Por Marc Souza
Os pilares das campanhas do mês de setembro é a necessidade pela busca
de ajuda especializada de profissionais como psicólogos, psiquiatras e terapeutas,
além da conscientização de se criar um ambiente de empatia para com as pessoas
que estão passando por problemas de saúde mental.
O mês de setembro é dedicado à valorização da vida e a prevenção do
suicídio. Um mês em que diversas campanhas de conscientização são
lançadas, a fim de combater esse grave problema de saúde pública que é o
suicídio. Um problema capaz de destruir famílias inteiras.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio é a única
causa de mortalidade que não teve redução no número de casos nos últimos
50 anos. Dados do Ministério da saúde destacam que entre 2010 e 2019,
112.230 cometeram suicídio com um aumento de 43% no número anual de
mortes que saltou de 9.454 em 2010 para 13.523 em 2019. Em 2019, foram
registrados no mundo, cerca de 700 mil, destes, 13.523 ocorreram no Brasil,
uma média de 37 suicídios por dia.
A maioria das vítimas são homens, cerca de 10,7 por 100 mil
habitantes. Entre as mulheres, o índice ficou em 2,9 por 100 mil.
Em uma realidade cada vez mais acelerada, onde a correria do dia a
dia dita as regras, a saúde mental tem sido um pilar frequentemente
negligenciado.
Diante disso, os pilares das campanhas do mês de setembro é a
necessidade pela busca de ajuda especializada de profissionais como
psicólogos, psiquiatras e terapeutas, além da conscientização de se criar um
ambiente de empatia para com as pessoas que estão passando por problemas
de saúde mental. Afinal, sabe-se que a maioria dos casos de suicídio estão
relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou
tratadas incorretamente. Ou seja, muitos destes casos poderiam ter sido
evitados, através de informações e tratamentos adequados.
COMO SURGIU
Em setembro de 1994, nos Estados Unidos, o jovem de 17 anos Mike
Emme cometeu suicídio, na época, familiares e amigos de Mike não
conseguiram identificar os sinais de que ele pensava tirar a própria vida. Além
de ser considerado muito carinhoso por seus amigos e familiares Mike possuía
uma marca, um Mustang 68 amarelo, restaurado e pintado por ele. No dia do
seu velório, seus pais e amigos decidiram distribuir cartões amarrados em
fitas amarelas com frases de apoio para pessoas que pudessem estar
enfrentando problemas emocionais. “Se precisar, peça ajuda” era a frase em
destaque.
A ideia acabou desencadeando um movimento de prevenção ao suicídio
em várias partes do mundo. Em 2003, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) estabeleceu o dia 10 de setembro como o Dia Mundial da Prevenção
do Suicídio, e a cor amarela (cor do Mustang de Mike) foi escolhida para
representar essa campanha, junto com o laço que remete à ação dos amigos
e familiares de Mike no funeral. No Brasil a campanha deu início em 2015
pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina
(CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e tem como objetivo
chamar a atenção dos governos e da sociedade civil para a importância de falar
sobre o assunto.
A IMPORTÂNCIA DA CONSCIENTIZAÇÃO
Quando a pessoa se decide pelo suicídio, seus pensamentos tornam-
se muito restritos, ficando incapaz de perceber outras maneiras de enfrentar
seus problemas. Desta forma, para ela, não há outra maneira de superar o
sofrimento emocional a que está sujeita.
Diante disso é importante falar sobre o assunto, debater e
principalmente criar meios de chegar às pessoas que estejam passando por
momentos difíceis e de crise, para que estas, busquem ajuda e entendam
que a vida sempre será a melhor escolha.
Para isso, é de suma importância que a sociedade aja de forma a
conscientizar todos sobre a importância da vida, trabalhando efetivamente
na prevenção do suicídio, com medidas e atitudes que buscam quebrar o tabu
que envolve este gravíssimo problema social.
FORMAS DE AJUDAR
O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou e distribui uma cartilha
chamada: “Informando para Prevenir” onde destaca alguns dos mitos sobre o
comportamento suicida. Erros e preconceitos vêm sendo historicamente repetidos,
contribuindo para formação de um estigma em torno da doença mental e do
comportamento suicida. É o resultado de um processo em que as pessoas são levadas
a se sentirem envergonhadas, excluídas e discriminadas.
(FONTE:https://www.assembleia.pr.leg.br/comunicacao/noticias/setembro-amarelo-campanha-se-
precisar-peca-ajuda-reforca-a-prevencao-do-suicidio)
Mito: o suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito a
exercitar seu livre arbítrio. (Falso).
Verdade: suicidas estão passando, quase invariavelmente por uma doença
mental que altera, de forma radical, a sua percepção da realidade e interfere no seu
livre arbítrio.
Mito: quando uma pessoa pensa em se suicidar terá risco de suicídio para o
resto da vida. (Falso).
Verdade: o risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, após isso, a
pessoa não estará mais em risco.
Mito: as pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas
chamar a atenção. (Falso).
Verdade: a maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte.
Boa parte dos suicidas expressou, em dias ou semanas anteriores, frequentemente
aos profissionais de saúde, seu desejo de se matar.
Mito: se uma pessoa que se sentia deprimida e pensava em suicidar-se, em
um momento seguinte passa a se sentir melhor, normalmente significa que o
problema já passou. (Falso).
Verdade: se alguém que pensava em se suicidar e, de repente, parece
tranquilo, aliviado, não significa que o problema já passou. Uma pessoa que decidiu
tirar a própria vida pode se sentir melhor ou sentir-se aliviada, simplesmente por ter
tomado a decisão de se matar.
Mito: quando um indivíduo mostra sinais de melhora ou sobrevive a uma
tentativa de suicídio, está fora de perigo. (Falso).
Verdade: um dos períodos mais perigosos é quando se está melhorando da
crise que motivou a tentativa, ou quando a pessoa ainda está no hospital, na
sequência de uma tentativa. A semana que se segue a alta do hospital é um período
durante o qual a pessoa está particularmente fragilizada.
Mito: não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode aumentar o risco.
(Falso).
Verdade: falar sobre suicídio não aumenta o risco. Muito pelo contrário, falar com
alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos
trazem.
A cartilha completa com dados sobre prevenção, orientações sobre
identificação de comportamentos suicidas e a posvenção que inclui as habilidades
para cuidar de quem fica e está ligado ao protagonista suicida, como familiares,
amigos, etc.; está no link:
https://www.flip3d.com.br/web/pub/cfm/index9/?numero=14#page/1