por Sergio Cardoso

Hoje, 7 de setembro, comemora-se a Independência do Brasil.

Embora formalmente independente de Portugal em 1822, nosso país sempre esteve preso às amarras das grandes potências.

Primeiro a Inglaterra, que mantém sobre nossa jovem nação o mesmo controle e influência que mantinha sobre a coroa portuguesa, e posteriormente os Estados Unidos que tratam toda a América Latina como seu quintal.

Tirando curtos e decisivos períodos no governo de Getúlio Vargas, jamais desenvolvemos um projeto de país.

Quando falamos de projeto de país, estamos nos referindo a uma aposta no desenvolvimento industrial, científico, educacional e social que nos permita sair da armadilha do subdesenvolvimento.

Até então, todas as receitas vindas de fora e dos banqueiros, agiotas, especuladores e outros do mesmo ramo que se disfarçam sob o nome de "Mercado" só trouxeram mais sofrimento e desigualdade a nosso já tão sofrido povo.

Enquanto "Deformas" que vem retirar direitos históricos e desestruturar o Estado ganham aplausos da mídia, do tal "Mercado" e do Centrão, Reformas que visam taxar dividendos (coisa que é feita em todos os países do mundo exceto Brasil, Estônia e Letônia) encontra forte resistência porque os super ricos não querem pagar a conta.

Aí vemos os especialistas da mídia, as "vozes do mercado" e inúmeros "juristas e tributaristas" a falar contra, porém quando o resultado das ditas "reformas" é a viúva de um policial penal receber pouco mais de mil reais de pensão, aposentados terem sua parca aposentadoria descontada para cobrir o "rombo atuarial", todas estas vozes se calam.

Hoje vivemos uma crise de confiabilidade das instituições, uma crise de confiança no Estado e na representatividade de seus poderes.

Esta crise não se iniciou na atual presidência, mas é fruto da incapacidade cada vez maior do Estado de prestar os serviços básicos necessários para uma vida digna na sociedade atual.

Temos que entender que:Todas as vezes em que são impostas "reformas" que desmontam o Estado e sacrificam os direitos dos trabalhadores, todos nós passamos a receber menos bens, serviços e incentivos do Estado, ou seja, toda a população passa a ter menos direitos pelos impostos que paga.

Enquanto os milionários e bilionários pagam pouco ou nenhum imposto, os trabalhadores e pequenos empresários proporcionalmente passam a pagar mais pelos péssimos serviços recebidos, e por isso confiam cada vez menos nas instituições.

O Judiciário raramente protege as demandas destes setores menos favorecidos. Suas decisões são focadas naqueles que podem pagar as custas de advogados milionários com boas relações com os ministros da Corte Suprema, aumentando ainda mais a sensação de que existe uma elite intocável.

Nossa categoria vem lutando bravamente contra este desmonte do Estado, afinal dentro das unidades prisionais nós somos o Estado. Sabemos que onde o Estado recua, o Crime avança, seja nas unidades prisionais seja nas comunidades esquecidas pelo Brasil afora.

Nos últimos anos, garantimos a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional(PEC) da Polícia Penal em Brasília, derrotamos a privatização em São Paulo, e agora lutamos pela aprovação da Polícia Penal Paulista.

A luta é dura, muitas vezes parece perdida. Porém com unidade, confiança e um rumo correto a vitória é possível, como demonstraram os bravos guerreiros do concurso para a carreira de agente de segurança penitenciária(ASP) 2014.

E neste momento de tanta divisão, é necessário cada vez mais unidade de nossa categoria. Nós que protegemos a sociedade com nosso trabalho, também a protegemos com a luta sindical, impedindo a privatização e o desmonte do sistema prisional que traria graves consequências para a sociedade.

Defendendo o Estado e seus trabalhadores, estamos fazendo nossa parte pela independência de nosso país, pois nenhum país pode ser independente com as suas instituições de Estado desmontadas.

Assumir o papel que nos é de direito como policiais penais, passando a executar e controlar todas as funções relacionadas ao sistema prisional, permitindo assim que as demais forças de segurança tenham mais disponibilidade para exercer suas funções, é uma luta que não é meramente corporativa. É uma luta pela melhoria da segurança para toda a sociedade.

Combater as "Deformas" que vem enfraquecer o Estado e deixá-lo nas mãos dos interesses políticos, conforme prevê a PEC 32, também faz parte do nosso dever patriótico. Esta luta será constante, independente de governo ou partido.

No próximo ano, devemos nos organizar para garantir uma representação política de nossa categoria no parlamento, de forma a garantir que nossa voz e experiência ajudem a construir uma sociedade melhor.

Independência não é apenas uma data. Independência se garante com união e luta, seja para um país ou para uma categoria.