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Terceira manifestação contra a política de arrocho salarial das gestões do PSDB em São Paulo acontece no bairro do Morumbi, zona oeste da capital , a partir das 10h. SIFUSPESP também reivindica atenção à saúde física e psíquica dos servidores do sistema prisional. Categoria perdeu 120 trabalhadores para a COVID-19 desde o início da pandemia, enquanto outros quatro cometeram suicídio em meio a avanço de quadros de depressão e síndrome de burnout motivados por excessiva carga de trabalho e dificuldades financeiras

 

por Giovanni Giocondo

Policiais penais, civis, técnico-científicos e associações de policiais militares voltam a se reunir nesta quinta-feira(18) para o terceiro protesto a favor de um reajuste salarial digno para todas as forças de segurança pública do Estado. A manifestação acontecerá na Praça Vinicius de Moraes, esquina com a rua Barão de Pirapama, no bairro do Morumbi, zona oeste de São Paulo, a partir das 10h da manhã.

No ato, os servidores vão reivindicar a valorização imediata de seus vencimentos para cobrir a defasagem de mais de 50% criada a partir do avanço da inflação dos últimos sete anos, sem a devida reposição. Para os trabalhadores do setor, o governador João Doria(PSDB) falhou miseravelmente com sua promessa eleitoral de tornar a polícia de São Paulo a mais bem remunerada do país.

A sigla do partido de Doria, inclusive, é utilizada na campanha salarial com bom humor para ilustrar a situação financeira caótica das forças de segurança do Estado mais rico da federação, que tem o Pior Salário do Brasil(PSDB).

No caso específico dos policiais penais e dos servidores do sistema prisional, a Assembleia da Campanha Salarial 2022 realizada no último dia 10 de novembro pelo SIFUSPESP, pelo SINDASP e pelo SINDCOP, que formam o Fórum Penitenciário Permanente, definiu a reivindicação de um reajuste de 47,53% - correção pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor(INPC), do IBGE, medido desde julho de 2014, além de valorização imediata de 30% para esses profissionais.

Cientes da importância de levar essa pauta adiante, diretores do SIFUSPESP estarão presentes na manifestação desta quinta. Eles reforçam a postura da categoria que vai além da questão financeira, defendendo uma política pública eficiente no cuidado e atenção com a saúde física e psíquica dos policiais penais. A maior preocupação do sindicato é com a sobrecarga de trabalho dentro dos estabelecimentos penais, que tem levado a uma deterioração profunda da qualidade de vida desses servidores. 

 

Danos irreversíveis à saúde dos policiais penais matam mais que o crime organizado

Considerados como parte dos serviços essenciais, os policiais penais não pararam de trabalhar durante a pandemia - feita a exceção aos servidores com comorbidades - e ao menos 120 desses profissionais perderam a vida em razão de terem sido contaminados pela COVID-19. Muitos de seus familiares, inclusive, buscaram auxílio do SIFUSPESP para comprovar na Justiça que o contágio se deu no ambiente de trabalho.

O presidente do sindicato, Fábio Jabá, define como insustentável a manutenção das funções desses servidores em meio a um cenário de desvalorização dos salários e aumento do déficit funcional - mais de 18 mil cargos vagos na Secretaria de Administração Penitenciária(SAP), de acordo com levantamento do Tribunal de Contas do Estado(TCE-SP) divulgado em 2021.

Ele também aponta o avanço de quadros de depressão, síndrome de burnout e casos de suicídio originados pela pressão cotidiana de lidar com um ambiente laboral violento e as dificuldades financeiras que a profissão impõe. Somente em 2021, quatro servidores do sistema prisional paulista tiraram a própria vida.

“A frase “Os nossos policiais estão morrendo” não é apenas uma das máximas que temos utilizado para chamar a atenção da sociedade com relação à realidade dos policiais para este movimento. É também uma infeliz lógica que atinge a todos nós dentro do sistema”, define Fábio Jabá.

Para o sindicalista, além de serem constantemente alvo do crime organizado, os policiais penais sofrem outros atentados contra suas vidas que são mais silenciosos, mas tão mortíferos quanto um ataque a tiros. “Nossa saúde mental está sendo alvejada constantemente, e o único remédio possível para conter esse sangramento é a valorização salarial e uma política pública efetiva de atenção ao nosso bem estar. Sem essas ações, continuaremos invisíveis e indo a óbito devido à omissão do governo”, ressalta.



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