Trazer as demandas, os problemas e as especificidades do Sistema Prisional paulista para a pauta das eleições é um grande passo para a melhoria de nossas condições de trabalho e de vida
por Sergio Cardoso
Historicamente, o sistema prisional é um mundo isolado. O que acontece dentro das muralhas, fica dentro das muralhas.
A sociedade só tem uma pequena amostra do universo em que vivemos quando algo de errado acontece, e normalmente de forma distorcida e sensacionalista.
O grande problema é que as decisões que afetam nossa vida como trabalhadores do sistema prisional acontecem fora das muralhas, nos gabinetes com ar refrigerado onde políticos, técnicos e acadêmicos discutem o que na opinião deles é melhor para o sistema prisional.
Nunca somos consultados em decisões que afetam nossa vida, nosso bem estar, nossa segurança e nosso futuro.
O Primeiro Comando da Capital(PCC) surgiu e se fortaleceu devido ao fato de as autoridades se negarem a reconhecer as denúncias daqueles que no dia a dia enfrentam esta ameaça. O SIFUSPESP foi um dos primeiros a denunciar o perigo que crescia e viria a ameaçar São Paulo e o Brasil.
Devido às suas características, o sistema prisional só pode ser conhecido em toda sua complexidade por quem atua dentro dele, quem vive e sofre no seu dia a dia.
Os males da privatização do sistema prisional, a necessidade da polícia penal e outras dezenas de pautas só podem ser entendidos de forma efetiva se nossa voz for ouvida e respeitada pelo conjunto da sociedade.
Pautar as eleições e conquistar nosso lugar
Quando o SIFUSPESP se colocou à frente da luta contra a privatização junto com o Fórum Penitenciário, discutimos com todos os setores da sociedade: Academia, organizações de direitos humanos, Ordem dos Advogados do Brasil(OAB) e parlamentares (sem distinguir orientação ideológica).
Quando trabalhamos para a aprovação da Polícia Penal em Brasília fizemos o mesmo, trabalhando o consenso em todas as bancadas. No final, esquerda, direita e centro votaram a nosso favor.
Em um ambiente político de polarização e disputa em que nosso país se encontra mergulhado, nossa única chance enquanto categoria é que as pautas que afetam nossa vida sejam consensuais. Este é o trabalho político que cabe ao sindicato: Embasar e provocar o debate, fornecer os elementos e o apoio para que as posições e reivindicações votadas pela categoria sejam vitoriosas independentemente de quem for eleito.
O que nos une é o fato que vivemos a mesma realidade, enfrentamos juntos dentro das unidades os mesmos problemas e ameaças, e temos a mesma missão: defender a sociedade.
Em nossa dura realidade, nossas diferenças se tornam insignificantes. Assim, semear a desunião e a discórdia frente à luta e os objetivos comuns se torna uma traição.
Nessas eleições, devemos lutar para que o maior número de candidatos assumam o programa e as reivindicações de nossa categoria. Devemos trabalhar para influenciar os planos de governo e trabalhar unidos acima de qualquer interesse pessoal, para eleger representantes da categoria no legislativo estadual e federal, que estejam comprometidos com nossa pauta.
O sistema prisional é uma instituição de Estado que protege a sociedade. Nós somos o braço do Estado, portanto nossas necessidades, nosso conhecimento e nossa experiência são de interesse de toda a sociedade.
Devemos sempre lembrar que: Onde o Estado recua, o crime avança.
Quando somos ignorados, desmerecidos e enfraquecidos, a sociedade é quem paga a conta, como aconteceu em 2006.
Por isso, o SIFUSPESP está elaborando uma carta compromisso para todos os candidatos ao executivo estadual, para que eles possam demonstrar que se comprometem com nossas bandeiras e para que tenham clareza de que serão cobrados se as desrespeitarem.
Confira no vídeo a seguir o pré-candidato ao governo de São Paulo pelo Republicanos, Tarcisio Freitas, se compremetendo a não privatizar o sistema prisional: