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Durante entrevista do governador Márcio França, repórter André Guilherme, do jornal Valor Econômico, generalizou situação do sistema dizendo que servidores são corruptos

 

O SIFUSPESP vem a público para repudiar as insinuações do repórter André Guilherme, do jornal Valor Econômico, que afirmou que os funcionários do sistema prisional paulista são corruptos e que “compactuam com o crime organizado”.

As acusações feitas pelo jornalista aconteceram durante entrevista do governador de São Paulo e candidato à reeleição, Márcio França(PSB) ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na última segunda-feira, 15/10. A entrevista completa está disponível neste link. O embate aconteceu entre os 32’ e os 34’.

Ao questionar França sobre casos de corrupção envolvendo servidores públicos, e ouvir do governador que “não se pode acusar os milhares de integrantes de funcionalismo por causa de maus exemplos”, André Guilherme fez generalizações ao afirmar “então como é que entra celular nas cadeias!?”, em alusão aos casos em que detentos têm acesso aos aparelhos, sugerindo que este fenômeno seria decorrente da permissibilidade dos funcionários do sistema em deixar que esses equipamentos entrassem.

Nesse sentido, é importante esclarecer que o número de apreensões tanto de aparelhos telefônicos quanto de drogas e de outros objetos proibidos com visitas vem crescendo em grandes proporções no Estado de São Paulo no último ano. Muitas delas ocorrem graças justamente à ação dos trabalhadores penitenciários responsáveis pela fiscalização. Todas as segundas-feiras, o SIFUSPESP publica informações sobre os casos em seu site e redes sociais. Quem vive o sistema penitenciário e acompanha suas rotinas sabe da estrita observação aos critérios de segurança para que as unidades e as vidas de detentos e trabalhadores sejam preservadas frente a diversos fatores de risco como estes.

Após acusar os servidores de corrupção por supostamente deixarem que celulares entrem nas unidades prisionais, o repórter André Guilherme voltou a atacar os trabalhadores ao responder questionamento de França.

Quando o governador reiterou que confiava nos servidores públicos e que em meio a 500 mil funcionários “pode haver sim corruptos, mas não se pode dizer que o sistema como um todo é corrupto”, França perguntou se no veículo onde o jornalista trabalhava não poderia haver pessoas desonestas, o que não significaria que o meio de comunicação seria desonesto como um todo por conta disso.

De forma surpreendente, André Guilherme retrucou afirmando que o Valor  “não compactua com o crime organizado”, em mais uma referência direta ao sistema prisional paulista e a seus funcionários.

Nos últimos meses, mesmo antes das eleições e durante o período político, uma das principais pautas da grande mídia brasileira tem tido como foco a atuação do Primeiro Comando da Capital(PCC) dentro e fora das penitenciárias e sua existência enquanto “estado paralelo” que supostamente controlaria o ambiente prisional. Ademais, junto a este discurso a desqualificação aos trabalhadores do sistema penitenciário são constantes, combinadas a agenda de privatização do sistema defendida por vários candidatos.

A partir de mais essa afirmação equivocada, o presidente do SIFUSPESP, Fábio César Ferreira, o Fábio Jabá, sente-se no dever de lembrar ao jornalista que apesar de estar presente e ter crescido no Estado de São Paulo, no Brasil e até em países vizinhos, o PCC não controla as prisões.

“Isso acontece principalmente porque o trabalho feito pelos trabalhadores penitenciários no sentido de desbaratar as ações da facção e de evitar que ataques, fugas e rebeliões se espalhem pelo Estado é que garantem a segurança e o bem-estar da população”, afirma Jabá.

Muitas vezes esses funcionários, sob ameaças e vítimas de ataques coordenados pelo PCC, não deixam de executar o seu trabalho dignamente, denunciando tentativas de extorsão e outros crimes cometidos a mando da facção. Alguns morrem em decorrência de assassinatos feitos por membros da organização criminosa. Outros, tiram a própria vida por não aguentar a pressão sobre si e suas famílias. A situação é dramática.

