Cabral sobe no pódio no XXX Campeonato Brasileiro de Karatê- Do e afirma lutar como representante da categoria de agentes penitenciários, os vencedores da batalha de exercer uma profissão dentro de unidades prisionais
“Quem representou o Estado de São Paulo no Campeonato Brasileiro de Karate- Do foi um Agente Penitenciário”. A frase é de César Cabral, que levou pra casa outra medalha de ouro, e faz questão de destacar sua profissão de Agente de Segurança Penitenciária em primeiro lugar, onde quer que ele esteja competindo. Cabral participou da trigésima edição do campeonato que aconteceu do dia 9 a 11 de agosto, na cidade de São Paulo.
Cabral levou a prata na categoria “Kumite Equipe”. O Agente trabalha no Centro de Detenção Provisória(CDP) de São José do Rio Preto e divide a vida entre o trabalho na prisão e treinamentos no tatame. Medalhista em diversos outros campeonatos, inclusive internacionais, o agente possui sempre palavras de bom ânimo dentro do exigente e perigoso trabalho, assim como líder de equipe no Karatê.
“A profissão de agente penitenciário ultimamente anda sofrendo golpes piores do que já sofre. Além de não sermos vistos, quando somos, nos observam com maus olhos. A grande imprensa tem divulgado o lado ruim, mostrando contravenção de agentes e novamente reforçando o estereótipo do profissional que quando não é o ‘malfeitor dos maus tratos para com o apenado’, é o‘responsável’ por determinados crimes, como facilitação de entrada de ilícitos nas prisões”, afirma Cabral.
Para o agente atleta é preciso modificar esse cenário a começar pelo próprio agente, segundo ele, defendendo mais sua categoria e sendo um representante do bom trabalho realizado nas prisões do Estado. “Que tenhamos orgulho de exercer nossa profissão, de extrema importância dentro da segurança pública e tão pouco valorizada. Não vamos permitir que manchem, ainda mais, o olhar que a sociedade tem para conosco”, disse.
O agente-atleta preocupa-se com isso e batalha para que seja modificado. Demonstra em suas palavras uma perspectiva de possibilidade de sair da invisibilidade social ou mesmo de ator desumano dentro dos muros das unidades prisionais. Ele insiste que é preciso que se reapresente o trabalhador prisional como sujeito necessário, mediador, responsável por se fazer cumprir a lei, criador de uma inteligência interna não oficial e criativa, capaz de encontrar o que operações federais necessitam contra facções criminosas.
“É inegável que o agente penitenciário é quem melhor conhece o sistema prisional. Temos que contagiar uns aos outros com orgulho da farda. Temos que acabar com espírito de “ir na cadeia para fazer a cota”. Temos que ir pra fazer a diferença. Afinal, é a sociedade que precisa de nós. Acho possível mudar a condição de invisíveis para necessários”, finaliza.
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