A Revolução Constitucionalista de 1932 completa 89 anos neste 9 de julho no Estado de São Paulo. A data é marcada pelas histórias de luta, e também pelas diferentes visões e interpretações do que ocorreu.
Para os paulistas, a revolta foi constitucionalista, por uma nova Carta Magna que limitasse poderes e a interferência do presidente Getúlio Vargas sobre São Paulo. Para os varguistas, foi revanchismo porque dois anos antes Júlio Prestes havia vencido a eleição, mas não tomou posse com o golpe de Vargas. Em meio ao embate, a disputa de poderes entre as oligarquias, com as fortunas do café em jogo na crise econômica, enquanto os paulistas entrincheirados expunham a própria vida com poucos recursos pela “revolução”.
Qualquer que seja a visão dos fatos, o que a história nos mostra é que nunca foi e nunca vai ser fácil lutar contra os governos, contra o patrão. É uma briga injusta, inglória, que realmente exige cuidado, confiança entre os que lutam e cobrança também.
Vemos hoje que o 9 de julho foi uma revolução de fato, mas também se vê que há muito mais por trás dessa história. Por isso esse 9 de julho é de reflexão, é justamente para poder analisar criticamente a realidade. “Nada muda mais do que o passado”, como diz Napoleão Bonaparte, e na atual conjuntura as pessoas querem mudar o passado, afirmar que não houve golpe, nem ditadura, outros defendendo o Ato Institucional AI-5
Junto com as lutas, estão os golpes e também o “faz-de-conta”, como nas eleições de 2018, repletas de promessas de valorização das categorias da segurança pública, de que o Brasil ia mudar e que o país estaria no rumo certo, sem intervenção do “centrão”.
Em meia década, passamos pela “reforma” trabalhista, o primeiro grande saque a direitos conquistados pela luta dos trabalhadores. Depois veio a “reforma” da Previdência, e mais um ataque, agora contra os já tão sofridos aposentados - e contra todos nós da ativa junto -, e agora a “reforma” administrativa botando o servidor público como bode expiatório para acabar de vez com o funcionalismo público.
E tudo isso para quê? Porque a própria democracia está em jogo caso a reforma administrativa seja aprovada. Sabemos que quem vai mandar não vai mais ser o Estado, vai ser um grupo assumindo uma prefeitura, um Estado e um país, colocando pessoas de seu meio político, seus apadrinhados, para funções públicas no lugar dos servidores.
Nós servidores penitenciários temos que estar atentos na defesa dos direitos e na defesa por um país justo porque também temos uma responsabilidade civil. Nós somos o Estado, somos os que prestam contas do serviço porque é o cidadão, o contribuinte é quem paga e todos esses serviços fundamentais à população, como a segurança pública, estão caindo por terra.
Ainda é tempo de mudar, de mudar para lutar, de olho no passado para construirmos outro futuro possível para nós e nossas vidas.
Direção - SIFUSPESP