Atomizador é altamente eficiente contra microorganismos, entre eles o coronavírus, mas tem custo alto e só foi obtido graças a vaquinha custeada pelos policiais penais. Na semana passada, SIFUSPESP havia denunciado descaso da diretoria com medidas de proteção contra a COVID-19 na unidade, onde dois trabalhadores já morreram vítimas da doença
por Giovanni Giocondo
Em conjunto, policiais penais e outros servidores penitenciários do Centro de Detenção Provisória(CDP) de Americana obtiveram uma ajuda excepcional para minar a proliferação do coronavírus pela unidade. A equipe fez uma vaquinha e conseguiu adquirir um atomizador, sem qualquer ajuda da Secretaria de Administração Penitenciária(SAP).
O equipamento de alto impacto é usado na desinfecção de indústrias alimentícias, farmacêuticas e em Unidades de Terapia Intensiva(UTIs) hospitalares, e tem adquirido grande importância durante a pandemia do coronavírus, já que esses ambientes são de alto risco de contaminação, tais como as próprias prisões.
Considerada a máquina mais eficaz na descontaminação de ambientes fechados, o atomizador custou para os trabalhadores R$1.436, além dos valores que terão de ser dispendidos com a gasolina que alimenta o motor e as máscaras de filtro de carvão ativado reutilizáveis, que deverão ser utilizadas pelo trabalhador que manusear o aparelho.
O atomizador utiliza uma substância chamada “amônia de quartenaria”, altamente tóxica na eliminação de fungos, bactérias e vírus. Conforme definem as regras internas, o equipamento será utilizado no CDP em caráter de empréstimo enquanto durar a pandemia.
No último dia 16 de julho, o SIFUSPESP havia publicado uma denúncia de trabalhadores da unidade sobre a inércia da diretoria do CDP diante da necessidade de medidas de proteção aos trabalhadores, entre elas a utilização de equipamentos de proteção individual de qualidade e de máscaras para os presos isolados com suspeita de contágio pela COVID-19.
Os testes rápidos chegaram somente na quinta-feira(23), uma semana após o sindicato ter publicado a informação. Os exames feitos na semana passada vão analisar um contingente de 163 trabalhadores, faltando agora somente a divulgação do resultado, que já estaria em mãos do Centro de Recursos Humanos da unidade. Os 1.299 detentos ainda não foram submetidos a diagnóstico.
“A falta de apoio oficial obrigou os servidores a agirem por conta própria, em ato que visa a proteção de todos os que vivem o cotidiano da unidade. O sindicato espera que o exemplo sirva para que o Estado possa adotar medidas que são de sua alçada”, destaca o presidente do SIFUSPESP, Fábio Jabá.
No CDP de Americana já morreram dois servidores vítimas do coronavírus - Celso Luiz Prado e Vanderlei de Almeida, enquanto um está doente e sob tratamento.