Márcia Ferraz Barbosa é Coordenadora do SIFUSPESP da Regional Bauru e Diretora do Departamento de Mulheres do SIFUSPESP. Funcionária do CPP III de Bauru, o antigo IPA, ela também faz parte do grupo de mobilização pela permanência dos funcionários da unidade em Bauru, caso haja desativação do CPP.
E é nesta condição que Márcia Ferraz dá entrevista, sobre como anda esse movimento.
- A desativação do CPP III é boato ou é verdade? O que já foi esclarecido em relação ao tema?
Não se trata de boato, trata-se de um movimento exercido pela sociedade civil organizada de Bauru e região, que através de abaixo-assinados encaminhados ao deputado estadual por Bauru, Dr. Pedro Tobias, que por sua vez encaminhou ao governador Geraldo Alckmin, onde se pede a desativação pura e simples do CPP “Prof. Noé Azevedo” de Bauru, também conhecido como CPP III de Bauru, unidade prisional inaugurada há mais de 50 anos, a primeira unidade semiaberto do município, de um total de 03 CPPs atualmente instalados no município de Bauru.
O que foi esclarecido efetivamente, pelo mesmo deputado Dr. Pedro Tobias, é que realmente há um grande interesse da comunidade pela desativação do CPP III de Bauru em troca de uma escola de soldados PMs que seria abrigada nas instalações onde agora funciona o CPP III, porém, o governador do Estado não pode se posicionar a favor, tendo em vista a necessidade das vagas oferecidas pela unidade em questão.
- Qual é a sua opinião sobre o assunto? Acredita que a unidade será mesmo desativada?
A minha opinião é que a cidade está crescendo, os terrenos no entorno do CPP III foram vendidos para empresários interessados em construir condomínios residenciais e que não querem ter como vizinhos uma unidade prisional. Oferecer uma escola de soldados PMs nada mais é que uma manobra para cooptar adeptos à causa. Se for ter ou não essa escola, é algo que depois se verá, ou não. Tenho comigo que a desativação é algo que irá acontecer, são muitos interesses imobiliários, porém espero que não seja nem em curto e nem em médio prazo, mas que demore um bom tempo para acontecer.
- O que o grupo de mobilização defende?
Nosso grupo de Mobilização Permanente defende primeiramente a permanência de todos os servidores do CPP III de Bauru no município de Bauru, que este compromisso seja assumido por todos que, ao assinarem os abaixo-assinados, se esqueceram dos 250 servidores/funcionários que trabalham na unidade, pais e mães de família que aqui estão estabelecidos a 20, 30 anos. Que são contribuintes e eleitores de Bauru, com financiamentos de imóveis, de automóveis, que injetam seus salários e de seus cônjuges na economia da cidade. Que ajudam a construir essa cidade. Que não podem ser descartados ao Deus dará.
- O grupo de mobilização tem conseguido apoio político para a sua causa?
Sim, onde estamos indo e explicando os nossos temores e a real situação enfrentada por nós, temos conseguido apoio sim. Procuramos o PV (Partido Verde), o PT (Partido dos Trabalhadores), o presidente da Câmara Municipal de Bauru, Pastores, OAB, que ao saber da realidade por nós enfrentada, tem nos apoiado incontinente e se colocado à disposição para levar a nossa defesa em frente, para as esferas superiores.
- Qual é o temor dos funcionários?
O nosso maior temor é sermos transferidos para outros municípios, onde teríamos que recomeçar a vida num momento em que deveríamos estar pensando apenas e tão somente em terminar o nosso exercício funcional.
- Quais são os próximos passos do grupo?
Continuar levando a nossa mensagem ao maior número de pessoas do município e às autoridades políticas do estado, buscando agregar o maior número de pessoas que se solidarizem com a nossa causa, no nosso entender uma causa muito justa.
- Como você avalia essa mobilização dos servidores de Bauru?
Avalio de forma positiva, estamos conseguindo conscientizar a todos da necessidade e urgência em pararmos com o movimento de expulsão a que estamos sendo submetidos. Todos estão mobilizados num único objetivo. Isso é muito bom.