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SIFUSPESP apoia campanha nacional encampada por instituto em busca de mais diálogo sobre os transtornos que acometem os trabalhadores do setor em meio a um cenário ainda caótico de mazelas e violências que assombram a vida dentro dos muros

 

por Giovanni Giocondo

Quando o ano se inicia, muitos dos olhares da sociedade brasileira estão voltados ao período de recesso e de sua consequente retomada das atividades cotidianas por parte dos trabalhadores comuns nos diferentes setores da economia. Alguns, por outro lado, guardam parte de seu tempo para refletirem sobre os próximos movimentos de seu futuro.

Para os servidores do sistema prisional, que não podem interromper sua jornada nesse período devido à complexidade de sua atuação na segurança pública, salvo as raras exceções daqueles que conseguem contemplar suas férias neste mês, janeiro precisa necessariamente ter como foco os cuidados e a atenção com a saúde mental.

Este é o mote da campanha “Janeiro Branco”, criada por um instituto homônimo que coordena e incentiva este trabalho preventivo. Em sua página oficial, a entidade diz ser “um movimento social dedicado à construção de uma cultura da Saúde Mental na humanidade. Apoiada pelo SIFUSPESP, a campanha de 2023 traz em seu bojo a máxima de que “A Vida pede Equilíbrio”.  Saiba mais no site: https://janeirobranco.com.br/

O diretor de Saúde do sindicato, Apolinário Vieira, entende que não são poucos os registros de casos de trabalhadores penitenciários que, devido ao fato de não dialogarem com colegas, amigos, familiares e profissionais da psicologia sobre suas angústias, medos e traumas causados muitas vezes pela dura rotina do labor no cárcere.

E a ausência da escuta a respeito dessas mazelas infelizmente acaba por levar muitos à depressão, ao desenvolvimento de variadas síndromes originadas do estresse que campeia dentro dos muros, levando parte dos servidores a sofrer de crises permanentes de compulsão alimentar, uso de álcool e medicamentos controlados, entre outros transtornos.

Notadamente, essas “fugas” e compensações não conseguem conter o avanço de um quadro crônico de deterioração da mente destes seres humanos, fazendo com que parte deles apele a outras atitudes desesperadas e violentas, entre elas o suicídio.

Pensando nos aspectos que tantos danos causam à saúde mental desses trabalhadores, exemplificados pela voraz superlotação das unidades prisionais, o insistente déficit funcional e a falta de apoio por parte do Instituto de Assistência Médica do Servidor Público Estadual(IAMSPE) para o atendimento multidisciplinar e célere das vítimas de transtornos psicológicos e psiquiátricos, o SIFUSPESP coloca o diálogo entre a categoria e a adoção de políticas públicas por parte do novo governo do Estado nessa área como prioridades para que a atenção à saúde mental seja feita, permanentemente, “de janeiro a janeiro”.

“Precisamos conversar entre nós mesmos, compreender uns aos outros, e não guardar conosco os problemas que tanto nos aflige e que muitas vezes podem ser solucionados com base na conversa com um amigo ou um familiar” expressa Apolinário Vieira.  “Se estivermos nos sentindo mal, precisamos falar sobre isso. E se vermos alguém em uma situação preocupante, devemos ouvi-lo e estender nossa mão”, define.

Paralelamente a isso, o diretor de Saúde do SIFUSPESP coloca como fundamental que o Palácio dos Bandeirantes encare o desafio de cuidar de seus servidores, daqueles que atendem à sua população, com apoio não só à campanha Janeiro Branco, como também com a aplicação na prática da Lei 12.622/2007, que instituiu o Programa de Saúde Mental dos Agentes de Segurança Penitenciária(ASPs), atualmente chamados de “policiais penais”

“A legislação prevê que o governo estadual crie um programa que avalie, planeje e fiscalize as atividades voltadas à saúde mental, e que dê aos sindicatos a prerrogativa de ter acesso a essas informações e inclusive participar dessa organização, tendo como objetivo principal o bem estar psicossocial dos trabalhadores por meio de ações preventivas e assistência integral àqueles “acometidos de transtorno mental”, explica Apolinário Vieira.

Até o momento, no entanto, essa política não saiu do papel. “Pensamos portanto que para alterar essa perspectiva, o princípio basilar deverá ser a adoção de medidas que nos protejam desse adoecimento psíquico constante. Seja com campanhas internas nas unidades, nas coordenadorias e na Secretaria de Administração Penitenciária(SAP), seja com a ampliação do atendimento no IAMSPE, precisamos de ajuda”, completa.

Para concluir, o diretor de Saúde do SIFUSPESP esclarece que o sindicato estará sempre à disposição para levar adiante essa mensagem de esperança, “pois enquanto representante dos servidores do sistema prisional, quer que, em primeiro lugar, eles tenham acesso a um dia a dia menos violento, traumático e com respeito às suas individualidades. Que sua qualidade de vida seja alta, sua dedicação às atividades, recompensada, e sua família e amigos possam aproveitar o convívio com ele em seus melhores momentos por mais tempo.

 

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