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O último dia do ano foi marcado por tensão na Penitenciária de Pacaembu, quatro sentenciados se recusaram a voltar às suas celas após o encerramento das visitas no domingo 31/12.

Os presos se armaram com espetos de cabo de vassoura e amarraram a porta da gaiola para impedir a entrada dos policiais penais no pavilhão habitacional.

Os amotinados foram contidos pela rápida atuação da célula do CIR da unidade, felizmente nenhum Policial Penal se feriu durante a ação.

Governo já foi avisado que a situação do sistema prisional está ficando insustentável

Durante o último ano tanto a SAP quanto o governo Tarcísio foram alertados de que devido a falta de pessoal, péssimas condições de trabalho e falta de itens essenciais para a população carcerária, o sistema prisional paulista se encontra a beira do caos.

O SIFUSPESP sempre deixou claro, tanto para a administração da SAP, que as falhas cometidas pela atual administração estão colocando em risco a estabilidade do sistema prisional paulista, ameaçando a vida dos policiais penais e a segurança da sociedade.

Porém apesar de termos apresentado um diagnóstico do sistema prisional apresentando seus principais problemas e soluções através do Raio X do Sistema Prisional , o governo decidiu descartar todo o trabalho elaborado com a ajuda de especialistas e funcionários com ampla experiência nas unidades prisionais paulistas.

A SAP não foi ao menos citada no planejamento estratégico do governo do estado, fato que demonstra o desconhecimento sobre os riscos que podem advir de uma má gestão do maior sistema prisional da América Latina e berço do PCC, uma das organizações criminosas de maior periculosidade do mundo.

Cabe lembrar ao governo que a falta de condições mínimas e o sucateamento da estrutura penitenciária do estado levaram ao surgimento da facção.

Hoje vemos que o governo Tarcísio vem cometendo os mesmos erros do governo do PSDB, não ouvindo os alertas dados pelo sindicato sobre a elevação da tensão e dos riscos nas unidades prisionais.

Desde sua fundação o SIFUSPESP sempre cumpriu seu papel de alertar os governos sobre os riscos do abandono do sistema e seus reflexos na segurança pública.

Esperamos que o Governo acorde antes que o descaso para com o sistema prisional paulista novamente se transforme em tragédia como ocorreu em 2006.

A Penitenciária de Getulina foi palco de uma agressão a um Policial Penal, no dia 22/12, a agressão aconteceu no “gaiolão” que dá acesso aos quatro pavilhões habitacionais.

Segundo relato dos servidores, o sentenciado voltava de um atendimento na enfermaria quando agrediu o Policial Penal que estava nesse posto. O preso foi contido pelo servidor  e dominado com a chegada de mais Policiais. No dia de hoje (03/01) o mesmo Policial Penal foi agredido no mesmo posto de trabalho.

Ainda segundo relatos de servidores da unidade, esse posto normalmente é mantido por apenas um Policial Penal que fica desprotegido e em contato direto com a população.

Todos os deslocamentos da unidade passam pelo “gaiolão” , ou seja, temos a movimentação de centenas de sentenciados ao dia a cargo de apenas um Policial exposto e sem proteção.

Os Policiais Penais da unidade relatam que há anos solicitam a automação das portas de acesso aos raios e a instalação de proteções para o Policial Penal.

 O SIFUSPESP entrou em contato com a Coordenadoria da região Noroeste solicitando que sejam adotadas com urgência as medidas de segurança reivindicadas pelos trabalhadores para que agressões deste tipo não se repitam.

Redução de efetivo coloca em risco a vida dos Policiais Penais

A gravíssima redução de efetivo que vem ocorrendo na SAP tem se refletido na redução da segurança visto que o acúmulo de postos de trabalho, assim como a redução do número de trabalhadores por posto impacta negativamente a segurança. Neste final de ano tivemos uma série de incidentes disciplinares graves que, ao contrário do que afirmou o Sr.Marcelo Streifinger, Secretário da SAP na ALESP, não são normais.

Junto com a falta de efetivo, as péssimas condições de trabalho e a falta de itens essenciais para os sentenciados têm tornado cada vez mais perigosa a atuação dos Policiais Penais.

Enquanto isso, a SAP pretende contratar após a regulamentação da Polícia Penal apenas mil e cem homens que não repõem nem mesmo as aposentadorias, falecimentos e exonerações do primeiro semestre do ano de 2023.

