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Casos envolvendo ninjas têm se proliferado na unidade do semiaberto. Quando tentam impedir detentos de recolher material ilícito, servidores precisam se proteger para não serem atacados com pedaços de pau, ferro e vidro. Baixo efetivo de funcionários e descontrole da disciplina preocupam muito o SIFUSPESP

 

por Giovanni Giocondo

Os policiais penais que atuam no Centro de Progressão Penitenciária(CPP) de Mongaguá, no litoral paulista, têm sofrido muito para conter uma verdadeira epidemia de arremessos de drogas e celulares para dentro da unidade prisional. Além da frequência com que os casos têm acontecido, o que mais assusta os servidores é o método utilizado pelos sentenciados para conseguirem recolher os materiais ilícitos.

De acordo com os relatos dos servidores, o problema se tornou rotina e começa logo após o soar das sirenes, quando os funcionários identificam que ninjas atiraram mochilas ou sacolas por sobre o alambrado. Armados com pedaços de pau, de ferro e de vidros que quebram das janelas, os detentos avançam sobre os policiais penais, que em menor número, são obrigados a recuar.

Sem essa resistência, os detentos conseguem recolher a maior parte das drogas e dos celulares arremessados, geralmente à noite. No dia seguinte, quando o turno da manhã prepara uma blitze nas celas, não consegue encontrar a maior parte dos objetos e entorpecentes. Somente na última terça-feira(09), durante o dia, oito sacolas com equipamentos eletrônicos e drogas foram jogados para dentro do CPP de Mongaguá.

Os funcionários apontam descontrole na ordem e na disciplina da unidade, já que poucos dos detentos identificados por terem participado dos delitos são transferidos, gerando a sensação de que os presos “estão no comando”. A prática dessa modalidade de crime teria se iniciado entre sete e oito meses atrás, e abre um precedente perigosíssimo para repetição em outros estabelecimentos do regime semiaberto.

Recentemente, o Grupo de Intervenção Rápida(GIR) chegou a ser acionado algumas vezes para tentar conter os delitos. No entanto, como a equipe não possui base na unidade, os crimes voltam a se repetir assim que se encerra o trabalho de intervenção. “Os servidores não aguentam mais. Estão em no máximo seis trabalhando na madrugada, que é o período onde são mais comuns as invasões dos ninjas”, explica um dos trabalhadores

O CPP de Mongaguá é um dos estabelecimentos penais do semiaberto mais superlotados do Estado. Com capacidade para 1.640 reeducandos, possui atualmente 2.446 sentenciados. Para o coordenador da sede regional do SIFUSPESP na Baixada Santista, a gigantesca população carcerária, que varia entre 300 e 400 homens em cada pavilhão, mantém os funcionários sob uma angústia permanente.

“O policial penal fica nessa rotina de gato e rato, em meio a um déficit funcional monstruoso, com acúmulo de funções que comprometem ainda mais a segurança da unidade. Isso não é normal. Se nós não tomarmos as rédeas da situação, não tem porque estarmos lá”, lamentou o trabalhador do CPP.

Devido ao grande número de ocorrências registradas no CPP, o presidente do SIFUSPESP, Fábio Jabá, entrou em contato com a Coordenadoria de Unidades Prisionais do Vale do Paraíba e Litoral (Corevali) e com a Secretaria de Administração Penitenciária(SAP). No pedido, solicitou que sejam transferidos mais servidores para atuar na unidade, incluindo policiais penais de escolta e vigilância penitenciária, além da instalação de uma base do GIR, com o objetivo de dinamizar a realização das blitzes nas celas.

O sindicato defende que os detentos identificados por envolvimento nos delitos sejam punidos, com a regressão para o regime fechado. Para fazer a apuração de todas as denúncias feitas pelos servidores da unidade, representantes da entidade vão agendar uma visita oficial ao CPP, cuja data será informada no site e nas redes sociais do SIFUSPESP.

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