Para o diretor de Saúde do sindicato, Apolinário Vieira, servidores penitenciários estão ficando doentes em razão do aumento do déficit funcional e da insalubridade das prisões, mas não contam com atendimento qualificado nos hospitais da região, pelo qual contribuem mensalmente com alíquota obrigatória que incide sobre os salários. Audiência pública foi organizada pela Alesp e será replicado em dezenas de outros municípios paulistas
por Giovanni Giocondo
No que se configurou uma excelente oportunidade para pautar debate sobre a aplicação dos investimentos do governo de São Paulo em todas as regiões do Estado, o diretor de Saúde do SIFUSPESP, Apolinário Vieira, esteve nesta quinta-feira(24) em Presidente Prudente para participar de uma audiência pública sobre o Orçamento Estadual de 2023.
O evento, realizado na Câmara Municipal, contou com a presença de inúmeras entidades que representam servidores públicos, além de alguns deputados estaduais, entre eles Ed Thomas(PSB), Gilmaci Santos(Republicanos), Enio Tatto(PT) e Carlos Giannazi(PSOL) - que participou por vídeo. Outras audiências organizadas pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo(Alesp) vão acontecer pelo interior, litoral e Grande Sâo Paulo. A próxima delas está marcada para esta sexta-feira(25), na cidade de Dracena.
Durante o tempo que teve para expor as demandas dos trabalhadores penitenciários que vivem em Prudente e nos municípios do entorno, Apolinário Vieira deu destaque ao grande número de unidades prisionais que estão espalhadas pela região - cerca de 48 - e sobretudo à situação precária em que se encontram devido à superlotação de presos e ao quadro deficitário de funcionários.
Nesse sentido, o diretor de Saúde do SIFUSPESP explicou sobre o atual estágio de esgotamento físico e psíquico dos servidores que atuam nos estabelecimentos penais, sobretudo por terem de lidar com a falta de efetivo que garanta sua plena segurança frente a uma profissão tão arriscada. Paralelamente a isso, não existe uma compensação financeira por essa atividade essencial e vital ao funcionamento do Estado.
“Estamos angustiados. Ao sair de casa, não sabemos se vamos retornar para nossos lares no final do dia. E apesar desse esforço hercúleo para manter a ordem e a segurança da população, recebemos salários baixos, que mesmo com o reajuste agora aprovado pela Alesp e que deve ser sancionado pelo governador - de 20% - não conseguiremos cobrir as perdas inflacionárias dos últimos anos, que já beiram os 50%”, criticou.
No olhar de Apolinário Vieira, devido a esse acúmulo de dificuldades, o servidor acaba ficando doente, e quando precisa do atendimento no Instituto de Assistência Médica do Servidor Público Estadual(IAMSPE), não o obtém. “Em Prudente, a Santa Casa encerrou o contrato neste mês, em caráter definitivo. Estávamos há dois anos sem serviços que não fossem urgência e emergência. Agora, nem isso. É um abandono total”, relatou.
Para o sindicalista, “é impraticável” que os trabalhadores permaneçam nessas condições, principalmente porque pagam mensalmente entre 2% e 3% de seus salários para custear o plano de saúde. “Queremos a contrapartida financeira do governo do Estado, que tentou privatizar o instituto e não conseguiu. Com saúde não se brinca. Mas também precisamos participar das decisões sobre o IAMSPE, de forma democrática e transparente”, sugeriu.