Por Flaviana Serafim

O coronel Nivaldo Restivo, da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), anunciou na tarde desta terça-feira (9) que os testes rápidos do coronavírus (COVID-19) no sistema prisional começam a ser realizados gradualmente a próxima segunda-feira (15), começando pela Penitenciária II de Sorocaba. Restivo disse que participou de reunião para tratar do tema na noite desta segunda-feira (8) com a secretaria de Saúde, e não deu prazo para que a testagem ocorra em todas as unidades. 

“A notícia é uma vitória de toda a categoria, mas sabemos bem como funciona o governo estadual e a SAP, estamos cansados de mentiras e propaganda enganosa. Vamos seguir acompanhando a situação de perto e conferindo se a testagem será realizada de fato e contemplando todo o sistema prisional. Para evitar que o vírus se alastre a mate milhares, tem que ter testagem massiva em todas as unidades e não somente onde há registros de casos”, ressalta o presidente do SIFUSPESP, Fábio César Ferreira, o Jabá. 

A afirmação de Restivo foi feita ao Portal IG após denúncia feita pela direção do SIFUSPESP neste final de semana, esclarecendo que, ao contrário do que a gestão Doria divulgou, nem os servidores penitenciários nem população carcerária tiveram acesso à testagem maciça, muito menos os familiares dos trabalhadores como o governo afirma ter realizado junto às forças de segurança pública. A testagem massiva reivindicada pelo sindicato segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para prevenção do contágio no ambiente prisional. 

Após envio da denúncia do sindicato a meios de comunicação do todo o Estado paulista, chamando o governador de mentiroso, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, João Doria foi questionado pela jornalista Eduarda Esteves, do IG, sobre a falta da testagem. Na ocasião, em mais uma propaganda enganosa, respondeu que os testes estavam sendo realizados “em todo o sistema prisional” (confira o vídeo no final do texto). 

Na tarde do mesmo dia, Jabá, concedeu entrevista à jornalista reforçando a denúncia tanto da falta de testes, e falando da luta do sindicato para garantir o básico para proteção da categoria nas unidades prisionais, como os equipamentos de proteção individual (EPIs) e álcool gel, o que levou a entidade a mover diversas ações judiciais, entre as quais uma tramitando no Ministério Público do Trabalho, com decisão prevista para esta semana. 

De acordo com levantamento do SIFUSPESP, a partir da apuração de denúncias e informações da categoria, chega a 198 o total de servidores contagiados, dos quais 16 morreram em decorrência da COVID-19, e há outros 84 suspeitos. Na população carcerária, são 113 detentos confirmados, 12 mortos e 83 suspeitos.