A “jogada de marketing” da incompetência do servidor para a implementação das PPPs não pode prevalecer. Que a luta dos mais novos trabalhadores na SAP junto ao SIFUSPESP seja o início da nossa batalha
Temos um caminho a seguir! O presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (SIFUSPESP), Fábio Jabá, chama os trabalhadores penitenciários para unirem-se em defesa de seus direitos e agradece a respeitosa postura dos agentes recém egressos ao sistema nesta terça-feira, 15/01.
O dia dos ASPs e AEVPs que vieram à cidade de São paulo tomar posse de seus cargos já iniciou com medo e insegurança, após publicação do Diário Oficial do dia que falava sobre prorrogação de 30 dias para posse, o que posteriormente foi esclarecido.
Entretanto, a marca deixada pelos novos guerreiros e guerreiras foi a de enfrentamento, busca por resolução de problemas e luta por direitos. Permitiram e se fizeram presentes para apresentar a função do sindicato e como ele funciona: com o servidor e para o servidor. A engrenagem necessita da presença do servidor para a luta, na mobilização e no agir conjunto num objetivo traçado pelo coletivo que é a categoria dos trabalhadores penitenciários.
“Uma nova turma de agentes prisionais que já entrou lutando, arregaçando as mangas e disposta a continuar lutando pela categoria. Nos lembrou que há sangue fervendo nas veias de qualquer trabalhador e lutador do sustento de suas famílias. Não recuou”, afirmou Jabá.
Os funcionários do Sistema Prisional são aqueles que tomaram Brasília contra a Reforma da Previdência, em 2017. Que ficaram os pés no Ministério da Justiça logrando o êxito do adiamento da votação ali prevista. Foram duas vezes traídos na ocasião, não sendo inseridos como merecedores do direito da aposentadoria especial.
Em 2018, no findar da votação do SUSP, o presidente Michel Temer(PMDB) vetou o artigo que reconhecia a natureza da atividade policial do agente penitenciário. Novamente traídos e com outras dificuldades que teremos até que isso seja reconhecido por Lei. Até que o erro histórico da não inclusão da categoria no artigo 144 da Constituição Federal seja corrigido.
Enfrentamos neste momento o monstro da privatização dos presídios ou Parcerias Público Privadas. Com toda clareza é o objetivo declarado do atual governador do Estado, João Dória (PMDB). Necessitamos da união de todos os funcionários do sistema penal paulista. Todo apoio será essencial. Enfrentaremos poderes políticos e empresariais que, apoiados pela grande imprensa, inclusive nos apresenta como ineficientes e até mesmo como contraventores, nos igualando aos presos.
Precisamos provar que somos conhecedores da mentira contada pelo Estado de que a privatização trará economia e melhores serviços. A realidade é que o sistema penitenciário necessita de investimentos há muito tempo. Apresentar um modelo sucateado como problema indissolúvel e investir dinheiro que seria mais que suficiente para o sistema público funcionar exemplarmente porque o lobby empresarial exige, aí sim, trata-se de incompetência administrativa ou discurso de mera propaganda que não é nada transparente.
O Brasil segue na contramão dos sistemas penais do mundo todo e parece não ter percebido que a segurança pública necessita de todos os servidores penais, público e investimento nos mesmos para modernizar a inteligência penitenciária: ASPS, AEVPs, Oficiais Operacionais, Psicólogos, Enfermeiros, Assistentes Sociais.
Governo pela segurança pública?
Após algumas declarações do novo secretário da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), Coronel Nivaldo Restivo, foi possível perceber que as coisas não estão bem para o trabalhador penitenciário, além da política privatista adotada pelo novo governador João Dória (PSDB). Pela primeira vez na história da SAP um concurso prescreveu, o AEVP 2013, sem chamar a todos. O tom de João Dória está claro: “privatizar tudo o que for possível” - frase dita por ele em uma de suas entrevistas. O secretário da pasta corroborou.
“É por isso e para isso que existe o sindicato: fazer valer o direito de todos. O sindicato precisa de todos os trabalhadores do sistema para existir e para efetivar lutas pelos direitos, ele não existe sem os trabalhadores, existe com os trabalhadores e para os trabalhadores. Nosso papel é buscar o diálogo, faz parte da negociação. Temos que obedecer as regras jurídicas até para dar valia a qualquer ato posterior, manifestação ou greve, mas é bastante claro que a categoria necessita mais do que nunca unir-se ao redor do SIFUSPESP”, afirmou Jabá.
