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Por Veridiana Dirienzo

Com a chegada do coronavírus no Brasil, a situação insalubre e periclitante dos presídios de todo Brasil vai se evidenciado cada vez mais. A situação é dramática. Fica claro que o Brasil não tem condição nenhuma de arcar com uma pandemia que envolve toda a complexidade do sistema carcerário.

O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (SIFUSPESP) vem travado uma batalha com a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) para que em todas as penitenciárias existam, por obrigatoriedade legal, os equipamentos de proteção individual (EPIs) além de testes do coronavírus, assim como o uso obrigatório de máscaras, luvas e álcool em gel, bem como uma equipe médica em cada unidade prisional,  que fique à disposição para socorrer os possíveis casos de suspeita do vírus.

O posicionamento do Sindicato na suspensão das visitas e na entrega do “jumbo” - os alimentos, mantimentos e produtos de higiene, entre outros com entrada permitida, trazidos pelos familiares para uso pelos detentos - visa proteger não só os trabalhadores, mas os encarcerados e os visitantes. Tratando-se de uma pandemia de muito fácil contágio, a probabilidade dessa transmissão acontecer pelo “jumbo”, ou mesmo com as aglomerações que acontecem nas portas das penitenciárias, é enorme, o que acarreta não só problema para dentro das penitenciárias, mas para a sociedade como um todo. O contágio começa se alastrar ficando impossível de dar conta.

Sabemos que é dever do Estado não só agora, mas principalmente neste momento, fornecer materiais de higiene pessoal, com pandemia ou não. Essa é uma bandeira não só de hoje, em tempos de pandemia, ter direito aos materiais de higiene pessoal que sempre devem ser renovados, mas um dever do Estado.

Portanto, pensar que a luta é mais do que nunca para que o Estado, representado no papel da Secretaria de Administração Penitenciária, é pensar na luta para que os direitos daqueles que estão nas penitenciárias sejam preservados. 

O momento nos mostra que é uma via de mão dupla: a pandemia controlada com os agentes é controlada também no interior das penitenciárias. A vida está do mesmo lado. A reivindicação por direitos e segurança no controle dessa pandemia também.

O SIFUSPESP tem trabalhado intensamente nas denúncias de todas as irregularidades que vêm acontecendo no sistema prisional, por meio de um trabalho intenso para que possamos avançar no controle da pandemia. Isso ocorre com a colaboração dos trabalhadores e trabalhadoras penitenciários, que informam por meio de denúncias o que está acontecendo nas unidades prisionais de São Paulo.

Situações extremamente preocupantes, como a transferência de presos que são grupo de risco para outras penitenciárias, sem nenhum teste ou mesmo EPI necessário, é um genocídio, com possíveis mortes em massa.  Essas mortes envolvem trabalhadores do sistema prisional e encarcerados.

Nesse sentido, o SIFUSPESP, como uma entidade democrática e de classe, pede a união de forças com entidades como a Amparar, Pastoral Carcerária, Defensoria Pública, dentre outras tão importantes quanto, para que possamos somar forças.  Sabendo que a luta agora é da proteção de vidas, de preservação, e de se contrapor à omissão do Estado.

No atual momento temos “jumbos” - levados pelos familiares dos detentos, em estado de desespero pela omissão do Estado em seus deveres -, sendo colocados para dentro das penitenciárias, com alimentos e produtos de higiene que o Estado tem o dever de fornecer. Temos ainda a falta de material de segurança como máscaras, álcool gel e recursos humanos, como equipe médica para tratar dos casos suspeitos do coronavírus, tanto nos trabalhadores quanto nos encancerados.

O tratamento não adequado dos casos suspeitos, assim como a realização de transferências indevidas, não só colocam em risco a vida das pessoas, como aumentam a possível incidência da pandemia.

Solicitamos que o Estado apresente um plano claro de contingência, em que explicite os procedimentos de testes e isolamento de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde. Solicitamos ainda um plano de contingência caso venham a ocorrer casos que necessitem de internação, um vez que as instalações de saúde das unidades prisionais não dispõem dos recursos necessários.

Veridiana Dirienzo é educadora social e psicanalista

 

Por Flaviana Serafim

O governador João Doria (PSDB) decretou gratuidade na tarifa do serviço de transporte coletivo intermunicipal de passageiros para policiais militares e civis - “inclusive do Corpo de Bombeiros’, durante o período em que perdurar o estado de calamidade pública devido à pandemia de coronavírus. 

O decreto 64.884, publicado no Diário Oficial desta quarta-feira (25), ressalta a “necessidade de ‘resguardar o exercício e funcionamento de serviços públicos e atividades essenciais”, mas o governador não incluiu os policiais penais na gratuidade. 

Atento à questão, o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) protocolou uma indicação neste 25 de março reivindicando que o governador inclua os servidores da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) e também os trabalhadores da Fundação Casa na isenção temporária de tarifa. 

“Tantos nós da SAP quanto os servidores da saúde somos convocados a trabalhar, para não ter falta e para mantermos a segurança em meio à pandemia, e o governador não nos inclui na gratuidade deste decreto? Estão todos trabalhando igual”, ressalta Fábio César Ferreira, o Fábio Jabá, presidente do SIFUSPESP. 

Confira a indicação feita pelo deputado Giannazi:

 

Após denúncias do SIFUSPESP e de toda a categoria, o recebimento direto pelas unidades foi suspenso e a entrega só poderá ser feita pelos Correios. Além dos riscos aos familiares obrigados a desrespeitar decreto de quarentena, o vírus sobrevive por 72 horas no material plástico do “jumbo”, expondo servidores e toda a população carcerária

 

Por Flaviana Serafim

Depois da pressão e das denúncias feitas do SIFUSPESP e por toda a categoria, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) divulgou comunicado na tarde desta quarta-feira (25) suspendendo o recebimento presencial do “jumbo” com os alimentos e produtos de higiene entregue pelos familiares aos detentos nas unidades prisionais. A partir de agora, o recebimento só será aceito para entregas feitas pelos Correios. 

Desde o início da semana, o SIFUSPESP recebeu denúncias e imagens principalmente da capital paulista, sobre as longas filas e a aglomeração dos familiares expostos a riscos na porta das unidades. Os casos repercutiram nas redes e mídias sociais, e a SAP finalmente tomou providências, pontua a direção do sindicato. 

Como o SIFUSPESP vem alertando, a transmissão por superfícies contaminadas com o coronavírus é uma das principais formas de contágio, pois em materiais plásticos como o do “jumbo” o vírus sobrevive por 72 horas (três dias), apontam estudos. 

Além disso, ao aceitar o recebimento dos itens, a própria SAP estava desrespeitando a quarentena decretada pelo governo estadual e que se iniciou nesta terça-feira (25), obrigando tanto os familiares a se expor nas ruas, como o recebimento e exposição à contaminação para os servidores e toda a população carcerária. 

Com a gravidade da pandemia, a decisão da SAP foi tardia, mas importante para prevenção do contágio, avalia Fábio César Ferreira, o Fábio Jabá, presidente do SIFUSPESP. 

“A expectativa agora é que a SAP não demore ainda mais para colocar outras medidas preventivas em prática, como a suspensão do trânsito para transferência de presos e de qualquer movimentação ou saídas externas, exceto em casos urgentes. Fora isso, os equipamentos de proteção individual, coletiva e o álcool gel ainda não foram entregues nas unidades prisionais. Até quando será preciso esperar?”, questiona o sindicalista. 

Confira as novas regras divulgadas no site da SAP:

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