Em outubro de 2014, após o registro de oito homicídios contra servidores por ordem da facção em um intervalo de poucos meses, o SIFUSPESP pediu à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo(Alesp) a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito(CPI) sobre o sistema prisional para apurar a origem desses crimes. Por omissão de parte dos parlamentares, no entanto, não conseguiu as assinaturas necessárias.

Ora. Se os trabalhadores penitenciários representados pelo sindicato são os principais alvos da facção - ao lado de policiais militares e civis - como pode o sistema prisional compactuar com o crime organizado? Jamais o fizemos, e lutamos de maneira permanente para expurgar a influência do PCC e de outras facções sobre os detentos.

Esta sim é a grande ameaça de direitos humanos, a ação de facções criminosas contra a liberdade e bem estar de alguns detentos e famílias fora das grades, ao obrigá-los a cometer crimes. Fazemos nada mais que nosso trabalho, que é zelar para que os presos cumpram suas penas dentro da lei.

O presidente do SIFUSPESP aproveita a oportunidade para exaltar a postura republicana e de defesa dos servidores feitas pelo governador Márcio França, que em momento algum deixou-se levar por falsas afirmações para fazer média com qualquer setor da sociedade que estivesse assistindo ao programa. Ele defendeu o funcionalismo porque parece apostar no seu potencial e em seu trabalho, o trabalho de uma maioria, todos os dias.

Durante a entrevista, o repórter afirmou ainda que toda a corrupção desvendada atualmente no país e no Estado só veio à tona por conta da Operação Lava-Jato, que colocou Alckmin entre os investigados. França disse que concordava com os termos da operação, mas ponderou que qualquer acusação precisa de provas e qualquer investigado deve se tornar réu e somente após a condenação em definitivo é que o jornalismo, com todo o seu poder, terá então caminho livre não para insinuar, mas informar com precisão que determinada pessoa é corrupta e lesou o erário público. Uma ponderação que o SIFUSPESP assina embaixo, e que vale tanto para políticos como para servidores. Quem errar, paga. Mas sem generalizações.

Ao repórter, o sindicato faz um convite. Que ele possa conhecer melhor o sistema prisional e seus servidores antes de proliferar informações sem a devida checagem. Lançar acusações no ar sem comprovação e com base em pouca experiência de cobertura do setor a que está se referindo é contraproducente e antiético. É possível fazer melhor e convém ouvir os lados envolvidos nas acusações.

Dizer que o sistema como um todo é corrupto ofende a maioria dos trabalhadores, que mesmo com gigantescas dificuldades estruturais, recebendo salários achatados, sob superlotação das unidades prisionais e déficit funcional, mantém em dia sua dignidade de não aceitar a submissão diante do crime organizado e servir à população para que ela permaneça segura.

O presidente do SIFUSPESP, Fábio Jabá, ainda reforça que o Departamento Jurídico do sindicato já estuda formas de solicitar ao programa Roda Viva e ao jornal Valor Econômico um direito de resposta oficial devido às afirmações feitas na última segunda-feira pelo repórter, que considera levianas e que não correspondem a qualquer debate político sério.

Manifestações públicas pacíficas em frente à sede do jornal também podem fazer parte da estratégia do sindicato para demonstrar ao veículo de comunicação o descontentamento da categoria com a postura levada a cabo na entrevista, que não deve ser naturalizadas para que esta não se converta em generalizações e as inverdades ditas sejam transformadas em senso comum.

Na opinião de Fábio Jabá, esse ato depende da união e da organização dos trabalhadores penitenciários. “Dessa forma, poderemos deixar claro que nossas práticas diárias prezam pela lisura e não pela corrupção. Nossa consciência está limpa, e nosso espírito ativo para combater a criminalidade, não nos submeter a seus desmandos”, reiterou.

O sindicato somos todos nós, unidos e organizados!

 

O agente de segurança penitenciária(ASP) Francisco Alves Ferreira, o Jota, foi homenageado na última segunda-feira, 15/10, com a Medalha Tiradentes por seu trabalho dentro da Secretaria de Administração Penitenciária(SAP).