Jabá ainda declarou que cada demanda dos trabalhadores do sistema prisional paulista deveria entrar em pauta em reunião com o secretário da SAP, que tem demonstrado desconhecimento da engrenagem do Sistema Penitenciário. O presidente do SIFUSPESP, assim como a categoria tem pedido, gostaria de sanar dúvidas a respeito das pretensões do Estado, obtendo resposta para cada problemas posto à mesa. A exemplo, o déficit de AEVPs alcança um número maior que 5 mil, o de ASPs, mais de 7 mil. E isso sem colocar o número indicado pelo Conselho Nacional de Políticas Penitenciárias e Criminais, a média de cinco presos para cada agente.
“Nosso déficit funcional é imenso. Além disso nós temos a valorização salarial, estamos há quatro anos, desde a última greve, sem reposição das perdas salariais, temos problemas de formação e reciclagem, armas, falta de uniforme. Queremos debater todos os assuntos, mas necessitamos de abertura para diálogo. O papel do sindicato é organizar a categoria e pretendemos canalizar toda a insatisfação do trabalhador. Temos negociações abertas há muito e nada concretizado. O governo é novo e já declara implementar mudanças sem discussão. A palavra de ordem será ação”.
Privatizar é a solução?
Segundo o presidente do sindicato, o problema do servidor público no contexto do novo governo é desmonte, aqui especificando, do sistema prisional que há anos vem num crescente, sendo agora escancarado e colocado como o real problema. As Parcerias Público Privadas, ou PPPs, das quais muito se fala agora, em outros Estados, como no Amazonas, sustentam-se sob vários problemas, inclusive gerando dívida para o Estado. Além disso, a situação dos servidores estaduais que restaram é péssima.
João Dória afirmou que o Presídio de Ribeirão das Neves, em Minas Gerais será o modelo do sistema prisional paulista. Entretanto, o custo de um preso para o Estado de São Paulo, atualmente gira em torno de R$ 1400, já em Ribeirão das Neves, R$ 3600. Este é apenas um exemplo de que a situação deve ser observada de perto, destrinchada. Em próximos textos vamos demonstrar que esta diferença ainda é maior na realidade, não deixe de acompanhar.
A necessidade de privatizar não é verdadeira, seguindo o lema “eficiência a baixo custo”. Devido a ineficiência do trabalho privado, graves problemas na formação do trabalhador, desvalorização do trabalhador, corrupção e ao uso do ser humano como “objeto gerador de lucro”, em negociações e desvios ilegais para direcionar condenados gerando mão de obra em unidades privatizadas, os Estados Unidos da América estão em processo de reestatização. Investimento, valorização e formação do servidor público trará melhores resultados do que gerenciamento e construção realizadas por empresas privadas. O ganho sempre será delas, e não da sociedade.
“Quanto a nós trabalhadores prisionais, já demonstramos que somos capazes, visto que são 230 mil presos em cadeias superlotadas, faltando funcionários e estrutura muitas vezes. E diariamente fechamos os plantões com competência. Mesmo com facção, mesmo com todos os problemas citados, temos um compromisso de vida, que leva muitos a tirar do próprio bolso para ver o sistema em pé”, declara.
Sindicato e união
O SIFUSPESP é formado pela categoria. O sindicato sem a categoria não é nada. Este ano apresenta-se como um ano de muita luta, e aí sim é papel do sindicato organizar a categoria. Ouvir, debater, criar soluções. Juntos.
“Nossa vida não será fácil e somente o que pode mudar isso é a nossa mobilização. Conto com vocês e aguardo a reunião com o secretário, porque nós, trabalhadores conhecemos o sistema penitenciário”, disse Jabá.
Também no dia 23 de janeiro, às 19 horas, realizaremos a Assembleia Geral na sede do SIFUSPESP, na capital paulista. Contamos com vocês para isso: a nossa união, representatividade e força. A primeira reunião do ano que tratará, dentre outras coisas, da campanha pela valorização salarial, e mais do que isso, pela dignidade do trabalhador prisional. Não deixe de participar. O sindicato somos todos nós, unidos e organizados. Filie-se!
Após quebra de acordo de realinhamento salarial por meio do veto de parte da Lei Orçamentária Anual realizado pelo atual governador do Estado, Marcos Rocha (PSL), o Sistema Penitenciário de Rondônia enfrenta primeira greve de trabalhadores em 15 dias de mudança no quadro político
O Sindicato dos Agentes Penitenciários e Socioeducadores de Rondônia (Singeperon) decretou greve geral no Sistema Penitenciário do Estado, conforme anteriormente deliberado em assembleia extraordinária da categoria caso houvesse quebra de acordo firmado entre Estado e sindicato pelo realinhamento salarial. A previsão de início é dia 18/01, próxima sexta-feira. O sindicato pede para que os trabalhadores aguardem instruções de como proceder durante o período grevista.
