SIFUSPESP faz balanço positivo da iniciativa, a primeira que reuniu mulheres em debate exclusivo sobre posição do gênero nas unidades prisionais
Um primeiro e importante encontro de muitos e um grande passo no árduo e longo caminho para debater a situação do feminino e seus problemas específicos dentro do sistema prisional moldado por homens e para os homens.
Foi com essa sensação que as dezenas de trabalhadoras presentes no evento “Mulher Penitenciária em Debate”, realizada na última sexta-feira, 29/03, avaliaram seu protagonismo em um movimento político fundamental e inédito apoiado pela gestão “Lutar para Mudar”, do SIFUSPESP.
Por meio de discussões, exposições de temáticas e dinâmicas de grupo, dezenas de mulheres se uniram em prol de um objetivo em comum que foi trazer à tona situações de desgaste dentro de sua realidade de trabalho.
Conforme relata Veridiana Dirienzo, psicanalista e assessora do SIFUSPESP responsável pela organização do evento, “enfrentar um mundo estruturado sob a égide do machismo e do patriarcado é um grande desafio” e essas mulheres iniciaram essa luta muito bem “ao falar abertamente sobre esse espaço de opressão dentro do ambiente prisional, do qual são vítimas constantes”, ressaltou a psicanalista.
Além da assessora do SIFUSPESP, funcionárias do sindicato, agentes de segurança penitenciária, oficiais administrativos, assistentes sociais, psicólogas, enfermeiras e outras profissionais do sistema prisional paulista debateram temas como o assédio moral e sexual no dia a dia, a distância das mulheres em relação a seus filhos, e até mesmo a solidão que atinge centenas de servidoras lotadas na capital.
“Essa solidão se manifesta com uma vida de ir ao trabalho na penitenciária e voltar à república onde elas moram, sem uma atividade diferente, longe de suas famílias e amigos, porque muitas vezes as mulheres são parceiras de trabalho, moram juntas mas não têm um sentimento de comunhão, nada mais próximo, mais íntimo, o que aumenta ainda mais esse sentimento de isolamento vivenciado por elas, esclarece Veridiana Dirienzo.
“A temática do encontro teve entre outras propostas expor a discussão sobre o que é ser mulher, elevar essa construção social de ser mulher, ambas explicitadas no varal que possuía as fotos das mulheres que lutaram pelas causas feministas ao longo da história. Então o que faz uma mulher de tempos em tempos? O que é ser mulher hoje e o que era em outra época?” questiona a psicanalista.
Um encontro político. E a partir dessa linha do tempo do que é ser uma mulher, houve o ensejo para que fossem pensadas ações concretas. Uma das demandas principais trazidas pelas trabalhadoras, de que é preciso pensar em um encontro ou encontros que não fossem ocasionais do dia ou do mês da mulher, como foi o caso deste primeiro.
“O SIFUSPESP acredita que este primeiro evento será o start de muitas outras ações, inclusive dialogando com o governo do Estado, com a Secretaria de Administração Penitenciária(SAP) e outros atores sociais. Nós saímos desse encontro já com alguns encaminhamentos para que esse grupo de mulheres tome força e comece a, dentro do sindicato, pensar em questões específicas para o feminino e o trabalho na penitenciária. É o primeiro passo para muitas ações que ainda virão”, finaliza Veridiana Dirienzo.
Leia mais sobre a situação da mulher penitenciária na Coluna da Veridiana: http://sifuspesp.org.br/noticia/colunas/coluna-da-veridiana