Por Flaviana Serafim
Duas detentas tentaram fugir, no fim da tarde da sexta-feira (25), da Penitenciária Feminina na Capital (PFC), no Carandiru, na zona norte da capital paulista. Elas conseguiram sair de dentro do pavilhão e pularam o primeiro alambrado, mas não tiveram êxito na fuga porque foram contidas graças à ação rápida dos policiais penais da vigilância e escolta.
Após a tentativa de fuga frustrada, uma das presas ainda agrediu fisicamente a sub-diretora da unidade. No momento do ocorrido, apenas três policiais penais do plantão estavam na muralha devido ao grave déficit no quadro de servidores que também atinge a carceragem da PFC. Outro problema é que os poucos policiais penais ainda têm que manter a vigilância das 10 oficinas de trabalho das detentas que funcionam dentro da penitenciária, e que deveriam ter tido as atividades suspensas temporariamente por conta dos riscos de contágio pelo coronavírus.
Como a direção do SIFUSPESP vem denunciando, o sistema prisional paulista sofre com a falta de servidores penitenciários, quadro que se agravou tanto com o elevado número de aposentadorias quanto com os afastamentos do grupo de risco e de trabalhadores infectados pelo coronavírus.
No caso da PFC, onde sequer há muralhas, cerca de 25 servidores se desdobram para atender aos quatro turnos da unidade, trabalhando sob pressão ainda maior, com jornadas extenuantes e os riscos constantes de fuga, agressões e outros incidentes. Como se não bastasse, para piorar a situação, os cachorros que auxiliavam na vigilância do extenso alambrado foram retirados pela Secretaria de Administração Penitenciária (SAP)
Ao mesmo tempo em que o caos se amplia no sistema prisional paulista, centenas e centenas de concursados aguardam chamadas. Mas desde que assumiu, em janeiro de 2019, o governador João Doria (PSDB) não fez nenhuma nomeação, e o déficit de servidores nas unidades prisionais coloca em risco toda a população de São Paulo.
Presidente do sindicato, Fábio César Ferreira, o Jabá, alerta que “o caos está acontecendo. Todas semana temos registrado tentativas de fuga, várias situações ocorrendo e os detentos perceberam que a segurança está ainda mais frágil que o de costume”.
Ainda segundo o dirigente, “enquanto o caos aumenta, o governo segue sem fazer qualquer nomeação e a SAP, em vez de tomar providências, está preocupada em censurar o uso de uniformes da Polícia Penal que já está regulamentada na Constituição”, critica.