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Atenção

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agente sil

Texto:Marcelo Souza

Vivemos tempos difíceis. Tempos de escuridão. Tempo em que parece não haver luz no final do túnel.
Temos uma das mais antigas profissões do mundo. A segunda profissão mais perigosa. Uma das menores expectativas de vida. E a profissão mais ignorada dentre todas.
Temos os mesmos deveres dos policiais. Mas nenhum direito.
Ah sim! Temos o direito de permanecermos calados e aceitar todos os mandos e desmandos que estamos a sofrer. Aceitar calados as ameaças, as agressões. Aceitar calados os atentados e os assassinatos.
Esqueceram de nós, como insistem em esquecer àqueles que cuidamos.
Como os presos que são mandados para o interior das penitenciárias, localizadas, em sua maioria, longe dos olhos da sociedade a fim de serem esquecidos e ignorados, nossa categoria, mais uma vez, foi simplesmente ignorada.
Estamos doentes. Estamos morrendo.
Quando não somos assassinados friamente pelo crime organizado que o estado insiste em negar a sua existência e principalmente insiste em negar que este aja dentro e fora dos presídios, causando morte, extorsões dentre outras coisas terríveis a fim de externar poder e influencia no mundo do crime.
Tiramos a nossas vidas de forma vil e cruel. Trancamo-nos no interior dos nossos carros com arma em punho a fim de dar fim àquilo que nos deixa triste, a fim de dar fim àquela dor insuportável que sentimos em nosso coração. Penduramo-nos em arvores ou em qualquer lugar que possa quebrar o nosso pescoço e nos tirar de todo este sofrimento que achamos ser incurável.
Oh, meu Deus! Oh, meu Deus! O que fizemos nós para merecer tamanho descaso? O que fizemos para merecer tamanho desprezo?
Há anos não temos aumento salarial.
Há anos não temos sequer reposição salarial.
Estamos doentes, endividados.
Se não bastasse a pressão do crime organizado. A violência que impera dentro das prisões, e muitas vezes fora, onde somos ameaçados, não só nós, mas também as nossas famílias.
Agora também sofremos pressões que antes não sofríamos. Nossa saúde financeira esta abalada.
Moramos em lugares de risco. Colocando não só a nossa vida em perigo, mas também, a vida de nossos familiares.
Não conseguimos colocar os nossos filhos em boas escolas.
Não temos acesso a um sistema de saúde descente, afinal, nosso plano de saúde é uma piada, e não temos dinheiro para pagar um plano que nos dê todo o apoio necessário.
Na verdade o que ganhamos hoje sequer paga as nossas contas básicas, como aluguel, água, luz, telefone, transporte, compra mensal. Plano de saúde é um sonho distante. Escola particular para os nossos filhos... Nem nos nossos melhores sonhos.
Estamos abandonados à própria sorte.
Trabalhamos em unidades prisionais super lotadas. Trabalhos em condições degradantes. Fazemos o trabalho de dois, três, funcionários ou mais. Fazemos horas extras (DEJEP) a fim de amenizar o caos financeira que vivemos e isto nos deixa doente.
Doentes não temos amparo. Sem amparo...
Sem amparo morremos. Morremos da forma mais vil e cruel que tem, pois, preferimos dar um fim definitivo a este sofrimento do que viver tamanha angustia.
Estamos abandonados. Fomos abandonados.
Então pergunto? O que faremos?
Vamos aceitar passivamente tudo isto, ou vamos mostrar ao mundo que isolados nas masmorras do estado, isolados nos fundos das penitenciárias localizadas longe dos olhos da sociedade há uma categoria que luta para que a Lei de Execução Penal seja cumprida, mesmo que o estado esteja pouco se lixando para ela?
Mostrar que longe dos olhos da sociedade há uma categoria que clama por justiça e reconhecimento. Uma categoria de pessoas corajosas que lutam diuturnamente contra o crime organizado de cara limpa e mãos vazias.
Uma classe de heróis que mesmo sem reconhecimento algum é um exemplo de honestidade, dedicação e amor para com a sociedade.
Uma classe de heróis que vive e morre para o bem comum e que merece ser reconhecida e respeitada.
E então, o que faremos?
Aceitar passivamente toda esta injustiça ou partir para luta e mostrar ao mundo o que, e quem, de fato somos?

 

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