A homenagem aconteceu na Câmara Municipal de São Paulo e foi organizada pela Associação Brasileira das Forças Internacionais de Paz(ABFIP), que exaltou Ferreira pelos grandes feitos que teve ao longo de sua carreira.

Por entender a importância do trabalho promovido pelo agente e seu reconhecimento diante do público, o SIFUSPESP esteve no evento para participar da homenagem através de seu presidente Fábio César Ferreira, o Fábio Jabá.

O ASP, que trabalha desde 2009 no sistema e passou por inúmeras dificuldades e perseguições durante o período em que esteve na labuta, agradeceu à grandeza que o prêmio representa para a sua trajetória. O SIFUSPESP fará uma entrevista exclusiva com Jota, que será publicada em nosso site e em nossas redes sociais na próxima semana.

A Medalha Tiradentes foi instituída por decreto presidencial em 1946, e é oferecida a todos aqueles homens e mulheres que prestam valorosos serviços à pátria, como forma de exaltar a história do herói da independência, patrono das Polícias Civil e Militar.

Veja o vídeo a seguir

 

Grupo será formado por integrantes de órgãos ligados aos ministérios da Segurança Pública, Defesa, Fazenda e Justiça, e promete usar “análise de informações da inteligência para embasar políticas públicas e ações de enfrentamento”

 

Em decreto publicado nesta terça-feira, 16/10, no Diário Oficial da União, o presidente Michel Temer(MDB) e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional(GSI), Sergio Etchegoyen, criaram uma Força-Tarefa de Inteligência com o objetivo “enfrentar o crime organizado que afronta o Estado brasileiro e suas instituições”.

Conforme descrito no decreto, já em vigor, a Força-Tarefa terá como competências “analisar e compartilhar dados e de produzir relatórios de inteligência com vistas a subsidiar a elaboração de políticas públicas e a ação governamental no enfrentamento a organizações criminosas”. A íntegra está disponível neste link.

Farão parte do grupo representantes de 11 instituições vinculadas aos ministérios da Segurança Pública, da Justiça, da Fazenda e da Defesa.

São eles o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; a Agência Brasileira de Inteligência; o Centro de Inteligência da Marinha do Comando da Marinha, o Centro de Inteligência do Exército do Comando do Exército e o Centro de Inteligência da Aeronáutica do Comando da Aeronáutica, todos do Ministério da Defesa; o Conselho de Controle de Atividades Financeiras e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, ambos do Ministério da Fazenda; o Departamento de Polícia Federal, o Departamento de Polícia Rodoviária Federal, o Departamento Penitenciário Nacional e a Secretaria Nacional de Segurança Pública, estes últimos integrantes do Ministério da Segurança Pública.

A Coordenação da Força-Tarefa e sua regulação a partir de normas gerais de ações serão de responsabilidade do GSI, enquanto que os representantes dos demais órgãos que integram o grupo deverão ser indicados pelos titulares de seus respectivos órgãos de atuação no prazo de até 10 dias, contados da publicação do decreto.

É importante ressaltar que além desses membros, poderão ser incluídos na equipe profissionais de outros órgãos da administração pública federal que sejam considerados “indispensáveis” para que o coletivo cumpra as atividades referentes ao decreto.

Ainda de acordo com o documento, a Força-Tarefa vai atuar de forma articulada e mediante intercâmbio de informações com o Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, criado em setembro deste ano.

O conselho, que envolve membros dos governos federal, estaduais/distrital e dos municípios, tem como prerrogativa “propor diretrizes para prevenir e combater a criminalidade”. Sua existência está relacionada à criação do Sistema Único de Segurança Pública(Susp), originado da Lei 13.675, que foi aprovada em junho,  e que também criou a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social.

Neste cenário, mais uma vez salientamos que representantes do sistema penitenciário devem ser consultados e o sistema reforçado para que iniciativas de combate ao crime organizado não sejam colocadas na prática de forma insuficiente em relação ao obscuro setor organizado do crime que alcançou inclusive setores empresariais, do Estado e internacionais.

 

O SIFUSPESP somos todos nós, unidos e organizados. Filie-se!

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