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Essa é a primeira fuga de uma unidade feminina em São Paulo nos últimos 7 anos
 
Duas detentas fugiram, na tarde de segunda-feira (17/9), do CPP Feminino "Dra. Marina Marigo Cardoso de Oliveira", no bairro do Butantã, em São Paulo. Essa é a terceira fuga registrada no local em cerca de dois meses. Em julho, sete detentos escaparam da chamada ‘Cadeia de Papel’, apelido concedido por causa dos inúmeros problemas estruturais que a construção apresenta. Após o episódio de julho, a unidade transferiu os presos e recebeu as detentas que estavam na Penitenciária Feminina da Capital.

Segundo informações recebidas pelo Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp), as detentas, que não possuem direito a saídas temporárias, conseguiram escapar por volta das 13 horas. Um carro aguardava as fugitivas do lado de fora, indicando que a ação foi planejada. A Polícia Militar foi acionada e conseguiu recapturar uma das mulheres, enquanto a outra segue foragida.

Denúncias recebidas pelo Sifuspesp apontam para uma situação interna preocupante. Há relatos de apenas um funcionário para cada quatro andares, sem qualquer tipo de visão do que acontece em cada ala. Até a semana passada, informou o denunciante, não havia telefones nos andares, o que dificultava ainda mais a comunicação. Ainda segundo as informações recebidas pelo Sindicato, as servidoras trabalham em péssimas condições. "Estamos trabalhando sem armário, com banheiro sem tranca e sem assento e nosso horário de almoço não é respeitado. Quando a gente consegue fazer 30 minutos é muito", diz uma das denúncias.


Cadeia de Papel
A unidade enfrenta problemas estruturais antigos, como falhas no alambrado e falta de câmeras de segurança. As mesmas falhas já haviam sido apontadas pelo Sindicato em julho deste ano, quando sete detentos fugiram em dois episódios distintos. Na ocasião, a fragilidade da segurança e a superlotação da unidade foram apontadas como fatores determinantes para as fugas.

Mas não é de hoje que a unidade apresenta problemas estruturais. O CPP do Butantã foi interditado para obras em 15 de janeiro de 2022, mas a fragilidade na construção continua e, por isso, ela é conhecida como a 'Cadeia de Papel'.

Diante das denúncias e dos recentes acontecimentos, o Sifuspesp reforça a necessidade de registrar em ata a falta de profissionais em cada plantão, garantindo a segurança da operação e documentando as condições de trabalho. Essa medida visa proteger os servidores, evitando que sejam responsabilizados por falhas de segurança que são, na verdade, resultado da precariedade do sistema.

Defasagem, insegurança e agressões
Em junho, o sistema prisional de São Paulo registrou um deficit de 33,3% de ASPs (Agente de Segurança Penitenciaria) e de 27% de AEVPs (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária). A falta de policiais penais sobrecarrega os servidores, comprometendo o controle e a vigilância dentro das unidades e aumenta consideravelmente o risco de ocorrência de fugas, motins e agressões.

Não é à toa que uma pesquisa feita pelo Sifuspesp com policiais penais de 102 unidades mostrou que, nos cinco primeiros meses de 2024, ocorreram 203 agressões, um aumento de 276% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 54 agressões. A pesquisa apontou a existência de 67 servidores feridos no período. Houve registro de ocorrências em 69% das unidades pesquisadas.

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