 

O Governo Tarcísio de Freitas apresentou através da Procuradoria Geral do Estado às contrarrazões à manifestação feita pelo PSB na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) nº72 impetrada pelo PSB junto ao STF à pedido do SIFUSPESP.

 

 O que é a ADO nº72

A ADO é uma ação que visa reverter a conduta omissa de um ente federativo em relação à promover as mudanças legislativas necessárias em caso de mudanças constitucionais.

No caso específico da ADO nº72 as mudanças dizem respeito à regulamentação da Polícia Penal que foi incluída na Constituição Federal em 04/12/2019 através da EC104.  

 

A ADO nº72 foi apresentada pelo PSB à pedido do SIFUSPESP frente a não regulamentação da Polícia Penal no estado de São Paulo. Pouco depois da ADO  ser aceita pelo Supremo Tribunal Federal o então Governador em exercício Rodrigo Garcia enviou a ALESP a PEC 02 de 2022 que foi votada por unanimidade e transformada na Emenda Constitucional 51 em 10/06/2022.

Porém o texto da própria EC 52 em seu artigo 3º  parágrafo segundo deixa explicito :” Lei orgânica e estatuto disciplinarão a organização, atribuições, funcionamento, direitos, deveres, vantagens e regime de trabalho da Polícia Penal e de seus integrantes, respeitadas as leis federais concernentes.”

Ou seja, o governo continuou omisso em seu dever de ajustar a legislação do estado à partir do momento que não deu continuidade à regulamentação da Polícia Penal.

 

Procuradoria apresenta resposta evasiva e com erro.

A primeira coisa que chama a atenção na resposta do Governo é o erro grosseiro quando a procuradoria cita a Emenda à Constituição Paulista nº 55, de 2022, que sequer existe, como todos sabem a emenda que regulamenta a Polícia Penal é a de número 51 de 2022.

Em seguida, o governo aponta medidas que não impactam a regulamentação, como a criação de um grupo de trabalho sobre uniformes, como se isso resolvesse alguma coisa em relação à regulamentação.

Porém o que mais chama a atenção é o fato de apesar do estado declarar:” Em razão das implicações técnico-jurídicas e orçamentárias envolvidas para sua efetivação e edição, a Alta Administração do Estado e a Secretaria da Administração Penitenciária – SAP, empreenderam esforços conjuntos com diversas áreas do Governo, dentre as quais apontamos as Secretarias da Fazenda, Gestão, Casa Civil e Procuradoria do Estado.”

O Estado não incluiu na lei orçamentária a regulamentação da Polícia Penal e muito menos no plano plurianual do Estado.

Outro fato que chama a atenção é que apesar da Procuradoria do Estado apresentar um documento o processo SEI nº 006.00008128/2023-57, de 22 de maio de 2023,

que hospeda o Projeto de Lei Complementar que visa instituir a Polícia Penal do

Estado de São Paulo, sua criação e regulamentação. O próprio Secretário da Casa Civil Arthur Lima na última reunião com os sindicatos em setembro de 2022 afirmou que o projeto não estava pronto, tal fato se comprova com o não envio da lei para a Alesp até o encerramento do ano legislativo. 

Visto o citado documento SEI estar com acesso restrito, não permitindo sua visualização a procuradoria espera que o STF confie apenas na palavra do Governo sem a apresentação de nenhuma prova concreta.

 

SIFUSPESP exige que o governo cumpra sua palavra

O atual governo em meio às negociações que acontecem desde maio do ano passado prometeu apresentar a proposta aos sindicatos antes da mesma ser apresentada na ALESP, o SIFUSPESP vai cobrar que essa promessa seja cumprida visto que é necessário revisar o texto e garantir que não haverá prejuízo aos policiais penais com a regulamentação. Visto que o Governo já descumpriu sua palavra com o reajuste, não podemos nos arriscar de termos uma lei orgânica que gere prejuízos para os Policiais Penais.

Cabe destacar que o SIFUSPESP manteve o diálogo com o Governo até quando foi possível e que a ADO serve como instrumento legal de pressão para que a lei seja cumprida e que de forma alguma prejudica a tramitação da Lei Orgânica, ao contrário das calúnias propaladas por indivíduos que buscam a desunião da categoria tem afirmado sem nenhuma base legal ou de realidade.

Abaixo a íntegra das contrarrazões apresentadas pelo estado:

Contrarrazões ADO 72

 

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