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Raul Jungmann disse a jornal que entrada de armas em unidades prisionais “sugere” conluio geral e organizado entre agentes e criminosos

 

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, ofendeu e acusou os trabalhadores penitenciários de fazer um conluio organizado com criminosos para permitir a entrada de armas em unidades prisionais de todo o país.

Com base no que disse ser sua “opinião pessoal” o ministro disse nesta quinta-feira, 28/12 ao jornal Diário de Pernambuco, que a apreensão de milhares de armas feitas por forças do Exército em penitenciárias de seis Estados do Norte e do Nordeste “sugere” um acerto entre agentes, presos e criminosos que estão fora dos muros para que esse armamento entre livremente nas unidades prisionais.

A entrevista completa está disponível no link: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/brasil/2017/12/28/interna_brasil,736210/jungmann-diz-que-armas-em-presidios-sugerem-acordo-entre-agentes-e-c.shtml

Na opinião do SIFUSPESP, ninguém mais que o trabalhador penitenciário trabalha diariamente a fim de evitar que essas contravenções estejam nas mãos dos sentenciados.

O sindicato acredita que a “opinião pessoal” do ministro, sem qualquer justificativa técnica ou prova cabal, tem como objetivo o ataque direto contra os trabalhadores penitenciários e contra a força que a categoria tem demonstrado para enfrentar o governo mais impopular da história.

O governo Temer já sentiu essa força com a ocupação do Ministério da Justiça e da Câmara dos Deputados em maio, e não quer que a população seja influenciada a questionar seus desmandos como os trabalhadores penitenciários fizeram e ganharam a simpatia de toda a classe trabalhadora.

 

Uma estratégia clara de dominação dos espaços nas prisões

Por outro lado, a fala de Jungmann diz claramente que a entrada das forças armadas em penitenciárias é um projeto político, no qual os servidores públicos serão retirados para que o sistema seja privatizado e o exército atue como uma espécie de polícia para fazer a segurança das penitenciárias.

É fato incontestável que a violência que atingiu unidades prisionais do país no início de 2017 possui relação direta com o fato de as penitenciárias atingidas serem privatizadas e, com isso, serem um campo aberto para a entrada de armas e outros objetos ilícitos.

O SIFUSPESP inclusive denunciou, na época dos acontecimentos, que a inexistência de servidores públicos para conter esses crimes os potencializava e gerava a carnificina que se verificou entre os detentos de facções.

Veja as denúncias do SIFUSPESP nos links abaixo:

<https://www.sifuspesp.org.br/populares/2559-terceirizado-presidio-tem-60-presos-mortos-e-12-funcionarios-refens-no-amazonas>

E também:
<http://www.sifuspesp.org.br/noticia/nacionais/4765-pms-e-agentes-repassaram-armas-a-presos-que-massacraram-rivais-em-manaus>

Sabemos muito bem que, sem a nossa presença, milhares de apreensões feitas todos os dias com visitas de presos não seriam possíveis e que o sistema penitenciário se tornaria insustentável, caótico, e a violência desmedida pularia para fora dos muros e atingiria toda a população brasileira.

Por isso devemos nos manter unidos para não aceitar esse tipo de acusação infundada e feita com base em uma “opinião pessoal” que tem intenções totalmente escancaradas.

 

Jungmann e a corrupção de cada dia. Sua e de seus comandados

Paralelamente, fica bastante evidente que a corrupção que preocupa tanto o ministro do governo Michel Temer está dentro da esfera permanente da hipocrisia.

O governo ao qual Jungmann está ligado se afundou em casos de corrupção e sobrevive por aparelhos, com um índice de aprovação que não supera os 5%. Banca reformas sob o pagamento de propinas a um Congresso no qual praticamente metade dos parlamentares é investigada sob acusação de corrupção.

Jungmann foi citado como destino do Caixa 2 da Odebrecht em março deste ano, por estar na lista de corruptos apreendida pela Polícia Federal na casa de um dos executivos da empreiteira. Parece estar bastante envolvido como alvo de operações de investigação de corrupção.

O ministro também reagiu de forma revoltada contra matéria publicada na capa da revista Época, em outubro, que citou 256 casos de desvios de dinheiro e outros crimes envolvendo militares que são alvo de investigação do Supremo Tribunal Militar. Disse na ocasião que “nossos militares são íntegros e honestos”, e que as investigações “atingiam uma porção ínfima do total de militares”.

Jungmann é um dos porta-vozes de um setor retrógrado da sociedade brasileira e do atual governo que ao manter uma política econômica de cortes de políticas públicas e salários de funcionários, acaba por beneficiar o pagamento de juros da dívida e ao mesmo tempo incorporar políticas de ocupação de espaços para realização de negócios ou fortalecimento de instituições em detrimento de outras.

Não é por acaso que vemos membros do Supremo Tribunal Federal(STF) em disputa defendendo cada qual um grupo político e interferências de um poder em relação a outro. Também assistimos a juízes exercitando poder acima de sua esfera de jurisdição e sem observância de regras processuais definidas em lei, criando novas regras. Também vemos parlamentares passando por cima de regras e contra a transparência, fazendo reformas contra o povo (Reforma Trabalhista, PL da Morte em São Paulo e o caso recente do Orçamento no Estado de São Paulo).

Veja matéria sobre o tema no link abaixo:

<https://www.sifuspesp.org.br/noticias/4947-orcamento-da-secretaria-de-administracao-penitenciaria-e-reduzido-em-70>

Neste cenário atual, em que estão sendo reduzidas despesas em todos os Estados da federação e também no Governo Federal (PEC do Teto com congelamento dos investimentos por 20 anos) o setor penitenciário, por ser invisível à população e tratado pelos meios de comunicação como o lugar dos “bandidos e dos mocinhos”, acabou sendo um dos mais atingidos por cortes, como já salientamos em texto anterior sobre o orçamento paulista para 2018.

Com isso, os trabalhadores do sistema penitenciários (agentes, aevps, trabalhadores de setores técnicos, de saúde e meio) podem ser usados pelos governantes e pelos meios de comunicação interessados em negócios para  beneficiar outras instituições ou setores interessados em negócios, como o caso de Jungmann.

Uma tendência possível seria a do ataque aos trabalhadores do sistema, para favorecer o lobby de privatização de setores, unidades prisionais ou todo o sistema. Ou ainda a tomada do espaço de controle da gestão penitenciáris por setores policiais ou por militares. Temos que estar atentos.

Com a redução orçamentária, este ano o sistema só se manterá de pé pelo esforço e soluções criativas dos funcionários do sistema. A manutenção de sistemas de controle e repressão dos trabalhadores por meio de ameaças e processos administrativos somente criarão mais crise. O ataque promovido pelo ministro favorece essa mesma tendência.

 

Por esse motivo, reforçamos a ideia de que não podemos arrefecer e devemos lutar por nossos direitos, estarmos atentos a nova conjuntura que se inicia em 2018, buscar participar das atividades de nosso sindicato, construir novos modos de manifestação e organização dentro de um cenário de proibições, e seguir enfrentando o governo mais impopular da história e, com todas as letras, CORRUPTO!

 

Não devemos temer qualquer tipo de retaliação que possa vir nos atingir institucionalmente. Unidos, organizados e junto ao nosso sindicato, nós as enfrentaremos!

 

O SIFUSPESP somos todos nós, unidos e organizados. Filie-se!

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