Por Redação - SIFUSPESP
A semana de acirramento da luta contra a reforma da Previdência do governador João Doria (PSDB) terminou na noite desta quinta-feira (5) com a suspensão da sessão plenária que daria continuidade às discussões da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) estadual 18/2019. Deputadas da oposição ocuparam a mesa diretora da Assembleia Legislativa (Alesp) e o presidente da casa, Cauê Macris (PSDB), teve que transferir a sessão para segunda-feira (9), a partir das 9h, quando o funcionalismo volta à batalha.
A presença maciça e a pressão permanente dos servidores públicos na Alesp foi fundamental para que a tramitação da PEC ficasse travada por mais uma semana, apesar da segurança da Alesp ter tentado dificultar o acesso da população à casa neste 5 de dezembro. Presidente do SIFUSPESP, Fábio César Ferreira, o Fábio Jabá, segue reforçando a convocação de todos os servidores que estiverem de folga para que compareçam à Alesp todos os dias possíveis.
“Os trabalhadores da segurança pública já mostraram sua força em 2017, quando fomos protagonistas da luta em Brasília e travamos a reforma previdência na época do Temer, que tinha como ministro o mesmo Henrique Meirelles que hoje governa com Doria ao lado do mercado, dos banqueiros, querendo privatizar tudo. Vamos derrubar a reforma aqui em São Paulo e a luta agora é na Alesp”, afirma o sindicalista.
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Ontem o embate ganhou ainda apoio do movimento estudantil e mais trabalhadores aderiram à mobilização, depois das ofensas do deputado Arthur do Val (sem partido), o Mamãe Falei, que chamou os servidores de “vagabundos” e atacou sindicalistas na sessão da quarta-feira (4). Neste dia, os trabalhadores permaneceram na Alesp desde o período da manhã até a meia-noite e meia da quinta-feira (5).
O parlamentar, que apoia a reforma de Doria, se irritou porque os servidores ficaram de costas durante seu discurso. Ele se referiu aos trabalhadores em luta pela aposentadoria como “gado”, “boiada” e dizendo “Vamos privatizar tudo!”, aos berros no púlpito do plenário. Do Val ainda acusou o deputado Teonilio Barba (PT) por favorecimento para aprovação de um projeto de lei do governo, e a sessão terminou em tumulto, com Mamãe Falei obrigado a deixar o plenário aos gritos dos servidores de “Vai correr, vai correr!”. Confira o vídeo:
Audiência pública e reunião com a SPPrev
Uma audiência pública na segunda-feira (2), com presença maciça de diversas categorias do funcionalismo paulista, deu início às atividades da semana contra a reforma previdenciária do governo estadual, com o auditório Franco Montoro lotado. O recado dos servidores públicos foi claro: não vão aceitar as mudanças que Doria quer impor e a luta vai se acirrar diariamente na Assembleia Legislativa, como ocorreu ao longo desta última semana.
Na ocasião, representantes dos servidores rebateram o argumento do governo de que a reforma é necessária para manter as contas do Estado paulista. Os cofres públicos não só não estão em colapso, longe do limite prudencial de gasto, como não é possível aceitar essa justificativa diante dos bilhões em desoneração fiscal dados a empresas pela gestão Doria e pelos governadores tucanos que o antecederam nos últimos anos, criticaram os dirigentes.
No mesmo dia, como deliberação da audiência, ocorreu ainda uma reunião com o presidente da SPPrev, José Roberto de Moraes, que foi questionado por trabalhadores da segurança pública, da educação, saúde e outros segmentos a dar explicações que justifiquem tecnicamente a necessidade de mudança no regime das aposentadorias.
As semanas de luta vêm mostrando que são os deputados que estão ao lado dos servidores na batalha contra a reforma de Doria, mas muitos parlamentares ainda não se manifestaram. É preciso pressionar e cobrar posicionamento deles, ressalta a direção do SIFUSPESP. Cobre os deputados comentando e enviando mensagens pelas redes sociais e também por e-mail.