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Nesta quarta-feira (12/6), na data em que se comemora o Dia dos Namorados, a SAP fez uma postagem em seu instagram com os procedimentos necessários para alguém casar-se com uma pessoa privada de liberdade.

 

A comunicação social de uma secretaria de Estado deve estar em sintonia com suas funções, seu papel social e o que a sociedade espera dela. Muitas vezes existem contradições entre os vários públicos atingidos, o que pode causar danos à imagem se a comunicação não for cuidadosamente balanceada.

 

A reintegração social é uma das funções da SAP, porém a mesma secretaria também tem que manter a segurança e a disciplina. Ao mesmo tempo que tem a função legal de restrição de direitos, tem a função de garantir os direitos que não são restritos pelos diplomas legais. O casamento é um deles. 

 

Uma secretaria que tem funções tão sérias não pode adotar uma comunicação chamada de “biscoiteira” no jargão das redes sociais. “Biscoiteiro” é uma forma de nomear postagens que têm como foco chamar atenção de determinado público, atraindo aplausos e elogios. A expressão tem origem justamente no fato que donos de cães estimulam o animal com um petisco quando o mesmo faz o que é esperado.

 

Orientação ou propaganda?

Embora a postagem tivesse um caráter essencialmente técnico, a data da postagem e as imagens alusivas incorporadas a ela dão a entender que a secretaria esteja fazendo apologia ao casamento com  pessoas privadas de liberdade.

Desaprovação do público interno
Apesar de dirigida aos visitantes e familiares, deve-se lembrar que o Instagram é uma mídia de alcance amplo e que tudo que é postado lá compõe a imagem pública da secretaria. 

 

Para os servidores da SAP e para os policiais penais, chega ser uma afronta uma secretaria que, por padrão, nega solicitações de união de cônjuge (transferência do servidor  para o mesmo município em que seu cônjuge trabalha) garantidas nos artigos 226 e 227 da Constituição Federal, ver tais postagens no Dia dos Namorados.

 

Outro fator que mostra a inadequação da comunicação é a falta de valorização do quadro funcional da Secretaria em suas mídias sociais. Frente ao maior déficit funcional da história da secretaria, os servidores quase nunca são destacados e elogiados por sua atuação muito acima do dever, coisa que é frequente nas secretarias congêneres no Brasil.

Além da pouca valorização que afeta a moral, a falta de transparência sobre processos fundamentais, como a lei orgânica ou as LPTs, também marcam não só a comunicação, como a gestão da secretaria.

 

Problemas são ainda maiores

Além dos problemas comunicacionais deriva-se uma série de outros problemas relacionados ao tema da postagem. A falta de espaços exclusivos para as visitas íntimas gera problemas de segurança, já tendo ocorrido diversos feminicídios nas prisões paulistas durante estas visitas.

A falta de técnicos na área de Psicologia e Assistência Social pôs fim nas  entrevistas de covalidação de vínculo que serviam como um  filtro para impedir a infiltração de pessoas sem laços reais com o detento no rol de visitas, existindo relatos inclusive de garotas de programa sendo incluídas em rol de visitas de presos socialmente desamparados, para o desfrute de chefes do PCC.

Outro fator que chama a atenção é a possível atração de pessoas com hibristofilia, uma parafilia que leva pessoas a serem atraídas sexualmente por criminosos, que postagens deste tipo podem causar.

Citamos este tipo de problemas pois uma das funções primordiais da Polícia Penal é a garantia da segurança da sociedade e de todos os que transitam no ambiente prisional.

Ao que nos parece, além dos gravíssimos problemas de estrutura, déficit funcional e valorização dos servidores a SAP também tem um problema seríssimo de comunicação.

 

Abaixo entrevista do Presidente do SIFUSPESP Fábio Jabá sobre o assunto no programa THMAIS Região

 

 

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