Em ato realizado nesta quarta-feira(15) na região central de São Paulo, servidores da segurança pública fizeram duras críticas à situação de abandono do setor por parte do governador João Doria e as seguidas gestões do PSDB, prometendo novos protestos em 2022. Para o SIFUSPESP, que também cobra regulamentação da polícia penal, luta precisa continuar nas ruas até que o Estado valorize de fato os trabalhadores e atenda às suas reivindicações por mais qualidade de vida e saúde para todas as categorias

 

por Giovanni Giocondo

Sem cessar, a luta dos policiais de São Paulo por melhores salários e condições de trabalho teve nesta quarta-feira(15) seu último ato do ano de 2021. Reunidos em frente ao histórico Pátio do Colégio, no centro da capital paulista, policiais penais, civis, técnico-científicos e associações de policiais militares e de agentes socioeducativos da Fundação Casa fizeram a quarta de muitas manifestações que ainda estão por vir no próximo ano em defesa da valorização imediata das forças de segurança pública. Mesmo sob forte chuva, o protesto prosseguiu em uma caminhada até a frente da sede da Secretaria de Segurança Pública, na rua Líbero Badaró.

Com faixas em que cobravam do governador João Doria(PSDB) o cumprimento da promessa de campanha de que os policiais de São Paulo seriam os mais bem pagos do Brasil, e ressaltando a queda na qualidade de vida dos trabalhadores da segurança que tem origem nessa baixa remuneração e na falta de estrutura de trabalho, os servidores deixaram claro que a conjuntura de calamidade se tornou “insuportável” para continuarem atuando, sobretudo no que se refere a profissionais que são constantemente alvo de ataques de criminosos.

Representando os servidores do sistema prisional, participaram da manifestação o presidente do SIFUSPESP, Fábio Jabá, e os diretores Alancarlo Fernet, Gilberto Antonio da Silva, Maria das Neves Duarte e Apolinário Vieira. O ato desta quarta-feira também contou com a presença dos deputados estaduais Major Mecca(PSL) - que é o principal organizador dos protestos - e do deputado federal Coronel Tadeu(PSL-SP).

Momento de união em defesa dos policiais

Presidente do SIFUSPESP, Fábio Jabá afirmou que o momento requer a união de todas as categorias policiais em prol de uma pauta coerente com o momento de imensas dificuldades financeiras e de saúde pelas quais os servidores da segurança estão passando. “Precisamos estar juntos, porque assim demonstramos força e ímpeto para prosseguir reivindicando o direito a uma vida mais digna, diante de tanto esforço feito diariamente para cuidar da proteção dos cidadãos paulistas”, declarou.

Para Jabá, o servidor do sistema prisional é um exemplo do trabalhador da segurança que não aguenta mais trabalhar com o salário sob defasagem galopante - na faixa dos 50% de perdas desde o último reajuste real, em julho de 2014 - e tombar sob o efeito da fortíssima pressão exercida sobre sua saúde.

“Somente para o coronavírus, perdemos 123 companheiros da ativa em 20 meses, além de centenas de outros que morreram precocemente, vítimas de doenças que poderiam ter sido evitadas caso nosso ambiente de atuação fosse menos nocivo e insalubre, e nossos salários fossem condizentes com as atividades que exercemos”, ponderou Jabá.

O sindicalista deixou claro que os alertas feitos nos protestos de que “os policiais de São Paulo estão morrendo” e que vivem sob o pagamento do “Pior Salário Do Brasil(PSDB)” não são mera força de expressão, mas a "realidade dos fatos sobre a condição dos servidores''.

 

SIFUSPESP também cobra aprovação da PEC e regulamentação da Polícia Penal em São Paulo

O sindicato também aproveitou o ato para pedir apoio à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional(PEC) da Polícia Penal, que segue em trâmite na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo(Alesp), onde já foi aprovada em todas as comissões internas da Casa, mas ainda não entrou na ordem do dia para votação em plenário.

O sindicato considera “inaceitável” e “absurda” a demora na conclusão do processo legislativo, já que a mudança constitucional foi promulgada pelo Congresso Nacional em novembro de 2019, e regulamentada na maioria das unidades da federação.

Para o SIFUSPESP, a regulamentação da profissão em São Paulo é condição fundamental para que os policiais penais tenham reconhecimento legal para atuarem com segurança jurídica; obtenham um plano de carreira que valorize o mérito de suas atividades, o que promoveria uma nova organização de cargos e funções, e permitisse que a categoria pudesse possam enfim garantir que haja reconhecimento e valorização de seu trabalho, tão essencial para a segurança da população.

As datas e horários das próximas manifestações ainda serão definidas durante as reuniões entre os sindicatos e associações de policiais, e divulgadas no site e nas redes sociais do SIFUSPESP.

Confira no vídeo abaixo alguns dos momentos mais importantes do ato de hoje: