Minas Gerais e Rio Grande do Norte tiveram transportes coletivos, veículos oficiais e agências bancárias queimadas queimadas em diversas cidades, além de ameaças à agentes de segurança
Pelo quarto dia consecutivo, cidades do Sul de Minas foram alvos de ataques de criminosos, com queima de ônibus e outros veículos. O Rio Grande do Norte também sofreu investidas da facção (PCC) no mesmo período, o que pareceu uma ação orquestrada.
Em Minas, na última quarta-feira (06/06) um caminhão e três ônibus foram queimados, sendo que em um dos veículos a explosão e o espalhar das chamas foram tão grandes que atingiram a rede elétrica e o muro de uma escola estadual próxima ao ocorrido.
Os primeiros ataques iniciaram no domingo (03/06). Foram 97 ataques, sendo 61 a ônibus, em 33 cidades. Não há registros de pessoas feridas. Além de delegacias, agências bancárias, agência dos correios e veículos de agentes penitenciários foram alvos da facção.
O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), anteriormente receoso em afirmar que a responsabilidade dos ataques partiu do Primeiro Comando da Capital (PCC) - maior facção criminosa do país- confirmou o fato na última terça-feira, dia 05/03. Para ele o rigor da LEP no Estado é o que causou o levante dos crimes que seria uma retaliação. Ele ainda afirma que o sistema prisional de Minas é o mais rigoroso do país e por isso estão sofrendo ataques segundo matéria do dia 05/06 da Folha de São Paulo: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/06/onda-de-ataques-atinge-18-cidades-de-minas-gerais.shtml>
Os ataques concentram-se no sul e no triângulo mineiro, regiões que abrigam a maior parte do PCC em Minas. Também existem áudios relacionados aos casos que mencionam a facção paulista e corroboram para a suspeita de seu envolvimento. Entretanto, conforme divulgou a Folha de São Paulo, o comandante da PM coronel Helbert Figueiró tem dúvidas em relação a qual facção exatamente foi responsável, já que em Minas há duas facções atuantes. Segundo ele é necessário a construção de uma inteligência eficiente, coleta de dados das pessoas presas para chegar à célula dessas organizações criminosos. Esse aliás é um dos pontos que defendemos com a constituição de uma Polícia Penal integrada ao SUSP.
Entretanto, ao contrário do que diz o governador, especialistas afirmam existir presídios em péssimas condições e com superlotação, sendo que este seria o real motivo dos ataques. A afirmação de que o sistema penitenciário mineiro é um dos melhores do país pode vir da inclinação ao já iniciado processo de privatizações do Estado.
O governo apenas inclina à posição de que a grande ofensiva da facção venha do seu duvidoso poder de contenção de criminosos, já que os ataques não cessaram até a madrugada desta quinta-feira (07/06). O presidente da comissão de assuntos carcerários da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a superlotação e a falta de investimentos no sistema prisional do Estado explicam os ataques
O ataque de quarta-feira foi direcionado A um caminhão da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) que ficou completamente destruído. Parte da garagem ficou comprometida pelas chamas. Nenhum suspeito foi encontrado perto do local. Os criminosos também atacaram uma agência do Banco Bradesco.
Leia sobre no link <https://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/caminhao-e-destruido-no-4o-dia-de-ataques-no-sul-de-mg-tres-onibus-sao-queimados.ghtml>
Antes destas investidas citadas, no dia 05/06, um grupo de pelo menos 12 homens armados cercaram um ônibus urbano. Os criminosos obrigaram o motorista a parar, e roubaram o dinheiro que estava no veículo. Existe a probabilidade de outros Estados estarem envolvidos diretamente nestes crimes, já que o PCC possui uma inteligência nacional de interligação e funcionamento, não apenas para o tráfico de drogas e armamentos, mas capacidade de retaliações pelo poder bélico e de liderança.
O professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas e ex-secretário de segurança de estado, Flávio Sapori, ainda ressalta a clareza de que os ataques foram realizados por uma grande facção devido a abrangência e sincronismo dos ataques. Para ele não há como contestar que trata-se do PCC, já que os atentados possuem um plano de ação orquestrado e coordenação de liderança.
Minas Gerais possui índice de reincidência de 80%. A população carcerária do Estado é de quase de 72 mil presos, sendo que sua capacidade nas 200 unidades prisionais existentes é de 35 mil presos. A informação é da secretaria que gestiona o sistema prisional. Para o professor Sapori, as lideranças do PCC tem firmado raízes no Estado e em São Paulo e estariam dividindo ou disputando a frente da facção.
Em Minas, a investigação segue sob sigilo, mas foi divulgado que há possibilidade da remoção de presos para penitenciárias federais. O Governo de Minas tem reforçado o policiamento, inclusive com policiais a paisana. O Estado possui dificuldade de antecipar-se às ações que acontecem geralmente na madrugada.
Locais dos ataques
Belo Horizonte e Região
- Belo Horizonte – 2 ônibus atacados
- Sabará – incêndio a veículo particular nesta segunda-feira (4)
- Santa Luzia – bairro Cristina A – 1 ônibus atacado
- Ribeirão das Neves – 2 ônibus atacados nesta quarta-feira (6) – um no bairro Lagoa e outro no Veneza
Noroeste
- Brasilândia de Minas – incêndio a coletivo nesta segunda (4).
