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Acontece que vivências nos acompanham e não podem ser trancafiadas, a não ser dentro de quem teve a vivência. Mas é mais do que a hora de falar sobre isso, escondido por órgãos oficiais e pela grande mídia que acaba manifestando-se muito mais a respeito de facções do que a respeito da gravidade que vivencia os funcionários que sustentam o sistema penitenciário para que ele não se decline por absoluto. 
Nesse ínterim, os nossos estão morrendo. Estão decidindo morrer. E o sofrimento anterior a isso fica. 
Segundo o presidente do departamento de Saúde do Sifuspesp, Luiz da Silva, o Danone, 95% dos afastamentos dos funcionários do sistema prisional paulista são causados por doenças mentais. Isso não significa que todos eles correm o risco do suicídio, entretanto é um importante indicativo. 
Depressão, Transtornos Bipolar, Estresse Pós Traumático, Transtorno de Ansiedade Generalizada, sendo a Síndrome do Pânico a mais comum,  Síndrome de Bournaut, Alcoolismo são as principais doenças mentais que acometem os funcionários. Existe registro de casos extremos, incluindo um quadro de piora tão intenso que fez o paciente chegar ao Alzheimer Precoce. 
A luta na justiça por aposentadorias por invalidez também é comum e de dificílimo resultado positivo, ainda que o médico ateste prejuízos incapacitantes. A perícia do INSS raramente consede o benefício à esses doentes, que acabam ficando desamparados e ainda mais doentes em decorrência dessa guerra judicial. A morte precoce desses funcionários, seja por doenças cardíacas ou outras somáticas. A expectativa de vida desses homens e mulheres ser de 45 anos não é à toa. 
A profissão de agente penitenciário é uma das mais perigosa do mundo de acordo com a Organização lnternacional do Trabalho (OIT) e isso deve ser repetido e repetido muitas vezes. Porque esse perigo mata. 
Trabalhar com os criminosos mais perigosos do país, sendo responsáveis para que eles cumpram suas penas, em presídios superlotados, em condições insalubres,sem infraestrutura, com total insegurança e ainda mais tendo todas essas informações distantes da mídia e, consequentemente da população. Quem cuida daquele que cumpre uma pena por cometer um crime para que ele não esteja nas ruas, entre a sociedade, são esses trabalhadores que ainda sofrem dessa invisibilidade social. A imprensa, ao contrário, costuma dar mais destaque, oferecer um palco à força das facções criminosas ou às fugas, que sim ocorrem. Entretanto, aquilo que o trabalhador no sistema raramente é sequer citado. Assassinatos, agressões e suicídios sofridos pelos funcionários dessa categoria não chegam às telas. Isso ser ignorado é cruel. As tentativas de homicídio e os assassinatos consumados por criminosos contra os agentes e suas famílias acontecem sem que haja grande alarde e sim, deveria. Perdas de vidas têm gravidade.
O Estado de São Paulo possui 10 detentos em suas unidades prisionais para cada agente penitenciário, metade do recomendado pela ONU, que seria 5 presos para cada funcionário. A média brasileira chega a pouco mais de 7. Mais uma conta diminutiva em relação a realidade. Vamos falar a verdade. 
Passar por riscos de rebeliões, lidar diretamente com o problema das facções criminosas, com os integrantes das facções, medo de servirem à eles como reféns. O Brasil possui a 4ª maior população carcerária do mundo. São cerca de 200 mil vagas a menos do que o necessário para receber os sentenciados. O déficit de funcionários suficientes para atender a essa demanda de detentos só cresce devido à falta de novos concursos públicos e atrasos na nomeação dos servidores. É claro que isso afeta, pois ter que cuidar de um número de presos excessivamente além do humanamente possível traz um grande peso e faz com que o trabalhador viva sob mais tensão. 
Para realizar o seu trabalho de manter a segurança em locais de alta periculosidade, os funcionários dependem da boa saúde, boas condições de trabalho e qualidade de vida. 
Mediante a isso, um minuto, um hora, um dia ou um ano de silêncio pela perda de colegas, amigos, funcionários que não suportaram a vida por sobreviveram a todas essas questões, ainda que durante um tempo, seria pouco. O suicídio é geralmente um ato de desespero, ou seja, falta de esperança de que o insuportável seja passageiro e de que nada mudará a sua realidade de vida absurda, ignorada pelos direitos humanos, e sem receber apoio da parte dos grandes órgãos que proclamam tais direitos. Esses direitos não alcançam o trabalhador. E asse ser humano que silencia os absurdos vividos nos presídios em vida, acaba por não suportar e decidir pela morte. Esse é o grito de socorro do Sifuspesp em respeito à essas trágicas perdas. Até quando?
 

 

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