Um dos prédios da unidade prisional da zona oeste de São Paulo teria sido evacuado devido a rachaduras e estalos na estrutura, o que não reduziu temor de uma tragédia
por Flaviana Serafim e Giovanni Giocondo
A direção do SIFUSPESP vai pedir à Justiça a interdição do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) feminino do Butantã, na zona oeste da capital paulista. A solicitação tem como base as péssimas condições estruturais da unidade, que de acordo com reportagem da Ponte Jornalismo, está sob forte risco de desabamento.
Informações apuradas pelo sindicato junto a servidoras do CPP dão conta de que um dos prédios chegou a ser evacuado devido às rachaduras e estalos nas paredes e no teto, que causam temor de que todo o edifício possa vir abaixo.
O sindicato vai oficiar a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), levar o caso à Defensoria Pública e pedir que deputados estaduais fiscalizem a unidade com urgência. As informações obtidas até o momento pelo SIFUSPESP apontam que os danos nas paredes comprometem as condições de segurança para funcionamento do CPP, tanto em relação à vida dos trabalhadores quanto para a população carcerária.
As servidoras que conversaram com o sindicato também afirmam que a cozinha central do CPP possui grande número de goteiras, e que a água que escorre delas atinge a fiação elétrica, totalmente desencapada - o que provoca risco de incêndio. Há ainda relatos de um porão tomado pela água, que se espalha por outras áreas do prédio. “Estamos escutando o prédio ruir”, afirmou uma funcionária, sob condição de anonimato.
Ainda conforme os depoimentos das servidoras, nenhuma presa nova tem sido transferida devido aos problemas que o CPP tem apresentado. A unidade do Butantã está no limite da capacidade, com 904 detentas onde as vagas são para 1028 segundo dados da SAP. Na prática, com a evacuação de um dos prédios, a unidade acaba por ficar superlotada, já que as detentas vão passar a dividir um espaço menor com as outras sentenciadas.
"Constatada essa situação, vamos pedir a interdição do prédio e cobrar da SAP para onde as detentas serão transferidas”, afirma Fábio César Ferreira, o Fábio Jabá, presidente do sindicato (confira o vídeo no final do texto). Ainda de acordo com o sindicalista, outras informações em apuração pelo SIFUSPESP confirmam que o mesmo quadro se repete na Penitenciária Feminina da Capital, na zona norte paulista.
“Com os prédios da capital nessas condições, não tem como a Secretaria voltar atrás e mudar a unidade de São Vicente de penitenciária feminina para CPP masculino”, completa Jabá, que acredita que se comprovado o estado de calamidade do CPP do Butantã, cai por terra o argumento de que “sobram” vagas nas unidades destinadas exclusivamente para que mulheres cumpram pena.
Nesta quarta-feira(04), a SAP publicou as listas prioritária de transferências(LPT) e de transferências especial(LPTE), além do resultado da escolha de vagas para o futuro CPP de São Vicente. O sindicato questiona a mudança no perfil do projeto, que originalmente previa receber 847 mulheres no regime fechado, e agora será destinado a homens no regime semiaberto, o que pode ser sinônimo de insegurança para a cidade do litoral.