Após o envio para a ALESP do PLC 37/2024 que regulamenta a Polícia Penal, deixando de fora os Oficiais Operacionais motoristas que prestavam serviços assemelhados aos de Policiais Penais no transporte e escolta de presos o SIFUSPESP recebeu a carta abaixo de um grupo de motoristas que convivem diariamente com os riscos inerentes de dirigir uma viatura de transporte de presos.Este Oficiais Operacionais já vêm há anos se organizando junto com o sindicato de forma a garantir seus direitos.
Cabe ressaltar que o SIFUSPESP fez gestão junto a vários deputados para que além de transformar os Oficiais Operacionais Motoristas em Policiais Penais os profissionais das áreas técnica, de saúde e administrativa também fossem incluídos como quadro de apoio a Policia Penal reconhecendo assim a especificidade e excelência de seus trabalho.
Abaixo a carta dos Oficiais Operacionais Motoristas
Motoristas na Polícia Penal de São Paulo e Seus Impactos: Um Apelo por Justiça e Valorização
Introdução:
A regulamentação da Polícia Penal no Estado de São Paulo tem suscitado debates sobre a inclusão de carreiras essenciais ao sistema penal, como a dos oficiais operacionais motoristas. Estes profissionais, que há décadas desempenham funções críticas como o transporte e a escolta de presos, estão sendo excluídos do novo projeto, o que traz sérias consequências para a categoria e para o sistema de segurança pública como um todo.
Histórico e Funções dos Oficiais Operacionais Motoristas:
Os oficiais operacionais motoristas da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) desempenham funções vitais para a segurança pública. Passando por concursos específicos, eles realizam tarefas de alto risco, como transporte e escolta de sentenciados em missões que variam desde apresentações de saúde até o transporte dos criminosos mais perigosos da sociedade. Apesar de acumularem anos de experiência em atividades que, na prática, são de natureza policial, o novo projeto da Polícia Penal não reconhece essas atribuições, excluindo-os injustamente da nova estrutura.
Impactos da Exclusão:
A exclusão dos motoristas da Polícia Penal desvaloriza uma categoria que sempre atuou com zelo e dedicação, deixando esses profissionais à margem do reconhecimento que merecem. A retirada repentina das atribuições que sempre lhes foram conferidas gerou um impacto psicológico profundo, com muitos motoristas relatando aumento de estresse e adoecimento. Essa mudança abrupta, sem justificativa clara, desmoraliza uma categoria já desgastada pela falta de valorização salarial e reconhecimento profissional, agravando ainda mais a crise na gestão de carreiras dentro da SAP.
Conclusão: Um Apelo por Justiça e Inclusão:
A construção de uma Polícia Penal forte e eficiente depende da inclusão de todos os profissionais que historicamente contribuem para a segurança pública. Os oficiais operacionais motoristas desempenham funções indispensáveis para o funcionamento do sistema penitenciário e devem ser reconhecidos como tal. A exclusão desses profissionais
compromete a eficácia operacional da Polícia Penal, que já nasce com um déficit funcional, além de representar um retrocesso na valorização das carreiras dentro da Secretaria de Administração Penitenciária. É urgente que o governo reconsidere sua posição, garantindo a inclusão desses motoristas na nova estrutura policial, com o devido reconhecimento e valorização.
Mobilização dá resultados
A participação dos Oficiais Operacionais motoristas na ALESP em conjunto com o SIFUSPESP garantiu que os Deputados Capitão Telhada, Carlos Giannazi,Lucas Bove, Márcia Lia, Major Meca,Valdomiro Lopes, apresentassem emendas para a transformação da carreira dos que exercem a função de condução de presos em Policiais Penais.
Além de contemplar os motoristas, o Deputado Carlos Giannazi apresentou emenda criando o quadro de apoio que inclui todas as carreiras que com seu inestimável trabalho fazem o sistema prisional paulista funcionar.
Segundo Fábio JAbá Presidente do SIFUSPESP “Hoje a SAP tenta descartar esses profissionais que durante anos arriscaram suas vidas e ajudaram no bom funcionamento do sistema prisional. Sempre estivemos ao lado desses guerreiros que são de fato são Policiais Penais, é muito triste que o governo tenta fazer com eles” “No que depender do SIFUSPESP eles serão acolhidos na lei, isso é uma questão de honra e reconhecimento” completou Jabá.
