Por Flaviana Serafim*
Nesta sexta-feira (30), a partir das 17h, tem audiência pública virtual com os deputados autores de Projetos de Decretos Legislativos (PDLs) para revogar o Decreto nº 65.021 do governador João Doria (PSDB), de junho de 2020, que aumentou a contribuição previdenciária dos aposentados e pensionistas sob alegação de déficit atuarial no Regime Próprio da Previdência do Estado.
A audiência será transmitida ao vivo pela TV Alesp e antes, das 16h às 17h, tem tuitaço para pressionar os parlamentares a aprovar os PDLs. A ação é liderada pelos próprios aposentados e pensionistas, cuja mobilização vem crescendo em todas as regiões do Estado de São Paulo e já representa a união de mais de 100 mil pessoas atuando de forma organizada em grupos nas redes e mídias sociais para a derrubada do decreto de Doria.
O ponto de partida foi a reação dos aposentados logo após a publicação do Decreto 65.021. Em fevereiro último foi criado um grupo de coordenação de ações e surgiu o APOEMA - Aposentados em Ação. Em tupi-guarani, apoema é "aquele que vai mais longe" ou "aquele que vê mais longe".
“Esses grupos surgiram mais como um desabafo, até um certo desespero das pessoas de acordo com a realidade de cada um. Percebemos que havia informações e opções muito interessantes por parte de alguns participantes, e que era preciso pegar coisas boas do grupo e não se concentrar em intrigas, em nada que nos tirasse da nossa pauta trabalhista que era o confisco salarial”, explica Malu Leite Persiani, coordenadora de um dos grupos. Aposentada da Secretaria de Segurança Pública, ela dedicou sua trajetória de trabalho como agente de telecomunicações da Polícia Civil.
Engana-se quem pensa que as ações se resumem à troca de postagens entre os próprios aposentados, ao contrário. Os grupos são organizados e há divisão de tarefas com lideranças que articulam diferentes frentes, desde o envio de cartas aos deputados até à realização de tuitaços, passando pela produção de materiais gráficos como jornais digitais, cards, vídeos e a gestão de diferentes redes sociais, como o grupo Servidores aposentados contra o confisco SPPREV - Não à reforma administrativa, que até o momento ultrapassa 105 mil membros no Facebook, tudo a partir da dedicação voluntária dos aposentados e pensionistas.
“O que estamos tentando fazer é sermos pontes, sermos ligação entre os aposentados do funcionalismo, entre as vozes que ouvimos nos grupos, para que essas vozes cheguem até a Assembleia Legislativa e os deputados”, afirma Malu.
"Não somos mais um grupo de luta, somos uma ponte, por meio do APOEMA, de trabalho com outros grupos para engajamento, divulgação. Participamos de todas as tarefas e nosso papel é conjugar todas essas tarefas para agregar a todos. Não somos um grupo de Twitter ou de Facebook, mas um grupo que coordena todas as atividades como ferramentas de luta. Nós nos mobilizamos a partir das necessidades desses grupos e hoje estamos junto de todos os grupos trabalhando na divulgação e solicitação de engajamento de todo mundo", ressalva Deise Carravieri Tannous, uma das aposentadas engajadas na coordenação de ações do APOEMA.
Policial penal aposentada, Isabel Domingues é uma das administradoras do grupo Servidores aposentados contra o confisco SPPREV e também coordena o APOEMA.
"Sentimos uma necessidade de estarmos migrando para o Whatsapp e de ter uma maior coordenação, e daí surgiu o APOEMA, que é esse grupo de coordenadoras no qual estamos mais envolvidas", afirma. Além de Isabel, participam ainda liderando a coordenação Ana Alice, Lolita Dolores Taboada, Viviane Galafassi e Rosalva Teixeira.
No que depender da força e mobilização organizada destes aposentados e pensionistas, serão não apenas pontes, mas grandes pedras no sapato do governador, que vem encampando seguidos pacotes de maldades contra o funcionalismo paulista, e no dos deputados que não votarem contra o confisco das aposentadorias que já levou até a pedido de impeachment de João Doria.
Entre outras entidades, o SIFUSPESP também está engajado neste embate, tentando reverter na Justiça o confisco de aposentadorias dos servidores penitenciários por meio de ação do Jurídico do sindicato. Para o SIFUSPESP, a medida fere a dignidade humana e outros direitos fundamentais previstos nas Constituições Federal e do Estado de São Paulo, ao mesmo tempo em que há ilegalidade uma vez que o governo Doria até o momento não comprovou o déficit atuarial da SPPREV.
*Alterado em 29/04/2021, às 15h04, para correção e acréscimos de informações