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Superlotação que leva à rebelião, tentativa de fuga, agressão, ameaça, assassinato. Revista íntima ineficaz, porque o scanner é caro e a lei não é cumprida pelo Estado. Sem ela, drogas entram e se espalham entre os presos. O crime continua.

 

A labuta é incessante e sem dignidade. O desvio de função é comum e sem direito aos honorários correspondentes. Em compensação, o assédio moral do superior campeia. E ai daquele que reclamar: “Procedimento administrativo disciplinar nele.” Desconto no holerite para faltas “injustificadas”. Disciplina, sempre. Direitos, para que?

 

Acometidos pela síndrome do emparedamento, comemos mal, dormimos mal, adoecemos, somos readaptados e não contamos com respaldo oficial, o que aumenta o número de licenças médicas. O governo insiste que provemos que a pressão à qual somos submetidos no segundo trabalho mais perigoso do mundo, segundo a OIT, realmente procede. Sem perspectivas, nos tornamos depressivos, transtornados psicologicamente e viciados no álcool e outras drogas. Alguns de nós escolhe o caminho mais trágico. Tira a própria vida.

 

Respondemos a sindicâncias internas, somos processados, transferidos compulsoriamente, e escalados para plantões esdrúxulos porque o déficit de funcionários já alcança no Estado de São Paulo 12 mil servidores a menos que o mínimo necessário para vigiar e administrar os quase 100 mil detentos a mais que existem no sistema penitenciário, muito acima de sua capacidade, em um total de 240 mil encarcerados, segundo a Pastoral Carcerária. Desumanidade a olhos vistos, para todos os envolvidos.

 

De acordo com a resolução aprovada em 2009 pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária(CNPCP), o sistema prisional deveria comportar no máximo 5 detentos para cada funcionário. Mas atualmente, no Estado de São Paulo, esse número já alcança quase o dobro. São 9,6 sentenciados, de todos os regimes, para cada trabalhador.

 

E mesmo com tantos aspectos negativos que envolvem nossa profissão, mesmo com tanta dificuldade em conseguirmos ganhar o pão de cada dia, mesmo em um ambiente de trabalho deplorável, infestado por doenças altamente contagiosas e pragas urbanas, ainda somos mais uma vez julgados.

 

Parte da sociedade paulista e brasileira nos define como os monstros que batem, humilham e matam os presos. Como os corresponsáveis, ao lado dos criminosos, pelo ciclo interminável de violência e insegurança que aflige o país.

 

Por que ninguém nos pergunta o que é viver a realidade dentro das unidades penitenciárias, feita exceção aos programas policiais em casos pontuais, que não atendem aos anseios de disseminação de nossos dramas diários? Antes de tudo somos pessoas e seres humanos dignos de respeito.

 

Por que o Estado nunca é responsabilizado por tanto descaso, tantos maus tratos, tanta negação de direitos a todos os envolvidos no cotidiano de uma penitenciária?

 

Por que esse Estado aparece como o arauto da moralidade e da Justiça, se não tem condições sequer de orientar, julgar e reintegrar à sociedade aqueles que cometem delitos, muito menos de cuidar das pessoas que vigiam e administram o dia a dia desses sentenciados enquanto cumprem suas penas por seus crimes?

 

Este é um apelo, um grito de socorro, de emergência. Um apelo de seres humanos e trabalhadores cansados de um sistema vil e fomentador do ódio. Cansados de serem tratados como peças de uma engrenagem de uma máquina de moer gente. Cansados de viverem à mercê do incerto. Será que voltaremos para casa, inteiros e vivos?


A chave tranca a cela, mas a ferida permanece aberta. Até quando?

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