A partir da análise da trajetória de um preso que exerce a função de monitor em unidade prisional, o pesquisador Felipe Athayde Lins de Melo fez sua tese de mestrado na UFSCAR, “As prisões de São Paulo: dinâmicas, fluxos e as implicações nas trajetórias de ingressos prisionais”. Apesar de ser focada na questão do monitor e da educação dentro de unidades prisionais, a tese aponta diversas realidades que merecem reflexão dos servidores, do Estado, dos presos e da sociedade em geral.
A pesquisa aponta, por exemplo, a relação entre o Estado e o PCC para manter as unidades “em paz” mesmo com a hiperlotação carcerária. Assim, desmente o discurso governamental de que o Estado “combate o crime organizado dia e noite” nas prisões. Ao contrário: o Estado vem administrando o sistema prisional paulista em constante negociação com o crime organizado – uma espécie de “parceria” conhecida de todos os funcionários e hipocritamente “ignorada” pela sociedade. Na tese é mencionado inclusive o caso de um ex-diretor de unidade que perdeu o cargo por afrontar uma ordem de “negociação” desse tipo, ainda no ano de 2006.
Outro fato que chama a atenção é a revelação de uma nova mentalidade da SAP e dos agentes em relação aos presos, principalmente em decorrência da megarrebelião de 2006. Um dos entrevistados diz que a SAP vem adotando rumos cada vez mais distantes da ressocialização dos presos, passando a encarar e adotar políticas no sentido mais policial, de castigo e punição. O preso, por sua vez, percebe esse comportamento e também “engrossa” para com os funcionários, tornando o ambiente progressiva e cotidianamente mais tenso entre presos e agentes – uma possível explicação para o aumento de agressões contra servidores nos últimos anos.
A tese está disponível no endereço http://www.bdtd.ufscar.br/htdocs/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5819.