É com imenso pesar que o SIFUSPESP comunica o falecimento do Policial Penal aposentado Orlando Pereira de Castro, aos 84 anos, ocorrido ontem (18).
Dr.Orlando como era conhecido iniciou a carreira na Penitenciária do Estado, na Penitenciário Feminina da Capital como diretor de disciplina entre 86 e 87 com a Dra.Carmem Lucia,posteriormente na Penitenciária Feminina de Campinas e encerrou sua carreira na Casa de Custódia de Taubaté.
Posteriormente como advogado chegou a defender vários Policiais Penais sem custo algum.
Segundo Fábio Jabá, Presidente do SIFUSPESP:” O Dr. Orlando era um grande defensor da categoria e profissional honrado, sua partida é uma perda para todos nós.”
Neste momento de perda o SIFUSPESP apresenta suas mais sinceras condolências a todos os familiares, amigos e colegas de trabalho de Orlando Pereira de Castro.
Por Adriano Marques*
A discussão sobre a militarização das polícias penais emergiu com força nos debates jurídicos e políticos recentes, suscitando profundas questões sobre a conformidade dessas práticas com o Estado Democrático de Direito. A militarização das polícias penais, entendida como a incorporação de características e práticas militares nas atividades de órgãos responsáveis pela segurança dos estabelecimentos penais e execução penal, apresenta-se como um tema que desafia os princípios fundamentais do sistema jurídico brasileiro. Neste contexto, o presente texto busca examinar a ilegalidade e a inconstitucionalidade dessa abordagem, argumentando que a militarização representa um retrocesso significativo ao Estado Democrático de Direito.
A Estrutura do Sistema Penitenciário Brasileiro
A estrutura civil das instituições encarregadas da execução penal reflete um modelo que busca assegurar a proteção dos direitos humanos e a reabilitação dos condenados. A Polícia Penal, como uma entidade policial, foi criada para dar suporte à execução penal, seguindo diretrizes de respeito aos princípios constitucionais e ao Estado de Direito.
A Militarização das Polícias Penais: Conceito e Imposição
A militarização das polícias penais envolve a adoção de práticas e estruturas organizacionais inspiradas no modelo militar. Este processo pode incluir a imposição de hierarquias rígidas arcaicas, treinamento com enfoque militar, ao invés de policial penal e a adoção de regulamentos que ferem normas constitucionais. A mudança nas funções e na estrutura das polícias penais sob uma perspectiva militar desafia a essência do modelo civil proposto pela Constituição Federal.
Princípios Constitucionais e Estado Democrático de Direito
A Constituição Federal de 1988 estabelece um Estado Democrático de Direito, que é fundamentado em princípios como a dignidade humana, a separação de poderes e a proteção dos direitos fundamentais. A militarização das polícias penais pode entrar em conflito com esses princípios, comprometendo a proteção dos direitos dos presos e a efetividade das políticas de reabilitação. É fundamental analisar como a adoção de práticas militares pode impactar a conformidade com os preceitos constitucionais.
A Polícia Penal e o Regime Jurídico Brasileiro
O regime jurídico da Polícia Penal é definido pela Constituição Federal e pela legislação infraconstitucional. As normas estabelecidas para a Polícia Penal orientam a sua atuação dentro dos parâmetros do Direito Constitucional e Administrativo. O treinamento e a capacitação de policiais penais devem incluir disciplinas como Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Penal, e Direito Processual Penal, enfatizando a importância de um modelo civil e não militar.
Análise Jurídica da Militarização
A análise jurídica da militarização das polícias penais envolve a avaliação da compatibilidade dessas práticas com a Constituição Federal e as leis que regem a execução penal. A introdução de aspectos militares no treinamento e na estrutura das polícias penais pode ser interpretada como uma violação dos princípios constitucionais, uma vez que desvia a natureza civil da função desempenhada e afeta diretamente os direitos dos condenados.
