidade), o que nem sempre está de acordo com a realidade social observável”, tem produzido conteúdos inúmeros que prejudicam a imagem do servidor penitenciário.
Trabalhadores penitenciários de todos os Estados sofrem a deterioração da imagem, antes tão pouco noticiada ou falada. Atualmente como foco de notícias a respeito da segurança pública, principalmente após o período eleitoral, período este observado e aqui posto como “período de “silêncio” em relação ao Sistema Penitenciário (a exceção coube a poucos momentos e muito relacionado ao tema da privatização). Sem esquecer, é claro que o carro chefe das propagandas eleitorais, encarnando o marketing político e não as propostas políticas em si, foi a segurança pública.
Um alarde se fez anteriormente apresentando a segurança pública como o principal problema do país, pelo menos um ano antes das eleições e intensificou-se com o passar dos meses. Os apressamentos para votação sobre assuntos relacionados ao tema no Senado e Câmara são o registro latente deste fato. O crime organizado então, passou a ser apresentado como principal problema do Sistema Penal.
E vamos a segunda fase midiática, o volume de matérias e documentários sobre o crime organizado aumentou. E no contexto desses conteúdos de comunicação pergunta-se: a falha da segurança dos presídios brasileiros seria de quem? Se a resposta for realista: da falta de estrutura, do abandono do Estado no quesito investimento, seja em novas contratações, seja na questão salarial, seja nas condições de habitação dos presos e condições de trabalho do servidor. Mas nas reportagens e filmes, não é o que dizem.
No fim, a culpa, repetindo um discurso fácil e comum, “é do trabalhador que é corrompido, carrega ilícitos para dentro das prisões, associa-se ao crime, tortura e mata”. Assim conta a imprensa sem valores de comunicação social. Sem ouvir o trabalhador, desenhando o “personagem”, como é chamado o entrevistado no jornalismo, sem ouví-lo. O outro lado não aparece. Não é chamado para a discussão aberta em congressos organizados para falar sobre o sistema carcerário brasileiro. Nem se imagina a possibilidade disso, porque não há nestes veículos de comunicação e debate, compromisso real em modificar esta realidade. Mesmo em favor dos apenados, somente argumentos de lamentações (“...eles são uns violentos… não vamos debater o tema das cadeias porque elas não devem existir…”)
Por que o trabalhador penitenciário é retirado da oitiva? Por que é sempre a terceira pessoa, e pessoa injusta, sem valores, tão criminosa quanto aqueles com quem lidam. Por que o depósito do problema social do país cai nas costas do trabalhador? Exemplo recente, um Estado com servidores sem salário por dois meses, quebrado em todos os setores, com dívidas absurdas e uma Intervenção Federal repentina justificada pela necessidade de aplacar o crime organizado que tomou conta da situação.
“Com dificuldades financeiras, Roraima enfrentou greves de agentes penitenciários civis que deflagraram uma paralisação de 72 horas devido a atraso dos salários. Além disso, parte do efetivo da Polícia Militar chegou a bloquear as entradas e saídas de batalhões como forma de protesto. Segundo o presidente Temer, "a única hipótese para solucionar esta questão, especialmente aquela de natureza salarial, seria decretar a intervenção até a posse do novo governador".” - conforme o site do Governo Federal explicando os motivos da intervenção.http://www.brasil.gov.br/noticias/seguranca-e-justica/2018/12/entenda-a-intervencao-federal-em-roraima
O controle social também é feito pelo medo, alimentado pelo sensacionalismo e o medo tem tomado conta da população à medida que ações como estas, “justificadas” desta maneira e a medida que a imprensa e espaço de debates abandonam seu valor social em defesa de interesses externos. É necessário investigar, é necessário denunciar, é necessário fazer com que lei se cumpra. Entretanto é necessário esclarecer que o trabalho do servidor penitenciário tem sido arduamente tentar fazer com que aqueles que faltaram com a lei cumpram suas penas.
A imprensa cria um monstro, demoniza uma categoria de homens e mulheres que trabalham pelo sustento, englobando todos eles numa verdade criada para que o medo seja reforçado e qualquer ação do Estado perante isso seja justificada. Então, a culpa é do trabalhador. É por isso. A conta não bate porque o Estado retira de si a responsabilidade, ou os seus números, e o que resta é o servidor, tratado como resto, exatamente assim.
E o trabalhador penitenciário, na sobrecarga do dia a dia, continua adoecendo e morrendo. Morrendo jovem. Suicidando-se. Percebendo a vida de uma maneira obscura, porque presencia a obscuridade quando o Estado falta nas suas obrigações. A responsabilidade de oferecer dignidade ao apenado inicia e termina no Estado. E ele falta.
A conivência é, de certa forma, uma das posturas criminosas. A conduta do trabalhador penitenciário e obrigação é o cumprimento da lei. E dentro da prisão, para o trabalhador, todos são apenados cumprindo suas penas, sem distinção, sem denominação. A responsabilidade do lastro das facções criminosas é do Estado, e não do trabalhador.
Permita-se ao trabalhador dignidade. E também ao preso. Trabalhadores penitenciários são humanos e frequentemente adoecem porque não há quem resista a tamanha falta de dignidade. Obter respeito em meio a falta de dignidade para sobreviver. Não há como não ser tocado e evitar que a fragilidade apareça na doença, ou no fim da vida que dura em média 45 anos (segundo um estudo realizado pela USP - Universidade de São Paulo).
Nenhum humano possui dureza suficiente para assistir ao que é uma prisão brasileira e não sucumbir em algum momento. Raiva, opressão, medo, ansiedade, estado de alerta permanente, lares desconstruídos, são sentimentos e situações comuns no mundo deste trabalhador. Eles, os servidores penais, querem apenas trabalhar e receber o seu salário. Com dignidade.
O esperado é que a sociedade e a imprensa tenha a dignidade de dar voz ao trabalhador prisional, àquele que sustenta um sistema completamente debilitado, diariamente, muitas vezes utilizando-se apenas de um velho colete de tecido simples, caminhando pelos corredores dos presídios e encaminhando detentos. O primeiro a ser pego numa rebelião, o que consta na lista das facções como prêmio e o que não consta na conta da mortalidade rápida e numerosa resultante do trabalho, de maneira direta ou indireta. Talvez aí feche a conta. Vender os presídios não acertará a contabilidade. O Estado possui uma dívida impagável.
Abaixo, Matérias sobre contravenções do trabalhador penitenciário entre a segunda quinzena de novembro e a primeira quinzena de dezembro:
https://www.rdnews.com.br/policia/conteudos/108313
https://www.jornaldeuberaba.com.br/agente-penitenciario-e-preso-ao-realizar-disparos-com-pistola/
ASP foi agredido por presos da P1 Franco da Rocha durante um tumulto que aconteceu no raio III, na manhã desta quinta-feira, 20/12.
O agente foi socorrido e conduzido ao hospital, entretanto saiu do presídio com ferimentos graves. O GIR foi acionado para ajudar no controle da situação.
O SIFUSPESP encontra-se a caminho para o apoio necessário e em busca de mais informações.
Saiba o que ocorreu e a atitude heróica do servidor agredido em: https://www.sifuspesp.org.br/noticias/6257-sifuspesp-presente-em-franco-da-rocha-apos-caso-de-agressao
Fique por dento das notícias do sistema! Participe de nosso canal do Telegram:https://t.me/Noticias_Sifuspesp
Rua Leite de Moraes, 366 - Santana - São Paulo /SP Cep:02034-020 - Telefone :(11)2976-4160 [email protected].