Latif Abrão Júnior é acusado pelo Ministério Público Estadual de dar prejuízo de mais de R$400 milhões ao instituto em contratos com a empresa Qualicorp. Márcio Cidade assume interinamente o cargo e CCM cobra por esclarecimento total do caso
O ex-superintendente do Instituto de Assistência Médica do Servidor Público Estadual(IAMSPE), Latif Abrão Júnior, foi exonerado do cargo pelo governo do Estado de São Paulo. Ele é acusado pelo Ministério Público de firmar, em 2009 e 2014, contratos com a empresa Qualicorp que teriam desvio de finalidade que causou um déficit de cerca de R$405 milhões nas contas do IAMSPE.
A exoneração foi publicada no Diário Oficial do dia 04/04. Abrão Júnior e a empresa de planos de saúde continuam sendo alvo da investigação do MP-SP em uma ação que apura improbidade administrativa na execução dos convênios.
Com a saída de Abrão Júnior, assumiu interinamente o cargo Márcio Cidade Gomes, que é diretor do Departamento de Convênios e Assistência Médica(DECAM) do instituto. O nome definitivo do futuro superintendente ainda não foi divulgado e depende da nomeação por parte do governador Márcio França(PSB).
A saída do ex-superintendente era uma exigência da Comissão Consultiva Mista(CCM) do IAMSPE, que no último dia 22/03 havia feito um protesto em frente ao Hospital do Servidor Público Estadual, em São Paulo, para mostrar seu descontentamento contra a permanência de Abrão Júnior à frente do cargo.
Para o diretor de Saúde do SIFUSPESP e integrante da CCM, Luiz da Silva Filho, a exoneração do ex-superintendente mostra a força da união dos servidores públicos estaduais em sua luta permanente por melhorias no atendimento prestado pelo IAMSPE.
“Essa medida é importante do ponto de vista de combate aos desmandos e à corrupção que vinham acontecendo dentro do instituto, mas precisa ser acompanhada de mais fluência no diálogo entre os representantes dos funcionários públicos com a direção”, pondera.
Na opinião de Luiz da Silva Filho, “só aumentando nossa participação efetiva nas decisões que influenciam no aumento do recursos repassados pelo Estado ao IAMSPE e consequentemente da qualidade dos serviços é que conseguiremos fazer com que o funcionalismo tenha acesso a uma saúde de primeiro nível”, ratifica.
Preocupada com os desdobramentos da decisão, a CCM se reuniu nesta quinta-feira, 18/04, para discutir a mudança de comando na superintendência e outros temas relativos ao IAMSPE.
Os integrantes da comissão acreditam que o Ministério Público Estadual precisa prosseguir com a investigação dos envolvidos no caso apesar da saída de Latif Abrão Júnior e também deve avaliar os contratos das 23 empresas que possuem convênio para prestação de serviços junto ao instituto.
De acordo com o diretor de Saúde do SIFUSPESP, Luiz da Silva Filho, a CCM também vai encaminhar ofícios à Frente Parlamentar em defesa do IAMSPE para que os deputados estaduais convoquem o MP-SP, o Tribunal de Justiça e o Tribunal de Contas do Estado, além do ex-superintendente, a fim de que toda a situação seja plenamente esclarecida à população e aos usuários do sistema.