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O trabalho do trabalhador penitenciário, especificamente no dia de visitas, exige estratégia de ação e experiência de observação no momento da revista para impedimento de entrada de objetos ilícitos nos presídios

 

O “Dia de Visita”, ou finais de semana do agente de segurança penitenciário, possui em si um trabalho mais árduo do que o seu “comum” de segunda à sexta-feira. Comum, aliás bem incomum, considerando a natureza do trabalho do agente. Segundo noticiam os portais de concurso para ingresso na carreira, entre as funções do agente está orientar, dar assistência, disciplinar o preso. Realizar revista nos presidiários e visitantes, realizar vigilância interna e lidar com situações de conflito como rebeliões, fugas. Também cabe a ele a contenção, escolta armada e auxílio à polícia na captura de presos foragidos do sistema penitenciário. A cadeia está em suas mãos. São dias comuns de trabalho.

Não há paz para o agente que trabalha durante o horário de visita, e possivelmente o final de semana - tão esperado por tantos trabalhadores - não é bem vindo neste caso. Não se sabe quem é bem vindo ao presídio. Quem vem para um dia de visita, ou quem assinala o papel de “mula” na tentativa de portar ilícitos para dentro das unidades prisionais paulistas. Eis que num recorte, aqui a função de “realizar revista nos visitantes” é muito mais do que uma revista.

Necessário ter olhos de águia, habilidade na leitura do comportamento, manejo ao falar, palavras certas no momento certo, agilidade em tudo. Dentro de um sistema repleto de prisões superlotadas, é necessário dar conta de toda a fila de espera no “dia de visita”, também composta de familiares, amigos, pessoas que se solidarizam com a questão da vida em isolamento de um ente querido e que neste momento de visita, procuram, muitas vezes, em conversas informais, incentivar a busca por uma vida longe do crime.

Então, ainda que com aparelhos de escaneamento corporal, raio-x, detectores de metais, seja qual for a tecnologia, dentro dessa complexidade do “dia de visitas”, o agente penitenciário é a chave e precisa ser a chave. Ele ali captura elementos em prática criminosa e impede que o crime aconteça dentro do ambiente onde a tentativa é de extirpá-lo. Repete-se a frase: Necessário investir no sistema prisional. Isso sabe aquele que conhece o sistema e seus entremeios precarizados.

O agente prisional coloca-se em brechas, rachaduras encontradas neste sistema, colocando-se como um alicerce (logicamente fragilizado) em todas as situações de falta. Falta de funcionários, de estrutura no ambiente laboral, falta de dignidade para quem habita a prisão e para quem trabalha nela. Falta de equipamentos. Sim, mas não apenas. As máquinas são incapazes de resolver o problema do sistema, independente da tecnologia.

O profissional agente penitenciário, seja de segurança ou de escolta e vigilância, assegura a custódia do preso, ou seja, assegura o cumprimento da Lei de Execução Penal, seja qual tenha sido o crime e seja qual tenha sido a pena estabelecida. É um agente de segurança pública e trabalha em prol da proteção da sociedade. Além de ser responsável pela ordem dentro dos presídios, por impedir possíveis fugas, informar possíveis ocorrências e conferir documentos.

Sua atividade engloba planejamento, comunicação, organização, inteligência, trabalho conjunto. Ele é o primeiro a descobrir contravenções dentro do presídio, na porta do mesmo, no limiar dos muros. De certa forma, ele ajuda a coibir o crime quando impede que ele aconteça, quando intercepta determinada atuação criminosa e quando desmantela a mesma. E tem sido peça fundamental em operações federais e estaduais de desestruturação de atividades de organizações criminosas nas prisões. Não à toa está presente na lista de alvos das mesmas organizações. Trabalha no topo da periculosidade, isto também é o natural deste ofício.

É o olhar atento e único do agente penitenciário, que neste pequeno recorte de função, que impede caos no dia de visitas. E que impede a continuidade do crime no dia de visitas. E que descobre entre tantos rostos, os  apreensivos ou não, descobre nos gestos aquilo que pode ser suspeito. De tudo isso, o que aparece são as apreensões, por isso necessário se faz dar visibilidade à este trabalho, contextualizando e observando um pouco mais a fundo. Cada ato de apreensão é uma vitória da sociedade no enfrentamento da segurança social.




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