Rogério Grossi, Agente Penitenciário, que presta serviço na unidade de Caraguatatuba, e diretor de base do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp), mostra que é possível ser um multiplicador de ideais. Na luta contra as Reformas do presidente Temer, e até mesmo pela sua queda, Grossi faz-se participativo por iniciativa própria.
Uma de suas ações foi a distribuição de cerca de 2 mil panfletos pelo centro da cidade de São Sebastião, com abordagens interativas, explanando sobre a categoria e recebendo da população suas opiniões acerca da luta dos trabalhadores.
“O objetivo foi mostrar um pouquinho da realidade do trabalho dos agentes, sensibilizar as pessoas com a nossa causa, dizer que estamos juntos com as demais categorias de trabalhadores e que essa é uma luta de todos, independentemente da classe em que se trabalha”, disse Grossi.
Ele disse que frisou, em suas abordagens nas ruas, que os funcionários do sistema prisional fazem parte de uma categoria atuante e que protagonizam um momento decisivo no Brasil, com a missão de barrar as reformas.
“Produzimos um material evidenciando que nossas ações em Brasília foram consequências da postura do Congresso para conosco e com as demais categorias trabalhadoras e não uma atitude de vandalismo, como a grande mídia quis apresentar. Foram ações realizadas em defesa dos direitos que nos estão sendo tirados”, ressaltou Grossi
Receptividade da população
O diretor de base contou que a população, na medida em que foi abordada, demonstrou empatia com a categoria dos agentes penitenciários, percebendo que o que se estabelece nessa luta é uma violência do Estado contra o trabalhador.
“Percebemos que o povo, embora não tenha esclarecimento do que é luta de classe e do poder econômico contra a classe trabalhadora, tem uma boa noção de que estamos sendo agredidos. Eles não compreendem direito da onde vem essa agressão, mas se sentem agredidos de fato e de alguma forma, vingados com ações como a ocupação do Congresso pelos agentes e as passeatas no Distrito Federal. Declaram, ainda, que é necessário lutar com mais força”, falou.
Segundo Grossi, “essa foi a visão predominante da população com a qual conseguimos estabelecer diálogo”.
Ele contou que as pessoas nas ruas mostraram-se receptivas ao material porque a abordagem não foi simplesmente “entrega de panfleto”, mas trazer o diálogo de alguma forma. “Percebemos que a população não comprou muito a ideia de vandalismo”, ressaltou.
Organização da base
Rogério Grossi realiza um trabalho de longa data com base em Caraguatatuba, e por isso consegue organizar atos desse tipo com mais facilidade, além de mobilizar os companheiros na adesão em ações pelos direitos do trabalhador.
“São anos de conversa, anos de diálogo que nem sempre flui como gostaríamos. Mas a organização pela luta é necessária e nunca é tarde para começar. É demorado, minucioso, e tem que ser cuidadoso, principalmente nesse momento de política conturbada no país”, salientou.
Grossi ainda enfatizou que é essencial que a luta da classe trabalhadora seja organizada, como foi na data da panfletagem, que aconteceu dia 02/05, no mesmo dia da manifestação em Brasília.
“Considero importante que haja outras ações em outras localidades também, para que, num caso como o de Brasília não seja uma ação isolada, mas sim uma ação nacional. Mobilizar é necessário, porque fazemos um contrapeso com a visão da grande mídia. Um contrapeso feito por poucos pode ser fraco, limitado, mas se feito por muitos, torna-se capaz de inverter essa relação de força”, disse.
União e organização num sindicalismo participativo
O presidente do Sifuspesp, Fabio César Ferreira (Fabio Jabá), acredita que todos podem ser multiplicadores nesse trabalho de conscientização das necessidades dos trabalhadores do sistema prisional, que não são poucas. E que entendam que ações políticas por meio da união dos trabalhadores em busca de seus direitos são necessárias.
"Queremos que os funcionários do sistema prisional venham para o Sifuspesp ajudar a organizar a luta, além de falar de suas necessidades e ideias. Aos que aqui estão, que continuem. Para os que estão começando, que prossigam com força e paciência. Conscientização e organização da classe resultam em grandes conquistas. A história é prova disso", afirmou.