Gestão Doria anunciou nesta quarta-feira(22) que serviço estará disponível já no próximo fim de semana, mas temor do SIFUSPESP é que demanda será muito grande e poderá provocar aglomerações e criar riscos à segurança das unidades
por Giovanni Giocondo
Em meio à pandemia do coronavírus, O SIFUSPESP teme que as visitas online para detentos que cumprem pena no sistema prisional de São Paulo, na prática, torne mais inseguras as unidades e possam provocar aglomerações. Nesta quarta-feira(22), o governador João Doria(PSDB) disse que o serviço já estará disponível para ser utilizado no próximo fim de semana em todo o Estado. O sindicato vai encaminhar ofício à Secretaria de Administração Penitenciária(SAP) para pedir esclarecimentos urgentes sobre como o atendimento vai funcionar.
Para o presidente do SIFUSPESP, Fábio Jabá, o risco para os trabalhadores e para os próprios detentos é grande. Isso porque, se for levada em conta toda a demanda reprimida de quatro meses pelo contato com os familiares - as visitas presenciais estão suspensas desde março em razão da pandemia de COVID-19 - haverá presença maciça de presos nas radiais da galeria aguardando por sua vez.
“Como vamos manter a ordem diante de um serviço se em uma penitenciária existem 2 mil, 3 mil detentos com direito legal a receber a visita todos os fins de semana? Das 8h às 17h, a cada cinco minutos, quantos precisarão ser atendidos? Existe o procedimento de revista, de escolta até o local, como vai funcionar com tanta gente? Qual funcionário vai conseguir atender, se falta servidor para tudo?”, questiona Jabá.
O governo paulista também não informou como os policiais penais vão proceder durante o contato entre sentenciado e visita. “Quem vai tirar o preso da cela, o acompanhar até a sala? O preso poderá alegar foro íntimo e ficará sozinho ou alguém ficará à disposição para monitorar o que é falado em razão da segurança, como é feito com a leitura das cartas? Nenhuma dessas perguntas foi respondida neste anúncio oficial”, critica o sindicalista.
Para o presidente do SIFUSPESP, “o governo só pensa na tecnologia, desenvolve um programa de computador, coloca as máquinas e a conexão com a internet para funcionar, mas e a operação dessa atividade, e dentro da unidade, quem vai operar esse aplicativo e movimentar os presos? Na prática, ele pensou? “Acredito que não. Nos parece mais uma jogada de marketing feita a qualquer custo, sem o devido respaldo de quem realmente vive o ambiente prisional”, ressalta Fábio Jabá.
No primeiro dia em que ficou aberto para os familiares dos detentos interessados na televisita, nesta quarta, o sistema elaborado para cadastro no site da Secretaria de Administração Penitenciária(SAP) já apresentava instabilidade devido ao excesso de demanda.
“O aprofundamento do déficit de funcionários tende a deslocar mais servidores para uma função sem precedentes no sistema. Se já temos de acumular postos porque o governo não contrata ninguém e centenas de colegas estão afastados em razão do coronavírus, o que vai acontecer com as unidades a partir desse novo modelo de visitas? O servidor vai abandonar a vigilância para ter de acompanhar o preso? Não há condições operacionais de se promover uma mudança dessa magnitude sem mais pessoal ”, alerta Jabá.