A tentativa de militarizar órgãos civis representa uma grave distorção das funções institucionais e revela uma profunda falta de compreensão das bases jurídicas, organizacionais e operacionais que sustentam o Estado Democrático de Direito. A proposta de inserir características militares em instituições civis evidencia uma ignorância quanto às distinções fundamentais entre essas esferas, ignorando preceitos constitucionais e normativos que foram meticulosamente desenvolvidos para preservar a autonomia, a imparcialidade e a eficiência dos órgãos civis.
Impactos da Militarização na Efetividade e na Reabilitação
Um aspecto crucial da militarização das polícias penais é o seu impacto na efetividade das políticas de reabilitação e reintegração dos condenados. Modelos de abordagem militar podem desconsiderar os princípios de reabilitação e ressocialização, comprometendo o objetivo principal do sistema penitenciário, que é a reintegração dos indivíduos à sociedade de forma digna e respeitosa.
Casos Internacionais e Comparações
Para entender melhor o impacto da militarização, é útil analisar casos internacionais e comparações com modelos de outros países. Alguns países adotaram práticas militares em seus sistemas penitenciários, e suas experiências podem fornecer insights valiosos sobre as implicações e os desafios contra à militarização das polícias penais.
Críticas e Perspectivas de Especialistas
Diversos especialistas brasileiros em direito penal e direitos humanos têm criticado a militarização das polícias penais. As críticas se concentram em questões como o impacto na qualidade do tratamento dos presos, a violação dos direitos humanos e a incompatibilidade com os princípios do Estado Democrático de Direito. As perspectivas dos especialistas ajudam a formar um quadro mais claro sobre as implicações jurídicas e sociais da militarização.
Propostas de Reformas e Alternativas
Diante das críticas à militarização, surgem propostas de reformas e alternativas que visam preservar o caráter civil das polícias penais. As reformas sugeridas incluem a ampliação das disciplinas de formação, a melhoria das condições de trabalho e o fortalecimento das práticas de reabilitação e reintegração dos presos. Tais medidas buscam garantir que a atuação das polícias penais esteja em consonância com os princípios constitucionais e com as melhores práticas de execução penal.
Conclusão
A militarização das polícias penais representa um retrocesso ao Estado Democrático de Direito, comprometendo a integridade do sistema jurídico brasileiro e os princípios constitucionais fundamentais. A análise da ilegalidade e inconstitucionalidade desse modelo revela a necessidade urgente de reformas que respeitem o caráter civil das polícias penais e assegurem a proteção dos direitos humanos e a efetividade das políticas de reabilitação. A preservação dos princípios democráticos e constitucionais deve ser uma prioridade para garantir um sistema de justiça penal que atenda aos padrões mais elevados de respeito à dignidade humana e ao Estado de Direito.
*Adriano Marques de Almeida é Comissário de Polícia Penal do Estado do Acre, Diretor da FENASPPEN, Membro da Associação Internacional de Polícia – IPA, Doutorando em Ciências Jurídicas pela Faculdade do Museu Social da Argentina, Master of Business Administration – MBA em Diplomacia, Políticas Públicas e Cooperação Internacional pela Faculdade Intervale, Master of Business Administration – MBA em Compliance, Governança e Controles pela Faculdade Intervale, Master of Business Administration – MBA em Gestão Comercial, Negociação e Inteligência de Mercado pela Faculdade Intervale, Master of Business Administration – MBA em Administração Pública pela Faculdade Facuminas, Master of Business Administration – MBA em Gestão de Sistema Prisional pela Faculdade Facuminas, Master of Business Administration – MBA em Gestão da Educação a Distância pela Faculdade Facuminas, especialista em Docência Jurídica pela Faculdade Famuninas, especialista em Docência em Seguranca Pública pela Faculdade Facuminas, especialista em Advocacia Trabalhista e Previdenciária pela Faculdade Intervale, especialista em Crime Scene Ivestigation – CSI pela Faculdade Faculeste, especialista em Inteligência Policial, Direito, Segurança Pública e Organismo Policial pela Faculdade Iguaçu, especialista em Direito Penal e Processual Penal com Habilitação em Docência no Ensino Superior pela Faculdade Facuminas, Tecnólogo em Segurança Pública e Privada pela Faculdade Faclife e Bacharel em Direito pela Uninorte.
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