Por Fórum Penitenciário Permanente*

As eleições municipais do último domingo (15) terminaram com um saldo positivo para os policiais penais e demais servidores penitenciários que se candidataram a cargos eletivos nas cidades do interior, da região metropolitana da capital e do litoral paulista. 

Nada menos que quatro prefeitos e 38 vereadores foram eleitos, entre policiais penais, oficiais operacionais e administrativos, além de um enfermeiro, todos servidores do sistema prisional, o que demonstra o avanço da força da categoria, e a necessidade de união de propósitos e aproximação com esses futuros mandatos. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Confira a lista dos eleitos no final do texto.

Desse total de eleitos, cinco eram candidatos apoiados pelo Fórum Penitenciário Permanente, enquanto outros 26 ficaram como suplentes. O Fórum segue monitorando os eleitos para divulgação, assim, aos que conhecerem outros servidores penitenciários eleitos em São Paulo, basta informar enviando mensagem pelo Whatsapp (11) 99339-4320. Para além da divulgação, o objetivo é apoiar e fortalecer os mandatos, valorizando e ressaltando a atuação política da categoria. 

Mais que o número de eleitos, é importante destacar que pela primeira vez na história a categoria foi às urnas unida por um ideal único. Os candidatos apoiados pelo Fórum se comprometeram com a defesa da categoria, dos servidores público e da estrutura do Estado.

Em uma realidade de polarização e conflito ideológico, tivemos a maturidade de nos unirmos em torno de um projeto visando o bem comum, em uma experiência que se não for inédita é raríssima.

Nosso país e o mundo passam por uma crise que irá deixar marcas pelas gerações futuras, e as decisões e ações que tomamos agora vão moldar o futuro.

Com a crise do COVID-19, a dita “globalização” e a noção de “estado mínimo” começam a cobrar um preço amargo.

No Amapá, a população sofre com a falta de energia devido à ganância de uma empresa que só pensou no lucro dos investidores. No sistema prisional, já vimos na rebelião de Pedrinhas e do Compaj o que esta sede de lucro e sanha privatista pode causar.

No Brasil inteiro e principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, o crime organizado sob forma de facções ou de milícias ameaçam o direito democrático de escolha dos cidadãos nas eleições devido ao recuo e ao abandono do Estado. 

Na economia, começam a surgir sinais de alerta sobre o aumento da dívida pública, ameaçando a já combalida capacidade do Estado de prestar os serviços essenciais à população e ninguém questiona a legitimidade de tal dívida.

A concentração de renda e a miséria crescem uma alimentada pela outra, enquanto a grande mídia prega que precisamos mais desse remédio que está matando nosso povo.

Um balanço e várias tarefas

Nossa organização como categoria para o período eleitoral foi muito aquém do ideal, mas é importante celebrar as vitórias e aprender com as falhas.

Se por um lado conseguimos trabalhar um programa mínimo, baseado em princípios e ideias comuns, por outro precisamos nos organizar e nos estruturar a nível de cada unidade para que todos possam participar e ter suas demandas ouvidas.

Se quisermos ter melhores condições de vida e de trabalho, se quisermos ter representantes a nível federal e estadual, temos que falar como uma só voz e agir como um só corpo.

Para conseguirmos isso precisamos de organização. Esta deverá será meta de cada um que tem compromisso verdadeiro com a categoria.

Organizar e unir cada vez mais cada um que faça parte do sistema penitenciário deve ser a obsessão de cada um que já não aguenta a situação que vivemos.

Não importa que você seja da área meio, se trabalhe no administrativo, na muralha ou no fundo da cadeia. Precisamos nos organizar. Assim como o sistema precisa de cada um de nós para funcionar, também precisamos de cada um se quisermos nos unir.

Temos muito mais em comum do que divergências e a forma como nos organizamos nesta eleição é prova disso, porém organização demanda tempo, estrutura, dedicação e foco e toda caminhada começa sempre com o primeiro passo. Acreditamos que este passo foi dado com o programa comum para os candidatos. 

A democracia e a luta se fazem com participação. Achar que isolados em grupos de Whatsapp sem sairmos de nossa zona de conforto conseguiremos algo é uma ilusão perigosa e só levará a desilusões, desorganização e derrotas. Os sindicatos são um instrumento para exercermos nossa vontade, suas estruturas são fruto de nossa vontade organizada. O Fórum Penitenciário Permanente é fruto do desejo de unidade de nossa categoria e a participação de todos com críticas, divergências, ideias e sugestões é que fará este desejo se tornar realidade.

Vivemos um momento de decisão se vamos nos unir e nos organizar ou se iremos como cordeiros para o matadouro, com a destruição de nossos direitos, das condições de trabalho e das condições mínimas de funcionamento do Estado.

O SIFUSPESP, o SINDASP e o SINDCOP celebram a vitória de todos os policiais penais e demais servidores penitenciários eleitos nos seus respectivos municípios, e também saúda aqueles que estarão como suplentes na vereança ou mesmo os que não obtiveram o mandato através das urnas no último dia 15 de novembro. 

Para os sindicatos que integram o Fórum Penitenciário, o esforço e a dedicação de todos os homens e mulheres envolvidos no pleito de 2020 ressalta o entendimento desses trabalhadores sobre a força da democracia, além do papel fundamental que poderão exercer como representantes legítimos do povo e da categoria em diversas regiões do Estado.

Nesse sentido, e como forma de incentivar o bom trabalho dos novos vereadores e prefeitos, o Fórum Penitenciário está em contato com todos os  eleitos e não eleitos para demonstrar que haverá uma aproximação dos sindicatos com as futuras administrações e legislaturas de maneira a demonstrar que, na prática, os servidores estarão ao lado de seus pares para garantir que seus interesses e direitos sejam defendidos nos municípios.

Após o encerramento do período eleitoral, a pretensão do SIFUSPESP, do SINDASP e do SINDCOP é fornecer aos candidatos um curso de formação política, legislação e comunicação, entre outras frentes de trabalho, ministrado por especialistas em diversos setores da administração pública e que poderão colaborar muito para engrandecer os mandatos ao longo dos próximos quatro anos.

* Alterado em 16/02/2021, às 12h32, para atualização de informações