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Segundo Raquel Dodge, procuradora-geral da República, o sistema penitenciário brasileiro é pouco discutido, estudado e sofre com má gestão política. MP se mostra interessado nas alterações feitas por Temer.

 

“O sistema prisional não está na agenda política do país”, foi o que disse a procuradora-geral da República e presidente do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Raquel Dodge, durante abertura do Seminário Internacional de Execução Penal, em Brasília, que teve início segunda-feira, 18/06 e segue até quarta-feira (20/06).

 

Durante o Seminário, Dodge apontou algumas das principais dificuldades pela qual passa o sistema prisional brasileiro, segundo sua visão e suas críticas foram amplamente divulgadas pela grande imprensa.

 

Entre os problemas citados estariam a má gestão dos recursos destinados ao sistema prisional já que a maior parte dos Estados acaba não utilizando adequadamente os recursos do FUNPEN (Fundo Penitenciário Nacional), a medida que o mesmo possui sobras anuais. Também a falta de coordenação e integração entre autoridades foi apontada, assim como anos de ausência de diagnóstico, com o Executivo definindo políticas públicas a partir de dados sempre defasados. Defende aqui o SUSP e o realocamento de recursos proposto por Temer em medida provisória.

 

A procuradora-geral propôs que a mudança estaria no “trabalho conjunto, de diálogo entre Ministério Público e Judiciário”. Para ela, o sistema prisional que não recupera o apenado e encarcera mal é um problema do país inteiro. Aqui aponta para um novo modelo de gestão (que pode ser privatizado) e demonstra interesse em disputar parte do sistema com o Executivo.

 

Análise da Conjuntura

Existe um esforço do Governo Federal, por meio da Medida Provisória 841/2018, que tramita na Câmara dos Deputados e tem como objetivo transferir recursos arrecadados pelas loterias federais para o Ministério da Segurança Pública. As verbas também sairiam dos Ministérios da Cultura e do Esporte para o Sistema Único de Segurança Pública, o Susp, que virou lei na última semana.

 

A estimativa é que os repasses, neste ano, sejam de R$ 800 milhões de recursos das loterias esportivas.Também existe um interesse de que empresas estrangeiras estejam presentes na realização de estudos preliminares para implementação de modelo de comunicação interna entre os diversos órgãos da segurança pública previsto pelo SUSP, para “embolsar” uma parte desse valor. O que acontece em nível federal é similar ao processo de políticas públicas ou análise feito por um grupo americano, dono de empresas privatistas na área da segurança, encaminhado pelo governo do Estado do Amazonas.

 

A parte disso, a imprensa brasileira tem ampliado em três níveis, desde o ano passado, a questão penitenciária.

  1. Por meio de novelas e séries tem estimulado a percepção da existência do sistema penitenciário, humanizando ou vulgarizando certas relações internas do sistema prisional, tirando da realidade. Assim, coletivamente, é criado um pensamento de determinadas necessidades e existências “baseadas no real”, mas fantasiosas. Analisando a segurança pública como carro chefe, não apenas da agenda do governo, mas das campanhas eleitorais, isso é perigoso.
  2. Existem críticas de longo prazo, como o da procuradora-geral da República Raquel Dodge, assim como de outros setores, que é um senso comum: a ideia de que o sistema penitenciário é um caos, que não ressocializa ninguém, de que é necessário que se faça algo, com a observação de que nunca é feito qualquer apontamento exato do que se fazer.
  3. Existem estudos, trabalhos de lobbies paralelos propondo a estimulação das APACs e de modelos de gestão de unidades que não ficam puramente na mão do Estado e que facilitam a privatização de setores ou de unidades inteiras. O próprio Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), presidido por Dodge, apresenta uma cartilha de implementação de APACs para os estados, o que mostra que as críticas têm objetivos da busca da aceitação do pensamento da privatização. Se o sistema está perdido e nada há o que se fazer, qual a solução apresentada?
  4. O que se percebe é que não apenas o Susp, assim como a própria formação do novo Ministério Extraordinário da Segurança Pública, MP 821/2018, aprovado às pressas, nesta terça-feira, 19/06, sem nenhuma discussão ou palavra de nenhum dos senadores, estão sendo realizados sem a participação da sociedade civil, sem órgãos de classe. Isso pode representar um risco da utilização desses valores para a construção de unidades prisionais com a iniciativa privada. Inicialmente no espaço federal, mas com modelo de privatização, selecionando presos, para confirmar o lobby de ampliação de modelos de privatização, porque construção de presídios a partir daí é negócio que rende lucros.
  5. Se as organizações dos trabalhadores não se atentar para este momento, deixará aqueles que estimulam a precariedade do sistema para fazer negócios como única voz na condução da nova política de segurança pública, incluindo a questão carcerária. "Se os trabalhadores do sistema não forem ouvidos, verdadeiramente o sistema não muda", aponta Fábio César Ferreira, o Fábio Jabá, presidente do SIFUSPESP.

 

O Diretor de base de nosso sindicato Rogério Grossi, editor do blog Agente de Luta e colunista do Portal Sifuspesp, esteve em Brasília esses dias e confirma nossa análise. Veja o vídeo a seguir:

 

 

É com pesar que o SIFUSPESP lamenta o falecimento do agente de segurança penitenciária(ASP) João Batista de Almeida Neto. O servidor morreu em decorrência de um acidente automobilístico registrado neste domingo, 17/06, na SP-258, que liga os municípios de Itararé e Itapeva, no interior do Estado de São Paulo.

Almeida Neto tinha 69 anos e era aposentado do serviço de ASP. Segundo informações da Polícia Rodoviária Estadual, ele teria perdido o controle de seu veículo e batido de frente com um caminhão que seguia na direção contrária, morrendo na hora. O motorista do caminhão não sofreu ferimentos.

O SIFUSPESP se solidariza com a família e os amigos do ASP neste momento de imensa tristeza e se coloca à disposição para prestar o apoio necessário a todos.

Em primeira reunião de grupo de estudos sobre o tema, SIFUSPESP, SINDESPE, SINDCOP e SINDASP-SP unidos ratificam trabalho de estudos junto ao governo do Estado e demonstraram que atuação em conjunto pode render benefícios para os servidores

 

Integrantes do SIFUSPESP, SINDESPE, SINDCOP E SINDASP-SP se reuniram pela primeira vez nesta segunda-feira, 18/06, para dar início aos debates do grupo de estudos com as Secretarias de Administração Penitenciária(SAP), da Casa Civil e de Planejamento e Gestão do Estado de São Paulo, que visa a implementar o pagamento de um bônus salarial a todos os servidores do sistema prisional.

Representando a Secretaria de Administração Penitenciária: Andréa Fernanda Crudo e Eliana Barros Sbragia de Souza.

Representando as Entidades Sindicais: Antonio Pereira Ramos e Shelley Xavier Raimundo - SINDESPE, Fábio Cesar Ferreira e José Reinaldo Maracajá da Silva - SIFUSPESP, Márcio Santos - SINDASP, Carlos Neves e Carlos Eduardo - SINDCOP.

Representando Secretaria de Gestão: Sara da Silva Freitas, Mirna Ayres Issa Gonçalves, Adriana Paranhos Pinto, Edmilson Antônio de Almeida Valle e o Secretário Maurício Pinto Pereira Juvenal.

Durante o encontro, realizado no Palácio dos Bandeirantes (sede do governo paulista), a SAP apresentou aos sindicalistas um levantamento feito em 2014 sobre o impacto que o benefício traria para os trabalhadores penitenciários. De acordo com informações da pasta, estas informações serão atualizadas de maneira ágil e apresentadas em uma nova reunião, a ser realizada em breve, mas que ainda não possui definição de data.

A partir deste novo levantamento, o governo paulista vai estabelecer os índices que determinarão o bônus, que posteriormente serão debatidos pelos sindicatos. Segundo o secretário de Planejamento e Gestão, Maurício Juvenal, a ordem do governador Márcio França(PSB) é para que este cálculo possa conceder um benefício considerado “viável” e que o Palácio dos Bandeirantes “não vai colocar empecilhos para que o servidor possa recebê-lo”.

Além da iniciativa que agora encontra-se unificada entre todos os sindicatos SIFUSPESP, SINDESPE, SINDCOP E SINDASP-SP, o grupo de estudos sobre a concessão do bônus conta com todo respaldo e apoio do deputado Caio França(PSB) e de seu assessor parlamentar, o ex-agente penitenciário Renato Donato. Ambos são diretamente responsáveis pela criação do grupo e pela articulação dos encontros entre os trabalhadores e os representantes do governo.

 

 

Os representantes das entidades, presentes na reunião desta segunda, afirmaram que a união, existente entre os sindicatos nessa discussão, pode representar um avanço extremamente relevante para a categoria. Essa união favorece aos trabalhadores penitenciários para que esta demanda possa avançar com êxito.

 

A questão dos concursos

Aproveitamos para informar sobre os concursos públicos que tratamos em matéria anterior:  <http://www.sifuspesp.org.br/noticias/5606-governo-de-sao-paulo-autoriza-provimento-de-cargos-de-495-novos-asps>. Nesta matéria informamos que: O governo de São Paulo tinha autorizado o provimento de cargos para 450 novos agentes de segurança penitenciária(ASPs) masculinos e 45 femininos. Os servidores do sistema prisional paulista seriam remanescentes de concursos já realizados, os homens do certame de 2014 e as mulheres de 2013. 

A esse respeito, o Secretário do Planejamento na reunião de estudos, disse que está terminando alguns estudos, como já vimos alguns nomes já foram publicados, e quanto ao concurso de AEVPs disse que estariam por terminar um estudo de viabilidade para proceder com a chamada. Em poucos dias o secretário irá se pronunciar e passar para os sindicatos informação a respeito.     

 

 

 

 

 

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