Após confirmação do veto de parte da Lei Orçamentária Anual realizado pelo atual governador do Estado, Marcos Rocha (PSL), a presidente do sindicato, Daihane Gomes, declarou estado de greve. O fato ocorreu na última segunda-feira, 14/01. O veto afeta diretamente os agentes penitenciários e retira a previsão do realinhamento salarial já acordado, inclusive judicialmente, em ação de Dissídio Coletivo de Greve (processo n. 0801150-04.2017.8.22.0000).
“Foi uma triste surpresa. Acreditávamos, realmente, que o governador Marcos Rocha não vetaria nosso orçamento. Ainda tentamos diálogo, prova disso foi que no dia 03/01 foi protocolado ofício para marcarmos uma reunião. Foi de suma irresponsabilidade do governador vetar sem analisar, sem dialogar, sem ouvir. Mostra um despreparo tremendo para administrar Rondônia. A humildade é tudo, governador! Homem de Deus que você disse que é durante a campanha”, contesta a presidente do sindicato.
Daihane reafirma sua indignação quanto a decisão do governador, já que Marcos Rocha foi
Secretário da Sejus durante três anos e acompanhou todo o processo de negociações da categoria. Ressalta em sua fala que não se trata de “infinitas reivindicações”, mas de uma mesma reivindicação de reajuste que segue há cinco anos.
“Agora chega. Queremos colocar um ponto. Isso porque é um governo que veio com a signa Bolsonaro, dizendo que iria valorizar a segurança pública. A deflagração do movimento grevista não estava nos nossos planos. Não era da nossa vontade que isso ocorresse. Ainda mais eu, uma das poucas militantes de direita, se assim posso dizer, que acreditei numa nova vertente de trabalho. Um novo governo para um futuro diferente”.
Cinco anos de quebra de acordos
Conforme explica Daihane Gomes, presidente do Singeperon, em maio de 2017 ocorreu uma audiência de conciliação no Tribunal de Justiça, onde as partes, Estado e sindicato, chegaram a um consenso firmado no judiciário, no qual o Estado teria 60 dias para apresentar nosso plano de carreira, trabalhando em conjunto com o sindicato, o que não aconteceu.
A presidente do sindicato ainda alega que anteriormente à deflagração do movimento em 2017, a categoria já esperava por dois anos em negociação. Em julho de 2018, a nova gestão do Singeperon identificou essa falha do Estado e foi buscar junto ao desembargador do Estado de Rondônia um despacho a fim de resolver essas pendências. Portanto, trata-se de uma luta de cinco anos.
“E assim que aconteceu. O desembargador muito sensato e sensível a nossa causa, nos recebeu e despachou. De julho pra cá foram dias e dias trabalhando com cálculos atuariais (cálculos que avaliam e analisam riscos e expectativas, principalmente na administração) a fim de que não deixasse impacto para o próximo governo. Trabalhadores e Estado chegaram a um um consenso”, diz.
O Estado apresentou uma proposta de realinhamento salarial, onde utilizaria o próprio orçamento da Sejus para dar essa melhoria ao servidor, que infelizmente, por ser ano de vedações legais, não pode ser levado para Assembleia Legislativa para ser votado. Porém, a reserva orçamentária foi feita, enviada ao executivo e aprovada pelo legislativo em 2018. Nas mãos do novo governador ficaria o poder da sanção. Entretanto ele vetou.
“Ainda não causando impacto no orçamento do Estado, ainda que os agentes penitenciários, durante o processo, tenham cedido e aceitado mudanças de escala e outros sacrifícios a fim de trazer esse realimento salarial em prol dos trabalhadores e sem onerar o Estado, ainda assim foi vetado. Os servidores iriam se sentir respeitados pelo Estado, ainda mais porque o governador ganhou levantando o nome e a bandeira Bolsonaro. Estávamos esperançosos por suas propostas, muitos agentes penitenciários o abraçaram”, declara a presidente e reitera:
“Por que entraremos em greve? São 15 dias de governo, apenas, alguns dizem. Não, são anos de negociação acompanhados pelo próprio atual governador, autor do veto, que atuou na frente da Sejus. Existiu um pedido para que o governador nos recebesse e firmasse um diálogo saudável com a categoria. Ele, infelizmente, vetou o nosso orçamento, sem nos chamar para conversar, sem ao menos um aviso”.
O acordo com o Estado referia-se a votação e sanção do orçamento, em Fevereiro de 2019, o envio do projeto de lei para a Assembleia Legislativa e implantação no salário já no primeiro quadrimestre de 2019. O governador Marcos Rocha(PSL) vetando a previsão orçamentária, quebrou o acordo, sendo assim, a presidente seguirá a deliberação da categoria: Greve Geral.
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