Centro-Oeste
- Lagoa da Prata – 2 ônibus atacados
- Luz – 4 veículos incendiados no pátio da Prefeitura de Luz na madrugada desta terça (5)
Alto Paranaíba
- Araxá – 1 ônibus e quatro carros atacados até segunda-feira (4); 1 ônibus e um carro de agente penitenciário queimados nesta terça (5)
- Patos de Minas – 1 ônibus atacado
Triângulo Mineiro
- Campo Florido – ataque à recepção da Câmara Municipal
- Uberaba – 4 ônibus atacados, 1 carcaça de caminhão incendiada, ataques a 2 agências bancárias e uma lotérica, além de fogo em quatro vias entre domingo (3) e segunda-feira (4); além de dois ataques a ônibus durante a noite desta segunda-feira (4) e um na manhã desta terça-feira (5), um caminhão de lixo foi incendiado
- Uberlândia – 4 ônibus atacados; ataque a uma agência do Banco do Brasil e a uma agência dos Correios até esta segunda-feira (4); quatro ônibus atacados entre a noite de segunda (4) até a madrugada de terça (5)
- Tupaciguara – três ônibus de viagem incendiados dentro da rodoviária durante a madrugada desta terça-feira (5)
Sul de Minas
- Alfenas – 2 ônibus atacados; um ônibus vandalizado e queimado na noite desta segunda-feira (4)
- Alterosa – fogo em caminhão de lixo nesta terça (5)
- Brazópolis – criminosos dispararam tiros contra uma delegacia e uma viatura da polícia;
- Cruzília – tiros disparados contra delegacia
- Guaxupé – 6 ônibus atacados
- Itajubá – 1 ônibus atacado; dois ônibus queimados na noite desta segunda-feira (4)
- Machado – 1 ônibus atacado na noite desta segunda-feira (4)
- Monte Santo de Minas – 2 ônibus escolares atacados
- Ouro Fino – veículos incendiados em um pátio credenciado do Detran
- Passos – 2 ônibus atacados; caminhonete que presta serviços para a Cemig incendiada na noite desta segunda-feira (4), além de um ônibus; um motorista de caminhão de lixo foi agredido na noite desta segunda-feira (4)
- Poços de Caldas – 2 ônibus atacados; incêndio em galpão de reciclagem
- Pouso Alegre – 3 ônibus atacados
- São Lourenço – casa de policial militar atacado
- Três Corações – 1 ônibus atacado
- Três Pontas – um carro de agente penitenciário queimados
- Varginha – 1 ônibus atacado; ataque a uma viatura do Sistema Prisional na noite desta segunda-feira (4)
Veja o mapeamento: <https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/mais-onibus-sao-atacados-e-incendiados-na-regiao-metropolitana-de-belo-horizonte.ghtml>
Ataques orquestrados em Natal
O Rio Grande do Norte também sofreu ataques na madrugada desta quinta-feira (07/06). Uma ambulância e uma viatura do corpo de bombeiros foram os novos alvos. Os prédios de administração e alojamento da base militar também foram alvos de tiros. Não houve feridos.
Papéis com a sigla de uma facção criminosa foram encontradas no local pelo policiais.
Uma agência bancária também foi atacada
Diversos ataques começaram no último sábado, dia 02/06, uma série de atentados a ônibus começaram a ocorrer na cidade de Natal. Segundo a grande imprensa (Estadão), os atentados foram atribuídos ao Primeiro Comando da Capital (PCC), após a morte do policial militar Kelves Freitas de Brito, que foi executado na manhã do mesmo sábado.
A execução do policial foi comemorada com fogos de artifício num bairro da cidade marcado pelo tráfico de drogas.
Neste dia, um ônibus da Empresa Guanabara foi incendiado e ficou completamente destruído pelas chamas. Num muro ao lado do local onde o ônibus parou e foi incendiado, os bandidos picharam a sigla PCC (Primeiro Comando da Capital). O caso levou os donos das empresas de ônibus que operam em Natal a determinar o recolhimento da frota.
O governo do Estado determinou a convocação dos integrantes do Gabinete de Gestão Integrada (GGI), instalado em momentos de crise na segurança pública, para analisar estratégias de proteção à população. O Estado, porém, evitou falar na atuação da facção criminosa e ressaltou que não havia nenhum motim ou rebelião nas unidades prisionais estaduais. O presidente do sindicato dos rodoviários, entretanto, ainda aguarda resposta do governo de quais ações serão colocadas em prática.
Somente após uma reunião com representantes das empresas de ônibus e a garantia de reforço policial nas paradas mais movimentadas e no entorno das garagens, a frota voltou a operar no domingo, 03/06. O Governo do Estado, em nota, afirmou que o GGI permanece mobilizado, atuando no monitoramento das ações. As forças de segurança estão integradas, reforçando o policiamento em todo o estado.
Originário do Estado de São Paulo o PCC tem ramificações no RN onde disputa liderança com a facção Sindicato do Crime. Vale lembrar que em janeiro do ano passado (2017), uma briga entre duas quadrilhas resultou na famosa rebelião de Alcaçuz, que terminou na tragédia de 26 assassinatos.