180 dias é o prazo que a lei determina para que o governo adquira e instale equipamentos como scanners, Raio-X e detector de metal para cada unidade prisional paulista. Após a aquisição e instalação desses equipamentos – e SÓ DEPOIS DE INSTALADOS – coloca-se um fim na chamada “revista vexatória”. Mas o governo passou por cima desse “detalhe” do prazo e determinou, em muitas unidades prisionais já no final de semana passado, que nenhum visitante deve se despir para realização da vistoria.

O risco é enorme. A ordem é ilegal. “O que o governo pretende antecipando o cumprimento da lei sem os equipamentos necessários para impedir que visitantes entrem em unidades com objetos ilícitos? Quem ganha com isso? Certamente não a segurança das UPs e muito menos a segurança dos servidores que atuam nas unidades prisionais paulistas”, avalia Adriano Rodrigues, Diretor de Comunicação do SIFUSPESP.

O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional já havia alertado à categoria sobre o risco de algumas unidades quererem antecipar o fim da revista manual e avisou que isso não poderia ocorrer, segundo a lei. Mas o que se viu no final de semana passado foi mais grave ainda: pelo que se sabe, o secretário Lourival Gomes chamou uma reunião com todos os coordenadores regionais da SAP para orientar pelo fim imediato da revista manual.

Assim que soube informalmente dessa reunião, o Presidente do SIFUSPESP João Rinaldo Machado telefonou para o secretário da SAP, que nem desmentiu e nem confirmou a história. Mas, pelo que se viu no final de semana, onde os visitantes passaram apenas por detector de metal, a ordem deve ter vindo sim da SAP – ou seja, do governo. Em outras palavras, o governo está jogando para o alto a segurança nas unidades prisionais paulistas para antecipar o cumprimento de uma lei que lhe obriga a investir no sistema prisional. Muito grave.

O equipamento detector de metal, usado neste final de semana como única forma de vistoriar os visitantes no intuito de impedir a entrada de objetos ilícitos nas unidades, consegue detectar apenas o uso de metais. Portanto, drogas, por exemplo, puderam entrar escondidas no corpo dos visitantes. Mais uma vez perguntamos: a quem isso interessa? À segurança? Não... À sociedade em geral? Não... Drogas dentro de unidades prisionais só interessam aos presos.

O SIFUSPESP repudia a ordem partida do governo e cumprida pelos dirigentes das unidades. Alerta para os riscos graves para a segurança de todos, mas principalmente dos servidores da SAP que atuam nas UPs. “O Departamento Jurídico do SIFUSPESP está reunido para averiguar todas as medidas que possam ser adotadas para que a lei seja cumprida na íntegra, sem antecipações irresponsáveis. O sindicato também está comunicando a imprensa do ocorrido, para que este caso seja denunciado publicamente, como merece ser”, avisa Adriano Rodrigues.